O Maksoud Plaza está presente em algumas das memórias mais afetivas de Izabel Alvares com São Paulo – e até mesmo naquelas que ela nem viveu. Carioca e fã de carteirinha de Frank Sinatra, a chef de cozinha vencedora da segunda edição do MasterChef já namorava o hotel de longe, quando soube que o cantor se apresentou no empreendimento e até ganhou um bar em sua homenagem.

“Sou uma colecionadora do Frank Sinatra, que fez um show no Maksoud Plaza em 1981. Em 2015, o hotel inaugurou o Frank Bar, que, coincidentemente, foi no mesmo ano em que ganhei o MasterChef. Comemorei a minha vitória lá, pois era uma forma de reviver algo que não tive a oportunidade de presenciar”, explica.

Filha e neta única, Izabel sempre foi próxima da avó, cozinheira de mão cheia. Criada à base da culinária afetiva, foi desenvolvendo dentro de casa o amor pela gastronomia. “Aprendi a cozinhar com a minha avó aquela típica comida afetiva de família brasileira com muito arroz, feijão, bolo e empadão”, relembra.

O pai, Eduardo Alvares, é tenor e, em suas apresentações pelo mundo, voltava para casa com uma mala cheia de ingredientes sofisticados de diferentes países. “Nos anos 1980, era muito difícil encontrar produtos importados no Brasil. Meu pai cantava no exterior e trazia insumos de alta gastronomia, como azeites e foie gras. Então, acabei conhecendo esse universo ainda muito jovem”, relembra.

Apesar da gastronomia sempre estar presente na vida dos Alvares, a vida a acabou proporcionando rumos diferentes. Ainda cursando a faculdade de Comunicação Social, Izabel conheceu Carlos Miele, empresário e fundador da M. Officer, com quem trabalhou por quatro anos.

“Eu dei muita sorte. Antes de conhecer o Carlos, fiz estágio no caderno Ela, do jornal O Globo, na parte de produção de moda”, conta. “Acabei focando meus estudos em jornalismo nessa área, até que ele me chamou para ir me mudar para São Paulo para trabalhar com ele”, completa.

Morando em terras paulistanas, Izabel se formou na Anhembi Morumbi e caiu no mundo da moda. “Foi muito bom, mas era um universo tipo O Diabo Veste Prada. Uma vida muito louca, com muito trabalho. Cheguei a participar da produção de desfiles em Nova York e Paris, além de showrooms para compradores de outras lojas”.

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Izabel, ao lado dos jurados, durante a final do MascterChef: celebração da vitória no Frank Bar 

Maksoud Plaza: o retorno a gastronomia

Apesar do tempo dedicado à moda, ela confessa que o setor não fez seu coração bater mais forte. De volta ao Rio de Janeiro, passou a produzir festas ao lado de dois amigos. A primeira, batizada de Bailinho e, em seguida, a Modinha. “As festas estavam muito na moda na época e foi um estouro. Recebíamos entre 3 mil a 4 mil pessoas. E a vontade de inserir a gastronomia na minha vida profissional foi ficando cada vez mais latente, até que comecei a ter mais contato com os fornecedores de A&B (Alimentos & Bebidas) dos eventos.”

No período, outros projetos voltados ao entretenimento surgiram, mas todos foram colocados em segundo plano após o anúncio da abertura de inscrições para o MasterChef Brasil, veiculado pela Band. “Eu já acompanhava a versão americana do reality show há muitos anos, sempre fui fã do programa e resolvi tentar”.

Em uma trajetória dramática, Izabel foi consagrada campeã da segunda edição do programa, em 2015. Ela chegou a ser eliminada em uma prova que era a sua especialidade e acabou entregando uma lasanha que não agradou os jurados. Durante a repescagem, teve uma nova chance e retornou à competição.

