Levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) fechou o ano de 2021 com alta de 10,06%, após encerrar o ano anterior com 4,52%. É a maior inflação acumulada desde 2015 (10,67%) no país, além do quinto maior percentual da América Latina no ano passado.

Ainda segundo os dados coletados pelo IBGE, o índice ficou acima do ponto-médio das projeções de analistas do mercado, que previam um avanço de 9,98%, com intervalo de 9,86% e 10,12%. Mais importante, o resultado final extrapolou a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional do Banco Central, cujo teto era de 5,25%, revela o Globo.

IPCA - Gráfico_variação_12_meses

“O resultado de 2021 foi influenciado principalmente pelo grupo Transportes, que apresentou a maior variação (21,03%) e maior impacto (4,19 pontos percentuais) no acumulado do ano”, ponta o IBGE, em nota. Destacaram-se também Habitação (13,05%), que contribuiu com 2,05 pontos, e Alimentação e Bebidas (7,94%), com impacto de 1,68 ponto.

O levantamento aponta ainda que, juntos, os três grupos representam cerca de 79% do IPCA de 2021, com destaque também para variações em Artigos de Residência (12,07%) e Vestuário (10,31%).

Apenas em dezembro, o índice teve alta de 0,73%, na sequência do avanço de 0,95% registrado no mês anterior. O resultado ficou acima das projeções de 35 instituições financeiras ouvidas pelo Valor Econômico, de um avanço de 0,65%.

O resultado também ficou próximo ao teto das projeções, que iam de 0,55% a 0,80% no mês. No mesmo período de 2020, a alta registrada foi de 1,35%.

IPCA - Gráfico_variação_mensal

O Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que observaram aumento nos preços, teve alta de 63,1% em novembro, para 74,8% em dezembro. É o maior percentual desde fevereiro de 2016, que registrou 77,2%.

Excluindo Alimentos, grupo considerado um dos mais voláteis, o indicador também apontou maior abrangência das altas de preços, de 66,0% para 75,6%, maior nível desde outubro de 2004, quando a inflação atingiu 76,6% no grupo.

Impacto na hotelaria

O cenário também se reflete alta nos custos para os hoteleiros, às vezes com percentuais acima do IPCA. Para especialistas, a tendência é que esse cenário se mantenha nos próximos meses, o que deve levar a novas altas na taxa de juros. Diante disso, para reduzir riscos na sua margem de lucro, os hotéis precisam buscar alternativas para elevar a diária média, sob risco de atrasar a retomada.

Pedro Cypriano, managing director da HotelInvest, mantém essa linha de raciocínio e encoraja os profissionais do setor hoteleiro a subir as diárias médias. “A diária média é o caminho, não tenho dúvidas. Precisamos dar saltos para equilibrarmos as contas em um cenário de inflação galopante e ainda de ociosidade no setor. Por isso, recomendo que o hoteleiro passe a discutir o potencial de aumentos de R$ 30,00 ou R$ 50,00 nas tarifas”, pontuou em sua participação no podcast Hotel Trends.

Para Ricardo Souza, gerente de Novos Negócios da OTA Insight, o mercado hoteleiro não tem conseguido repassar a inflação para o consumidor final em termos de preços, devido ao medo de perder conversões de vendas, o que é extremamente negativo para um setor que ainda está se recuperando dos efeitos da pandemia.

O executivo destacou ainda que, desde julho de 2021, é observada estagnação da variação dos preços em praças centrais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, com previsões de manter subidas pontuais no futuro.

Orlando Souza, presidente do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) complementa a fala dos demais e afirma que o momento exige comprometimento e coragem por parte dos hoteleiros para garantir uma recuperação mais consistente.

(*) Crédito da capa: joelfotos/Pixabay

(**) Crédito dos infográficos: Divulgação/IBGE