Apesar de operar três unidades na mesma região do país, a Luzeiros Hotéis vem observando retomadas distintas em suas propriedades. Com hotéis em Recife, Fortaleza e São Luís, a rede adotou estratégias individuais em cada um. Diante de um cenário ainda incerto, a cadeia hoteleira aposta em tomar decisões realistas perante a situação da pandemia.

Entre os três empreendimentos, apenas Recife chegou a paralisar as operações. O hotel permaneceu de portas fechadas durante quatro meses, entre abril e julho. Já São Luís e Fortaleza mantiveram suas atividades, mesmo nos piores momentos da crise ao longo de 2020.

“Recife se mostrou a capital com menor volume de negócios e mais vulnerável ao Covid-19. A ocupação chegou a 0%, com vários dias sem hóspedes. Desta forma, não faria sentido manter a operação”, explica Dagoberto Silva, diretor de Operações da Luzeiros.

Em linhas gerais, o executivo afirma que a rede conseguiu passar pela tormenta da pandemia sem maiores dificuldades. Entretanto, desligamentos foram inevitáveis. Com 90% do time administrativo em home office, a Luzeiros precisou fazer ajustes em seu quadro de funcionários operacionais.

“Fomos muito criteriosos com tudo. Fizemos uma análise de todo nosso time para ver quem eram os colaboradores que não poderíamos abrir mão. Utilizamos as MPs do governo de redução salarial e suspensão de contratos. Mantivemos as pessoas chave para a operação e estamos avaliando quem precisa retornar ao presencial”, acrescenta Silva.

O diretor explica que a unidade cearense foi a maior afetada com desligamentos por se tratar do hotel mais antigo da rede. “Foi o nosso primeiro empreendimento, com 15 anos de operação. Naturalmente, tivemos que desligar alguns funcionários, o que doeu muito para nós. Agora, vamos recontratar de forma cuidadosa em todas as unidades, reavaliando as operações sem criar expectativas”.

Luzeiros Hotéis: impacto nos números

Já o Luzeiros São Luís registrou os melhores resultados desde o início da pandemia. Antes da chegada do coronavírus, o hotel performava em torno de 60% de ocupação, mas o indicador chegou a cair para 15%. “Temos um produto de alta qualidade. Após um primeiro impacto, o hotel começou a se recuperar, subindo para 20%, 25% e 30% de ocupação. No início de 2021, registramos 40%”, pontua Silva.

Com a chegada da segunda onda, o empreendimento voltou a sentir o baque da crise, retrocedendo para 20% de ocupação. “Agora, estamos subindo novamente, próximos aos 45%”, comemora o executivo.

Silva reforça que as restrições de voos e redução da malha aérea foram fatores de grande relevância para os três empreendimentos da rede. “Fortaleza é a capital brasileira do turismo e, naturalmente, sofreu um grande impacto, mas não tão intenso quanto Recife”.

Quanto à diária média, o Luzeiros São Luís teve incremento de 8%. Já os outros dois hotéis precisaram baixar suas tarifas.

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Luzeiros São Luís registrou melhor resultado

Reformas e melhorias

Em Fortaleza, a rede aproveitou as baixas ocupações para promover melhorias. A orla da praia da capital cearense foi revitalizada e Luzeiros entrou no embalo para modernizar sua fachada. “Será toda envidraçada e muito moderna. Também estamos reformando 100 apartamentos dos 202 do inventário do hotel com um volume considerável de investimentos”, revela o diretor.

O Luzeiros Recife, aberto em 2017, ainda não demanda melhorias por se tratar de um empreendimento novo. Já em São Luís, Silva explica que o hotel passa constantemente por pequenos reparos e ajustes. “O Luzeiros São Luís tem 10 anos de operações, mas felizmente trabalhamos em um ritmo de cuidados e o hotel está novo. Temos o cuidado de manter a propriedade sempre atualizada”.

Vendas e o perfil do hóspede

Como grande parte do mercado, a Luzeiros Hotéis também sentiu suas vendas diretas subirem. Segundo o diretor, o crescimento girou em torno de 40%, variando de acordo com o período. “De dezembro a janeiro subiu significativamente. Entre março, abril e maio, sentimos uma nova queda e estamos recomeçando novamente”.

Silva pontua que os preços praticados diretamente no site estão mais competitivos e acredita que a maior procura por vendas diretas é uma tendência que chegou para ficar. “Para nós foi um movimento muito interessante. O comprador vai ficar mais cuidadoso financeiramente e deve manter o comportamento de negociar diretamente com o hotel”.

Com empreendimentos de perfil corporativo, a rede também percebeu uma mudança de público após a chegada da pandemia. As unidades passaram a receber hóspedes de cidades em um raio de até 700 quilômetros, enquanto os finais de semana registraram ocupações mais expressivas.

Para atender aos clientes de lazer, a Luzeiros realizou pequenas mudanças operacionais, como melhorias nos menus e aumento de funcionários aos finais de semana. “As famílias tendem a passar mais tempo dentro do hotel e naturalmente consomem mais. O valor por pessoa consumido subiu, mas a receita de forma geral caiu, pois o volume não existe”, avalia o executivo.

Perspectivas

Ainda que o cenário tenha apresentado alguma melhora, Silva destaca que a rede trabalha com previsões conservadoras e realistas. Dependendo das demandas do Sul e Sudeste e com a ameaça de uma terceira onda, a Luzeiros espera o público regional nas férias de julho. “Somos realistas e não fazemos previsões gigantescas. Se elas ocorrerem, estaremos preparados”.

O diretor ainda ressalta que as reservas estão sendo feitas de última hora, o que dificulta as projeções. “As vendas sobem de uma semana para outra até 20%. Muitos hóspedes compram em cima da hora por medo de mais restrições serem impostas. Vamos nos ajustando de acordo com o volume de negócios. O que vale para nós é o on the books. Olhamos para as datas que estão se movimentando para nos preparar”.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Luzeiros Hotéis