atlantica hotels - plano comercial_Ramada EncoreCom 75% dos hotéis abertos, Atlantica quer elevar número para 90% em julho

Certamente ninguém esquecerá 2020. Na hotelaria, em especial, uma data marcará o ano: em 11 de março, a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou a pandemia do coronavírus. Dali em diante, um furacão passou pelo setor, provocando um efeito em cadeia que só agora é possível observar algo no horizonte. “Até 1º de abril, tentamos entender o que estava acontecendo, desenhando os primeiros forecasts de receita para ter ideia do tamanho do impacto”, revela Leonardo Rispoli, vice-presidente de Marketing e Vendas da Atlantica Hotels.

Não há nenhuma dúvida que o relato de Rispoli sobre esses tensos dias de março se repetiu em empresas Brasil afora. Três meses depois da tormenta, chegou a hora da retomada, e é exatamente sobre o plano comercial para o período que o executivo da Atlantica Hotels conversou com o Hotelier News. “Na realidade, esse planejamento já está no ar. Listamos mais de 75 ações, passamos às equipes comerciais dos hotéis e, agora, começaremos os follow ups. Ainda assim, campanhas institucionais digitais ganhem mais força a partir de julho”, revela o profissional, que indica o caminho que a rede pretende seguir. "A ideia é focar no digital, na nossa base de quase 9 milhões de hóspedes, para dar direcionamento para o canal direto.” 

Embora essa estratégia já estivesse no radar da Atlantica faz tempo, ela faz mais sentido do que nunca agora. Diante da baixa demanda no início da retomada, a busca por canais diretos (e redução de comissões com intermediários) é a melhor alternativa para trazer mais rentabilidade à operação. E, para executá-la, o universo digital oferta os melhores caminhos. “Queremos transformar a crise em uma oportunidade: acreditamos que os consumidores vão escolher novos meios de compra, preferencialmente o digital. Nosso trabalho é ativar nossa base de dados de modo que percebam que fazendo direto é um caminho mais fluído.”

“Traçamos duas estratégias principais: trabalhar a base via e-mail marketing para destacar o site como o melhor canal de compra e preparar a equipe do hotel para passar mensagem similar. Exemplo prático na ponta da operação: times das unidades darão aos hóspedes QR Codes com descontos para futuras hospedagens realizadas em nosso portal”, diz Rispoli, acrescentando que a Atlantica mira ter 35% das vendas pelo canal direto no médio e longo prazos, com o site tendo expressiva fatia desse bolo. “No pré-crise o percentual de venda direta era de 22%”, revela.

atlantica hotels - plano comercial_leonardo rispoli_internaSegundo Rispoli, próximos meses serão marcados por book windows curtos 

Mesmo com essa meta, Rispoli sabe que, diante da baixa demanda, cada reserva contará na retomada. Por isso, nenhum canal foi negligenciado no plano comercial traçado pela empresa. “Durante o período de pico da pandemia, fizemos blitze virtuais nas agências corporativas, além de termos estreitado o relacionamento com Abracorps e OTAs”, diz. “No entanto, houve um passo anterior fundamental a toda essa estratégia: estruturar novos protocolos de higiene e comunicar ao consumidor e a cada um desses parceiros que nossos hotéis são seguros”, afirma o executivo, que chegou à Atlantica em 2017

Atlantica Hotels: a retomada

De acordo com Rispoli, o plano da rede é ter 90% das unidades em funcionamento no final de julho. Hoje, 75% dos hotéis estão em funcionamento. “Lembrando que provavelmente fomos a rede que menos fechou propriedades durante auge da pandemia”, complementa o executivo, que fez algumas projeções sobre o ritmo da retomada. “No pré-crise, nosso book window era de 15 dias, na média. Hoje, é de três ou quatro. Acredito que essa trajetória se mantenha em julho e agosto, com os consumidores resolvendo a necessidade de viagem em cima da hora.”
 
Em relação ao segmento corporativo, o vice-presidente da Atlantica avalia que, talvez, a demanda poderá ser puxada pelas PMEs (Pequenas e Médias Empresas). Ainda assim, ele pondera que muitas organizações foram afetadas pela pandemia e reduziram orçamento de viagens. “As multinacionais estão com políticas bem claras de não viajar. Pequenas, em compensação, devem fazer viagens regionais porque precisam gerar negócios”, aposta. “Há ainda a questão da malha aérea, que voltará limitada, o que reforçará a importância da demanda regional durante a retomada. Já o segmento de Eventos deve ter uma recuperação mais lenta, impactando ainda grupos”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Atlantica Hotels