Dando continuidade à expedição nacional para entender como anda a hotelaria brasileira nessa retomada, o Hotelier News chega ao Mato Grosso. Cenário de paisagens únicas, o estado passa por um processo de redescobrimento do turismo local. Diante disso, algumas praças de lazer no mercado mato-grossense têm se beneficiado.

“Após o impacto da quarentena, o turista estava ansioso para voltar a sair de casa, porém com muito receio. Isso fez com que destinos ao ar livre, que permitem o distanciamento social, fossem os mais procurados neste período”, afirma Lisley Foratti, profissional de Marketing dos hotéis Taiamã e Amazon.

Cidades de Chapada dos Guimarães, Nobres, Manso e Pantanal, por exemplo, apresentam uma retomada mais acelerada. “Hoje, empreendimentos nessas praças estão com boa ocupação, inclusive durante a semana, diferente do cenário antes da pandemia, quando o público era restrito aos finais de semana”, divide Jack Abboudi, presidente da ABIH-MT.

Quanto à ocupação, Abboudi conta que os número ainda não muito animadores, muito embora, no contexto atual, não sejam de se jogar fora. “Hoje, estamos saindo dos 40% e, até o fim do ano, devemos chegar a uns 45%. Vamos caminhando gradativamente até, a partir do segundo semestre de 2021, atingir a ocupação do período pré-pandemia, na casa de 60%”, pontua.

Localizado próximo à Chapada dos Guimarães e de Nobres, o Malai Manso Resort é um bom exemplo. “Atualmente, estamos operando com até 80% da capacidade. Nos finais de semana, há lotação. Podemos afirmar que atingimos o ponto de equilíbrio e temos boas perspectivas para os próximos meses. Como comparativo, em outubro, passamos em 20% o orçamento original do período pré-pandemia”, pondera o Ricardo Gouveia, diretor Comercial e Marketing do empreendimento.

mato grosso - retomada - Lisley Foratti

Lisley: destinos ao ar livre estão em alta

Mato Grosso: replanejamento da retomada

Diante da lenta caminhada, os hotéis do Mato Grosso refazem as contas e estabelecem novos objetivos para este e o próximo ano. “Com um cenário ainda instável, as metas foram redesenhadas. Não consideramos um ano perdido, pois ficamos fechamos por dois meses e meio. Nos outros praticamente 10 meses trabalhamos duro para que pudéssemos minimizar os efeitos da pandemia”, comenta Gouveia.

Com muitos aprendizados, 2020 ainda se categoriza como um ano de renovação para os empreendimentos locais. “Nos reinventamos a cada dia, temos uma equipe preparada para sempre oferecer soluções inovadoras. A meta é continuar oferecendo um serviço de excelência, focando na total segurança e bem-estar de nossos clientes e colaboradores”, adiciona Foratti.

Na visão dos entrevistados, há ainda alguns fatores decisivos para reativar o turismo mato-grossense, como a esperança de que não tenha uma segunda onda do vírus. “A vacina também é importante para garantir a retomada dos eventos, muitos deles hoje estão sendo realizados online e isso atrapalha a ocupação. Acreditamos que, no segundo semestre de 2021, possamos voltar a uma taxa de ocupação que tínhamos antes, em torno de 60%”, prospecta Abboudi.

mato grosso - retomada - ricardo gouveia

Gouveia: com cenário instável, metas foram redesenhadas

Contraste capital e interior

Voltada para o mercado corporativo, Cuiabá depende do turismo de eventos e de negócios. Com o cancelamento de todos os eventos e o público de negócios praticamente zerado, a hotelaria local se viu em sérias dificuldades. “Então, os hotéis passaram a olhar para a população da própria cidade. Esse olhar começou a acontecer melhor a partir de 12 de junho, quando vários empreendimentos inovaram, fazendo promoções e pacotes para o Dia dos Namorados, e com sucesso”, conta Abboudi.

O movimento continuou nas datas comemorativas seguintes, como Dia dos Pais, o Feriado da Independência, Dia das Crianças e até mesmo o Halloween. Anteriormente, o público que frequentava a capital, além do viajante de negócios e eventos, era também do interior do estado, que precisa de Cuiabá para um tratamento médico, por exemplo. “Agora, o público está se concentrando bastante em pessoas do interior do estado que procuram a capital pelos shoppings, pela vida noturna e gastronomia”, aponta Abboudi.

O interior passou por outra fase hostil, devidos às chamas que tomavam conta da mata nativa, mas o turismo caminha para a recuperação. “Mato Grosso é definitivamente uma joia rara, um estado riquíssimo em belezas naturais, características que fazem do estado um destino muito procurado. Mesmo se recuperando do triste cenário de queimadas que afetou muitos pontos turísticos, o turismo apresenta uma rápida reação”, afirma Foratti.

Alguma cidades do interior do estado também tiveram que obedecer regulamento municipal com questão de percentual de ocupação. “Mas isso foi no pior momento da pandemia. Hoje, já não temos mais restrições”, explica Abboudi.

Compreendendo o momento de dificuldade, a ABIH-MT se fez presente na atividade hoteleira, auxiliando principalmente com recomendações legais. “Nunca se precisou tanto de uma orientação, porque a ocupação caiu e o hotel se vê com um quadro de funcionários elevado e uma despesa gigantesca. Com medida provisória em cima de medida, nossa equipe jurídica atuou muito, e bem, para orientar o mercado”, avalia Abboudi.

Além disso, a associação também promoveu uma troca de experiência no meio. “De repente uma coisa simples que um hotel grande faça, possa ser a salvação do outro empreendimento. Então essa troca, esse relacionamento dentro de ABIH, é importante e tem reforçado o conceito de associativismo, que é a união de um grupo de pessoas com a mesma finalidade”, comenta o presidente.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito das fotos: Divulgação