Mercado de luxo global ultrapassa €1,5 bi em 2023 e turismo se destaca
26 de julho de 2024Apesar dos desafios econômicos e conflitos geopolíticos, o mercado de luxo global ultrapassou a marca de € 1,5 bilhão em 2023, impulsionado, principalmente, pela retomada do turismo. O resultado é sinônimo de estabilidade no segmento, contudo, o Relatório Global de Luxo da Bain & Company, em colaboração com a Altagamma, aponta para uma possível desaceleração em 2024.
A pesquisa destaca a tendência de preferência dos consumidores por experiências de luxo em detrimento de bens tangíveis. Gastronomia requintada e cruzeiros íntimos são alguns exemplos de crescente demanda dos viajantes de alto padrão, assim como imersões e procura por jatos particulares e iates. Por outro lado, o mercado de leilões de artes e itens pessoais de luxo tem mostrado sinais de retração.
“Para manter sua relevância e resiliência, as marcas de luxo devem repensar a forma como sua proposta de valor é construída e precisam priorizar a confiança e a conexão com seus consumidores”, explica Gabriele Zucarelli, sócio da Bain e líder da prática de Varejo na América do Sul. “Para se distanciar da instabilidade, o melhor caminho é criar uma ligação mais pessoal entre marcas e clientes. O posicionamento das companhias quanto a seus propósitos e a atenção dispensada aos consumidores serão os diferenciais para destacar as empresas de sucesso em um cenário cada vez mais competitivo”, completa.
Recorte regional
O relatório indica que a Europa e o Japão estão apresentando resiliência, beneficiados pelo aumento do turismo e taxas de câmbio favoráveis, que têm superado os níveis pré-pandemia. Em contraste, o mercado chinês enfrenta desafios devido a incertezas econômicas e um renascimento do turismo emissor, enquanto a classe média mostra comportamento de “vergonha do luxo”, similar ao observado nos EUA durante a crise financeira de 2008-2009.
Os consumidores norte-americanos, apesar de uma recuperação gradual, continuam a enfrentar pressões econômicas. As gerações mais jovens têm adiado gastos em luxo devido ao desemprego e perspectivas econômicas incertas, enquanto a Geração X e os Baby Boomers, com seu patrimônio acumulado, continuam a ser o foco das marcas de luxo.
Para alcançar novos mercados e reforçar sua presença, as marcas de luxo estão adotando estratégias variadas, combinando foco em clientes principais e eventos grandiosos com a expansão para novos territórios, como o esporte. A aproximação dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris abre oportunidades significativas para o branding, permitindo que as empresas atinjam novos públicos e se conectem de maneira inovadora com seus consumidores existentes.
Desempenho e sustentabilidade na hotelaria de luxo
O setor de hotelaria de luxo no Brasil teve um desempenho notável em 2022, com um faturamento superior a R$ 2,2 bilhões, de acordo com o Anuário da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association). Este resultado representa um crescimento de 11,96% em relação ao ano anterior, refletindo uma recuperação robusta após a pandemia.
O aumento no número de unidades habitacionais e na entrada de turistas internacionais contribuiu para esse crescimento, apesar de uma leve retração no RevPar. O relatório destaca também que a expansão da oferta de luxo e o crescimento das reservas foram evidentes, com taxas de ocupação variando conforme o tipo de destino, sendo maiores em regiões naturais e no campo durante o inverno, e em destinos litorâneos nos meses mais quentes.
A hotelaria de luxo global também mostra sinais positivos, como evidenciado pela LHW (The Leading Hotels of the World), que gerou US$ 1,25 bilhão em vendas para seus mais de 400 hotéis parceiros em 2023. O crescimento consistente do segmento é impulsionado, em parte, pela recuperação do turismo na Ásia-Pacífico e pela alta demanda por viagens de longa distância, incluindo uma notável procura por destinos latino-americanos. No Brasil, a LHW observou um aumento de quase 10% na receita gerada por viajantes brasileiros, com uma demanda crescente por destinos como o Chile.
Além do crescimento econômico, a sustentabilidade continua a ser uma prioridade no setor de hotelaria de luxo. O Anuário da BLTA de 2022 revela que 97,8% dos hotéis associados utilizam lâmpadas econômicas e 93,5% adotam políticas de consumo consciente de energia. O uso de sistemas de desligamento automático e práticas de conservação da água também está em expansão, com 80% dos estabelecimentos adotando essas tecnologias. A entidade reporta que 58,7% das propriedades e 60% das operadoras associadas se envolvem em projetos socioambientais nas comunidades onde atuam, destacando a importância da responsabilidade ambiental e social no setor.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Rosewood São Paulo