Já não há dúvidas de que a pandemia da Covid-19 trouxe diversas perdas para o turismo e, dentro de uma crise de tamanha proporção, é impossível que as empresas saiam ilesas, sem precisar passar por reestruturação. Assim, a JLL identificou tendências que podem nortear o futuro da hotelaria neste momento de recuperação.

De acordo com Pedro Freire, diretor de Valuation and Advisory Services da empresa, o uso racional e flexível dos espaços pode ser um grande diferencial para a hotelaria durante a retomada do setor.

“Iniciativas como otimizar os espaços, instalar estações de trabalho nos lobbies, pode corroborar bastante para controlar custos e compensar as perdas provocadas pela crise sanitária”, diz. Sobre o reaproveitamento dos lobbies, a empresa afirma ainda que repensá-los pode auxiliar na fidelização dos hóspedes.

“Além disso, os hotéis têm utilizado mais tecnologia para acelerar o processo de recuperação, mirando aumento na eficiência das operações e aprimorando a experiência dos hóspedes, que é a principal meta da hotelaria”, ressalta.

O raciocínio de Freire é complementado por Ricardo Mader, que também atua na área de Valuation and Advisory Services da JLL. “A hotelaria é conhecida por estar muito atrasada na implantação de novas tecnologias em comparação a outros setores, como o transporte aéreo e a indústria automobilística. Há muito o que se avançar nesta área”, explica.

O aumento de transações e fusões também foi apontado como uma das tendências em alta na retomada, visto que a implantação de novas tecnologias depende diretamente de investimentos financeiros e, provavelmente, um hotel independente não terá capacidade para fazer esse tipo de movimentação, o que deve induzir a consolidação de novas parcerias.

“Recentemente, bilhões de dólares em ativos trocaram de mãos na Europa, EUA e Ásia, num volume elevado de transações. A razão é simples: há mais ativos à venda do que o normal por causa da crise. As empresas precisam se recapitalizar e reorientar suas estratégias e portfólios, e essa onda deve chegar ao Brasil nos próximos meses”, aponta Alexandre Solleiro, CEO do BHG (Brazil Hospitality Group). No primeiro semestre deste ano, a JLL observou aporte de US$ 30 bilhões na hotelaria na América do Norte, Europa e Sudeste Asiático.

JLL: Recuperação do setor deve levar anos

Mesmo com reações positivas da hotelaria à crise trazida pela pandemia, Freire afirma que ainda é cedo para falar em recuperação efetiva do setor. “Ainda temos um longo caminho a percorrer até a reestruturação completa. Primeiro, precisamos recuperar a ocupação e a diária para depois pensarmos em recuperar o RevPar, que só deve chegar a níveis de 2019 dentro de quatro anos”, conclui.

“No Brasil, apenas 25% dos hotéis estão concentrados em redes, enquanto o resto está fragmentado. A indústria hoteleira deve passar por um movimento de consolidação, não só da operação de marcas e canais de distribuição, mas também de proprietários, que vão ganhar cada vez mais rentabilidade e poder de negociação com o crescimento em escala”, finaliza Mader.

(*) Crédito da foto: Divulgação/JLL