Em um mercado que sofre as consequências da pandemia e de altas taxas de inflação, recuperar a diária média segue como um dos maiores desafios da hotelaria. Pertencente a pequena fatia de empreendimentos de luxo do setor, o Insólito Boutique Hotel aposta em melhorias para agregar valor à experiência do hóspede como um caminho para elevar suas tarifas.

O hotel de apenas 24 quartos, localizado em Búzios (RJ), goza de seus 4 mil metros quadrados para oferecer uma estada repleta de espaços ao ar livre. Fechado por dois meses em 2020, o Insólito aproveitou a pausa para dar férias coletivas aos funcionários e vem se beneficiando de uma boa resposta do público desde sua reabertura.

“Desde setembro de 2020 estamos batendo recordes de faturamento, ocupação e diária média”, comemora Eduardo Carvalheda, gerente geral do empreendimento. O executivo atribui os bons resultados ao perfil do destino e do hotel, que conta com três piscinas, praia privativa e beach club. “O Insólito ficou muito visado, pois corresponde a um perfil de isolamento”, acrescenta.

Em agosto de 2020, o hotel teve ocupação de dois pontos percentuais acima do mesmo período em 2019. “Tivemos uma média de ocupação 13% acima do melhor ano do hotel, que foi em 2019, quando recebemos muitos casamentos, pois Búzios estava ganhando espaço como destino wedding”, conta Carvalheda.

E mesmo no pior ano da história da hotelaria, o hotel encerrou o período com faturamento similar a 2019. O gerente afirma que, apesar dos meses de paralisação, as demandas de reabertura compensaram as perdas.

Insólito Boutique Hotel - Eduardo Carvalheda

Cavalheda: internacional segue tímido

As mudanças do Insólito Boutique Hotel

Para retornar com força total, algumas mudanças foram feitas. A capacidade do restaurante teve aumento de 40%, o que foi bem recebido pelos hóspedes. O café da manhã, antes servido em sistema de bufê, passou para o à la carte. O espaço ainda conta com uma galeria de arte com curadoria de Gabriel Wickbold.

Carvalheda também revela que as UHs foram reformadas, assim como outras partes da estrutura do hotel. “Fizemos grandes investimentos na propriedade e firmamos uma parceria de consultoria com a Aman Spa. Criamos uma demanda, pois dentro da nossa concepção, o público que normalmente viaja para a Europa e EUA ficou sem destino. E esse mesmo turista percebeu que não precisa ir para o exterior para conseguir a mesma qualidade de produtos e serviços”.

Abocanhando uma fatia endinheirada de turistas, o Insólito Boutique Hotel teve aumento de 50% em diária média frente a 2020 e 2019. Enquanto grande parte do setor amargava baixas ocupações com a segunda onda, o empreendimento passou pela crise quase ileso. “Para nós, a segunda onda praticamente não existiu. A maioria dos nossos clientes são cariocas ou oriundos do Centro-Oeste, que chegam de carro ou de helicóptero. Encerramos o primeiro semestre com valores 20% acima do praticado em 2020 e ocupação 12% superior, o que foi muito representativo para nós”.

Para o segundo semestre, Carvalheda prevê um aumento de 12% de faturamento. Com o Réveillon totalmente vendido e poucos quartos disponíveis para o Natal, a busca para janeiro e Carnaval vem sendo realizada de maneira aquecida. “Já fechamos cinco casamentos para 2022. Para o ano que vem, a projeção é de 15% acima de 2021 em termos de faturamento”, adianta o gerente.

Outro diferencial que impulsionou a retomada foi o beach club em parceria com a Privilège, clube com unidades em quatro destinos do país. O Tawa Beach nasceu com a proposta de ser um lounge para hóspedes e público externo, aberto até às 22h. “Não é um espaço que vai até de madrugada, mas que oferece uma música agradável para comer e beber o dia todo. Optamos por reduzir a capacidade, com mais refeições e mais espreguiçadeiras”, conta Carvalheda.

O novo hotspot de Búzios tem luau toda a sexta-feira com banda ao vivo e opera de forma independente, com um chef de cozinha responsável pela produção do menu. Aberto em dezembro de 2020, o gerente afirma que o impacto do na receita do hotel Tawa ainda não foi medido em números. “Muitos clientes do Tawa optam por ficar no Insólito pela proximidade. Ainda não conseguimos dizer como um afeta o outro, mas o valor agregado é visível”.

Internacional segue tímido

Antes da pandemia, o hotel recebia demandas consideráveis de europeus, visto que seus proprietários são belgas, o que gera uma boa conexão com a região. Após quase um ano sem clientes estrangeiros, de dois meses pra cá, o Insólito Boutique Hotel voltou a ouvir outras línguas.

“É muito leve a demanda ainda, mas nos últimos meses todas as semanas recebemos hóspedes estrangeiros. Já temos pessoas vindo de Dubai, Noruega, Suécia e França, por enquanto”, explica Carvalheda.

Sobre o futuro da hotelaria de luxo no Brasil, o executivo acredita que o setor continuará se desenvolvendo bem em 2022. “Tivemos uma demanda reprimida que não sofreu com a pandemia. A mudança que teremos são os mercados da Europa e EUA reabrindo e também percebemos que o hóspede tem ficado mais tempo com o trabalho remoto. Outro ponto importante é o público argentino, que pode não retornar tão depressa por complicações econômicas no país”.

(*) Crédito das fotos: Divulgação