Bernal é autor do livro "Para uma Trajetória de Sucesso na Hotelaria"

Vivemos em sociedade e essa é uma máxima que traz diversos desafios, em especial no ambiente de trabalho. Na hotelaria, por exemplo, somos todos interdependentes, porque uma decisão da diretoria tem reflexos em várias áreas da empresa. Assim como uma norma da área de Recursos Humanos pode causar impacto positivo ou negativo na motivação dos colaboradores.

Logo, relacionar-se implica na interação, na colaboração e no compartilhamento de várias situações. Diante disso, é preciso desenvolver habilidades até então pouco utilizadas na área do trabalho, como a inteligência social, a empatia e a inteligência emocional. O que importava antes eram o currículo e as experiências. Mas na hotelaria, colocar-se no lugar do outro, saber lidar com conflitos e ter uma atitude proativa são requisitos fundamentais na nossa área de atuação.

Para líderes, reconhecer a emoção dos outros, ter essa sensibilidade, é fundamental para resolver problemas que sempre surgem na nossa frente. É do líder que se espera temperança e uma atitude salomônica diante das situações. É sua capacidade de identificar comportamentos tóxicos que ajuda toda equipe a separar o joio do trigo, ou a tal maçã podre no cesto. Um profissional com comportamento tóxico é suficiente para disseminar infâmia, fofoca, clima de insegurança ou hostilidade. Isso é tudo que não queremos para nossas organizações, concorda?

Por isso, como líder ou como gestor, identifique essas situações e saiba que da sua decisão vai depender os rumos da empresa.

1. Atitude de jogar contra empresa
Eu trabalho aqui há 30 anos e sempre foi assim e agora querem mudar tudo. 

2. Motim silencioso
Um clima de suspense no ar, de boicotes silenciosos, mas prejudiciais. 

3. Falar mal da empresa para os hóspedes
Uma das piores atitudes é colocar os hóspedes contra a empresa e expor situações que devem ser resolvidas internamente. 

4. Usar empresa em benefício próprio
Tirar vantagens fora da empresa, utilizando de determinado prestígio para ter favores. 

Diante disso, como lidar? Depois de várias chances e noto que são raras esses profissionais, chega o momento em que é necessário trocar, substituir, mandar embora. Para evitar situações como essa no futuro, o meu conselho é descobrir, já durante a entrevista de contratação, os comportamentos por trás do currículo. O papel aceita tudo, mas o ideal é ir atrás de referências, pesquisar sobre o candidato. Depois de contratado, avalie o seu comportamento diário, porque o tóxico se entrega vez ou outra.

Que possamos ter ao nosso redor profissionais que saibam o que querem, que tenham noção do que é trabalhar em hotelaria de segunda a segunda e tenham feito essa escolha de forma consciente. É ter pessoas com o senso de pertencimento e gratidão, que buscam mais do que o salário, mas autorrealização e propósito. Se você conseguir um candidato com todas essas características, você estará no céu.

—-

Nilson Bernal é especialista em hotelaria há mais de 20 anos. Bacharel em Administração de Empresas, já atuou em diversas redes como Atlantica e Bourbon. Atualmente é presidente do Jurema Águas Quentes. Em 2017 lançou seu primeiro livro intitulado "Para uma Trajetória de Sucesso na Hotelaria" e é, também, coautor do Segredos do Sucesso – Histórias de Executivos da Alta Gestão.

(*) Crédito da foto: divulgação/Arquivo pessoal