Bem como a hotelaria, o setor de A&B (Alimentos e Bebidas) sofreu em meio a pandemia da Covid-19 e precisou de reinvenção. Agora, com a flexibilização das restrições na maioria dos estados, o Montserrat Restaurante, em Pirenópolis (GO), aproveita para preparar experiências gastronômicas e fidelizar a clientela novamente.

Montserrat Resaurante

Pratiginestós: agrado gregos, goianos e baianos

De acordo com Juan Pratiginestós, fotógrafo que decidiu se dedicar à gastronomia, chef e dono do Montserrat, modalidades como delivery e take away não serviram ao restaurante durante a pandemia. “É uma cidade muito turística, então não são formas de trabalho muito aproveitáveis, principalmente ao tipo de gastronomia que oferecemos. Quando as coisas começaram a reabrir, sentimos essa melhora nos resultados”, explica.

Mas, o que de fato tem norteado o bom número de ocupação no estabelecimento é o trabalho com destinos próximos. A divulgação para consumidores de Brasília, Goiânia, Anápolis e Jaraguá, por exemplo, fez com que o público do Montserrat se tornasse de pessoas que desejam uma programação diferente mas próximas de casa.

“Temos o desafio de trabalhar com menos público com o aumento nos gastos. No entanto, a demanda local está ajudando neste caso, já que as pessoas cansaram de ficar em casa e buscam por atrativos diferentes mas nos quais possam chegar de carro. O Montserrat se aproveita disso, além de estar bem localizado”, pontua Pratiginestós.

Montserrat: diferencial

O nome do restaurante é uma homenagem a mãe do chef, que se chamava Montserrat, e à região homônima montanhosa, localizada na Catalunha, Espanha.

Segundo o chef, além da gastronomia que agrada vários paladares, outro fator que chama a atenção dos clientes é a participação na associação gastronômica Prato da da Boa Lembrança. “As pessoas que conhecem um pouco sobre este ‘selo’ já sabem que ali tem boa comida. Então, só de participar desse grupo exclusivo, já é uma grande vitrine”, salienta o empresário.

A questão de tentar agregar gostos, como foi citado, tem relação com a mistura entre passado e presente na gastronomia. É a junção de técnicas de cocção avançadas ao uso do forno a lenha, colocando tradição e modernidade frente a frente, como diz Pratiginestós.

Com 66 lugares, o Montserrat opera com variação entre 32 e 40 lugares durante a pandemia. O menu conta com toques de várias culinárias, além da sazonalidade de ingredientes e parceria com produtores da região comandando a renovação de pratos.

Quem é Juan Pratiginestós?

Veio para o Brasil com apenas dois anos, em 1953, após os pais imigrarem da Espanha durante a ditadura de Franco. “Meu pai era uma pessoa muito inquieta e, por conta disso, tive idas e vindas entre aqui e a Europa. A última vez que fiz esse trajeto foi em 1967, quando chegou a época de ingressar na universidade. Entrei em Engenharia Mecânica na UNB (Universidade de Brasília) e fui péssimo nessa área. E daí que comecei na fotografia”, conta.

A carreira de fotógrafo de Juan começou após uma desilusão amorosa. “Comprei um Fusca e viajei por um ano pelo Brasil, incluindo 30 dias até chegar a Manaus. Quando voltei, eu era fotógrafo”. Os primeiros passos profissionais foram dados na Agência F4.

A gastronomia chegou após a criação de um livro que mostrasse paisagens e pratos brasileiros. O produto seria apresentado na Copa da Alemanha em 2006 e, de acordo com o profissional, foi um projeto “maravilhoso” e que contou com o chef Rodrigo Sanchez, de Brasília. “O livro contava com receitas e naquele momento eu já dava pitacos. Era uma das formas de mostrar minha ligação umbilical com a gastronomia”, complementa o chef.

Ele explica que a saída da fotografia profissional, após 30 anos, se deu com a chegada dos moldes digitais. A perda do romantismo e formas analógicas de produzir fotografias não agradou Juan. Depois, então, decidiu, como gosta de dizer, “cozinhar para os outros”.

A gastronomia

“Uma coisa é saber cozinhar para amigos, família, receber 30 pessoas no almoço. Outra coisa é abrir uma casa e cozinhar para quem não te conhece, nunca comeu sua comida e, no final das contas, ela ainda tem que sair de lá bem alimentada”, pontua. Uma das missões do chef foi trabalhar com isso, ser feliz e tornar os outros felizes.

O caminho até chegar ao restaurante Montserrat demorou um ano e meio, com consultas entre amigos e trabalho operacional “no tranco” por um ano, lavando pratos e entendendo o ambiente de um restaurante. Em seis meses, o estabelecimento foi montado por Pratiginestós.

“Aqui você não vai comer pratos italianos, espanhóis, portugueses, regionais, X, Y ou Z. Não é por aí. Eu faço um cardápio que agrada gregos, goianos e baianos. Se aparecer um japonês, ele come bem também”, brinca.

(*) Crédito das foto: Divulgação/Montserrat Restaurante