O ano de 2021 foi um período de compensações para a Minor Hotels. Em um cenário de perdas aqui e ganhos ali, a rede conseguiu encerrar os últimos 12 meses com o lazer equilibrando os resultados desfalcados pelo corporativo. Em uma retomada cautelosa e gradativa, em linhas gerais, a empresa vem se sustentando com solidez.

“O Brasil vai encerrar o ano bem, ao lado de outras regiões que performaram melhor, como Maldivas e Austrália. É um país que vai fechar a conta positiva, com o lazer compensando o urbano, que segue caminhando em termos de ocupação e eventos”, avalia Marco Amaral, à frente da área de Desenvolvimento da Minor para a América Latina.

De acordo com o executivo, 2021 foi um ano de realidades distintas, com os hotéis urbanos com queda de 50% em faturamento frente a 2019. “O segmento que liderou foi o lazer, mesmo nas unidades de Curitiba e São Paulo”, pontua o executivo.

Em 2020, os empreendimentos chegaram a paralisar suas operações por seis meses, sem optar por novas suspensões quando a segunda onda explodiu no Brasil. Amaral explica que manter as atividades era mais benéfico do que fechar as portas novamente. “Em abril deste ano, a conta dos hotéis abertos e fechados era praticamente a mesma. Não foi uma decisão financeira, mas de mercado. Pensamos muito em nossos colaboradores e como seria desmotivador mandar todos para a casa novamente”.

No primeiro semestre deste ano, a hotelaria urbana sentiu os impactos da pandemia com mais força e os desafios operacionais por conta dos decretos e protocolos foram inúmeros. “Em uma gestão, você precisa saber se você pode abrir, como abrir, com qual capacidade. Um hotel é uma casa grande e precisa ser formatado e preparado para receber seus clientes”, diz Amaral.

E como o restante do setor, a primeira metade do ano foi, de longe, lucrativa. Apesar dos desafios, a Minor Hotels já havia aprendido a lição e conseguiu fazer uma boa gestão de custos, o que permitiu que a rede conseguisse resultados positivos no segundo semestre.

“Em Praia do Forte, tivemos um primeiro semestre interessante, já de volta aos níveis de 2019, mais impulsionado pela diária média do que ocupação. É preferível vender menos, mas vender melhor. E desde a primeira metade do ano, nosso resort conseguiu equilibrar a equação. No segundo semestre, com certeza tivemos uma performance acima de 2019”, comemora o executivo.

O avanço da vacinação teve efeito imediato, assim como o retorno dos voos entre Brasil e Portugal, um dos mercados mais importante para a Minor. “No doméstico, observamos a retomada de alguns segmentos, como grupos, eventos e corporativo, públicos que não retornariam sem a imunização”.

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Amaral: rede não deixou de ajustar as tarifas

Diária média x inflação

O grande dilema da hotelaria em 2021 foi equilibrar as diárias médias de acordo com as altas taxas de inflação do país. Mas não para a Minor Hotels. Amaral afirma que a rede não deixou de fazer ajustes e repasses ao consumidor final. “ O critério de preço de venda de um produto não é a inflação, mas acima de tudo, oferta e demanda. Se existe muita procura e pouco inventário, você pode subir as tarifas. Estamos ajustando pouco a pouco, principalmente em A&B”.

O executivo explica que, muitas vezes, as vendas de hospedagens foram reguladas acima da inflação e ressalta que quem está puxando a tarifa para baixo é o próprio mercado. “Quando você chega a 60% de ocupação, é hora de aumentar o preço. Aos 80%, sobe de novo. O último apartamento do inventário, você vende pelo valor que quiser. Muitos ajustes operacionais foram feitos e isso precisa ser refletido na diária. As tarifas têm que estar 5%, 6% ou até 7% acima do ano anterior”.

Outro tema preocupante é a dificuldade de contratação de mão de obra, já pontuado também por outros gestores. O vice-presidente da Minor afirma que o problema não é uma questão do mercado brasileiro, mas de muitas outras praças. “É um problema que vai da Austrália ao Chile. Todos os hoteleiros alegam que contratar está difícil”.

Alta temporada

Com altas expectativas para o verão, a Minor Hotels afirma não ter sentido os impactos da nova variante, pelo menos não no Brasil. No Tivoli Ecoresort Praia do Forte, a ocupação já chega a 100%. “É um hotel de 300 UHs e que está com muita procura no mercado doméstico. Existe uma demanda maior pelas restrições de viagens internacionais e pela questão do câmbio, mesmo com os valores elevados das passagens aéreas”, salienta Amaral. “Temos cerca de 15% de reservas em Praia do Forte oriundas do mercado europeu, o que é uma grande vantagem”.

Em 2022, o executivo afirma que diária média e ocupação seguirão como os desafios, tanto em hotéis urbanos quanto de lazer. “Teremos janeiro e fevereiro como meses muito bons. No lazer, a expectativa é que seja uma continuação do segundo semestre de 2021. Vamos continuar a ver uma tendência de consumo doméstico”.

Sobre uma possível baixa nas demandas no próximo ano, Amaral explica que passado o aquecimento do verão, os empreendimentos voltarão a receber grupos e eventos. “Em São Paulo, vamos continuar sentindo falta do internacional, que chega a representar 50% das reservas e deve seguir afetando os resultados”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Minor Hotels