Após uma visão da retomada hoteleira nos estados brasileiros, a última parada do Hotelier News, nesta seção, é o Maranhão. O estado percebeu um ensaio de recuperação no começo de 2021, mas como na maioria dos mercados hoteleiros consultados pelo Brasil, isso não durou muito tempo. As razões, obviamente, incluem a escalada de casos da Covid-19 e o endurecimento de restrições. Para Armando Ferreira, vice-presidente da ABIH-MA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Maranhão), ainda falta apoio ao trade e teme-se voltar à realidade econômica de um ano atrás.

Segundo Ferreira, é preciso recuperar a cadeia produtiva do turismo na região. “Nós entendemos que é necessário todos associados, entidades e federações do setor pleitearem, juntos, por suporte financeiro e a volta de medidas, como a MP 936“, explica.

Responsável pela capital e a região dos Lençóis Maranhenses (Barreirinhas), o executivo da ABIH-MA afirma que, em 2020, o setor hoteleiro teve ocupação média entre 18% e 22%. “Foi um período cheio de incertezas e dificuldades. No início, 90% dos hotéis – rede ou independentes – fecharam por quatro meses por falta de recurso e decretos de lockdown, que diminuíram ainda mais a circulação de pessoas. O impacto na sobrevivência dos empreendimentos foi duro”, diz Ferreira.

Segundo ele, a entidade seguiu orientações de outras instituições do turismo, como a FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), Sebrae, Senac e Fiema. Medidas de segurança foram adotadas para prevenir colaboradores e hóspedes, mas quando falamos de ajuda financeira, pedidos não foram completamente atendidos.

Maranhão: cenário de terra arrasada 

O vice-presidente detalha ainda outras consequências da pandemia à hotelaria. Além de empreendimentos que fecharam as portas (alguns nem voltaram a operar até o momento), o cenário de terra arrasada se alastra para outros âmbitos. “O prejuízo foi grande. Os empreendimentos tiveram que demitir, em média, 50% do quadro de funcionários registrados. Contratos de serviços terceirizados foram suspenso e vencimentos renegociados, como energia elétrica, insumos e acordos trabalhistas”, explica.

Um dos caminhos, porém, está em negociações da ABIH Nacional. De acordo com Ferreira, a entidade geral está em conversas constantes com a Frentur (Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo), comandada por Marx Beltrão. O ponto, neste caso, é buscar soluções para diminuir estragos maiores da pandemia e ajudar a hotelaria a sobreviver.

“O ano de 2021 iniciou esperançoso, mas a pandemia piorou e jogou hoteleiros ainda mais abaixo. O segmento está desesperado, sem conseguir manter atividades e comprometendo planejamentos para tentar garantir emprego e renda. A maior aposta que temos é que o pós-vacinação devolva a rentabilidade, mas isso depende do fôlego e da situação financeira dos hotéis maranhenses”, conclui.

Gran Lençóis Flat: Maranhão e o 2º semestre

Para Marcos Farias, sócio-administrador do Gran Lençóis Flat Residence, nem tudo está perdido. É claro que o setor hoteleiro foi atingido em cheio pela Covid-19, mas, na perspectiva do executivo, existe a esperança de bons índices ainda no segundo semestre deste ano.

“Vislumbro um cenário promissor para a atividade do turismo interno, com retorno à normalidade a partir de 2022. Assim, projetamos também resultados mais significativos que 2020 e 2021”, afirma. O profissional explica que, na região dos Lençóis Maranhenses, onde atua, o impacto da crise foi devastador. Segundo ele, desemprego e o fechamento de empresas do setor são apenas alguns sintomas disso.

“Não vejo muitos ensinamentos positivos deixados. A única questão foi a rápida adaptação às mudanças nos procedimentos e protocolos de enfrentamento à doença”, pontua.

Resultados

Com público predominantemente vindo de São Luís, o empreendimento, localizado em Barreirinhas, a 260 quilômetros da capital, teve diminuição significativa de hóspedes do Nordeste e Sudeste. “Mercados como capitais nordestinas e o interior de São Paulo quase sumiram da operação, enquanto reservas internacionais foram reduzidas a zero”, revela.

No entanto, como no Maranhão todo, janeiro de 2021 foi um período de altas expectativas. Segundo Farias, o empreendimento teve o melhor resultado de receita para o mês no últimos 15 anos, mas seguido da queda brusca de ocupação em fevereiro. “Bons resultados somente a partir de junho, isto se as medidas de prevenção à pandemia funcionarem. Assim, viagens de lazer serão retomadas”, encerra.

(*) Crédito da foto: Luiza Carvalho/Unsplash