De volta a Paris para estudar na Le Cordon Bleu, uma das escolas de gastronomia mais conceituadas do mundo, Izabel redescobriu a Cidade Luz. “Fiquei impressionada com o profissionalismo da escola. Ninguém me tratou diferente por ser ganhadora do programa e trabalhamos com insumos maravilhosos. Aprendi a respeitar muito o ambiente da cozinha e tive a oportunidade de ficar em Paris apenas estudando”.

Durante sua participação no programa, Izabel teve que lidar com a pressão da exposição e os haters nas redes sociais. O impacto emocional se manifestou no físico, desencadeando uma doença autoimune chamada artrite reumatoide e psoríase. “Na época, sofri muita gordofobia, mas, em vez daquilo me gerar revolta, fortaleceu-me. Procurei controlar a minha alimentação, pois sempre tive uma relação de prazer com a comida e cheguei a pesar 108 quilos”.

Com as dores causadas pela doença, a chef passou a seguir uma dieta low carb e chegou a perder 40 quilos. “Não curei a artrite, mas passei a ingerir menos alimentos inflamatórios e migrei todo o meu amor pela cozinha tradicional para o low carb. São receitas de pizza, pães e massas sem farinha e com produtos bem limpos”, explica.

A transformação foi tamanha que atingiu também a vida profissional. Hoje, Izabel tem o low carb como estilo de vida e fonte de renda. Fundadora da Magrela Shop, a marca de e-commerce vende produtos sem glúten pela internet e em pontos de vendas em São Paulo e Rio de Janeiro.

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Hoje, a chef de cozinha se dedica à cozinha low carb e é dona do e-commerce Magrela Shop

Habitué de carteirinha

Durante a final do MasterChef, Izabel e sua família ficaram hospedados no Maksoud Paza. Após celebrar o título no Frank Bar, a chef nunca mais cogitou reservar em outro na capital paulista. “É uma paixão. É um hotel que une sofisticação, luxo e, ao mesmo tempo, tem uma tarifa viável para passar um fim de semana. Sempre tive a impressão de que seria caro, acabei pesquisando por causa do bar e me surpreendi”, destaca.

E não foi apenas pelo imponente pé direito que chamou a atenção da campeã do reality. Os drinques preparados pelo bartender Spencer Amereno Jr. são um caso de amor à parte. “Ele prepara old fashion drinks de uma maneira que nunca vi. Gosto de me sentar no saguão quando tem shows no piano bar e acompanhar as coisas incríveis que acontecem lá”. Ela ainda ressalta que o Negroni e o Gim Tônica com spray de ozônio estão na lista dos seus favoritos.

Habitué de carteirinha, não poderíamos deixar de fora a visão da chef sobre a gastronomia do Maksoud Paza. “Eles têm o dom de reinventar receitas como o tartare e o dadinho de tapioca, além de servirem o melhor croque monsieur que eu já comi na vida. E olha que eu já morei na França”, brinca. “Os vinhos são excelentes, com bons preços e podem ser apreciados com uma vista maravilhosa”, acrescenta.

Se pudesse definir o Maksoud Plaza em uma palavra, Izabel Alvares escolheu uma que tem tudo a ver com o hotel: nostalgia. “Mesmo morando no Rio e conhecendo hotéis como o Copacabana Palace, no Maksoud você entra num túnel do tempo. Ver o saguão dos elevadores panorâmicos é uma sensação indescritível por todo o contexto histórico e pessoas importantes que passaram por lá”.

Para finalizar, a chef deixa uma sugestão ao empreendimento. “Nunca tive a oportunidade de cozinhar no Maksoud, mas estou aberta a convites”, brinca. “Poderia criar um menu especial em homenagem ao Frank Sinatra. Seria um prazer enorme”, acrescenta. Está esperando o que, Henry Maksoud Neto?

(*) Crédito da capa: Divulgação/Maksoud Plaza

(**) Crédito da foto: Thiago Duran/AGNews

(***) Crédito da foto: Arquivo pessoal