Grandes mudanças coletivas são sinônimos de catalisadores de tendências e, no caso da pandemia, essa máxima nunca fez tanto sentido. Dentre tantas transformações observadas em 2020, a maior delas foi o home office. Buscando elevar a experiência do cliente, ofertas de mais comodidade se tornaram um diferencial competitivo para empresas e proprietários de edifícios corporativos. Com isso, o movimento de “hotelizar” escritórios ganhou força, segundo análise feita pela JLL.

“Nunca se falou tanto em experiência do cliente. Esta é uma tendência que estamos observando há uns dois, três anos, especialmente nos mercados de varejo e hospitalar, e que chega agora aos edifícios corporativos na forma de oferta de mais atratividade e serviços”, afirma Luciana Arouca, gerente de Novos Negócios de Projetos e Obras da JLL.

Uma prova viva disso foi a explosão dos room offices, quartos de hotel transformados em estações de trabalho e a expansão de espaços de coworking dentro dos empreendimentos. Tudo isso aliado a tecnologia, que aparece como fator relevante, proporcionando aos usuários comodidades como reservar salas de reunião via smartphone, por exemplo.

Luciana pondera que, se até aqui essa tendência vinha se desenvolvendo de forma paralela ao mercado, agora ganha tração após a Covid-19 e pode ser um fator motivador para a volta aos escritórios. “A pandemia mostrou que muita gente não precisa ir à empresa para exercer sua função. Se não pensarmos no escritório com essa cara de hotelaria, de gerar uma experiência interessante, nenhum colaborador se sentirá encorajado a voltar, especialmente enquanto houver risco de contaminação, por exemplo, para aqueles que utilizam, com frequência, o transporte público”, analisa.

Para os proprietários de edifícios corporativos, a “hotelização” também pode ser um diferencial competitivo importante. “Antes da pandemia, os proprietários estavam em uma situação mais tranquila, porque já não havia tanta vacância em São Paulo. A Covid-19 mudou a equação: como resposta imediata diante do novo cenário, algumas empresas optaram pela revisional de locação e outras pela devolução de espaços”, afirma Luciana. “Um dos gatilhos para aumentar a atratividade de um edifício é oferecer mais facilidades para que o locatário possa tomar uma decisão que vá mais além do que meramente o aspecto financeiro.”

JLL: atração e retenção de talentos

“Trabalhar remotamente pode ter muitas vantagens, mas o que faz o funcionário não perder o cordão umbilical com a empresa é estar inserido naquela cultura e ter essa experiência no ambiente coletivo de trabalho. O escritório precisa se remodelar para criar uma experiência que faça as pessoas quererem ir à empresa”, explica a executiva.

Pensando em longo prazo (e tirando a pandemia da equação), investir em mais serviços e comodidades nos edifícios corporativos pode se revelar uma ferramenta importante para as empresas na atração e na retenção de funcionários.

“A preocupação com a saúde não é o único fator que motiva o investimento na oferta de mais facilidades. Do lado das empresas, melhorar a experiência dos colaboradores fideliza e engaja, promovendo um ambiente propício à criatividade e um consequente crescimento dos negócios”, aponta Luciana. “Perder talentos é um dos maiores custos de uma companhia, pois a curva de substituição é longa. Para mantê-los e atraí-los, daqui em diante, não bastará oferecer um escritório bonito ou moderno. Será fundamental criar ambientes que incitem o convívio, a colaboração e o exercício da cultura organizacional como fio condutor para que a retenção aconteça naturalmente”, diz Luciana.

“A pandemia deixou clara a importância do trabalho em equipe, com times multidisciplinares e diversos. As pessoas entenderam a importância de trocar ideias e dos relacionamentos no trabalho. Isso reforça o sentimento de pertencimento e fortalece a cultura organizacional”, conclui a profissional da JLL.

(*) Crédito da foto: Divulgação/JLL