A economia brasileira deverá crescer 5% em 2021, apontam dados divulgados hoje (1) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que alertou, ainda no começo da pandemia, que a crise sanitária poderia empurrar a economia global à recessão. A entidade pondera, contudo, que uma desaceleração da atividade econômica está em curso, o que deve levar o Brasil a uma expansão de “apenas” 1,4% no ano seguinte.

De acordo com a organização, a expansão do PIB deverá ficar pouco abaixo da média mundial neste ano, projetada em 5,6%. Em relação a 2022, a tendência é um percentual ainda mais baixo do que a média global, estimada em 4,5%. A economia brasileira também deverá crescer menos ano que vem do que outros países da América Latina, casos de Argentina (2,5%), Chile (2%), Colômbia (5,5%) e México (3,3%).

Os números divulgados hoje fazem parte do estudo sobre perspectivas para a economia mundial, publicado semestralmente pela OCDE. Segundo a entidade, a aceleração da campanha de vacinação no Brasil, investimentos privados e os programas sociais, que contribuíram para manter o consumo, foram decisivos para a retomada do crescimento neste ano.

Por essas razões, a OCDE revisou para cima, neste último estudo, sua projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2021. O indicador, que era de 3,7% no relatório divulgado em maio, subiu para 5% atualmente. “Com o levantamento das restrições às atividades e o retorno à normalidade, a demanda interna acumulada pôde recuperar o atraso dos últimos meses”, disse Priscilla Fialho, economista especializada no Brasil do departamento de economia da OCDE à BBC News Brasil.

Desaceleração

Ao mesmo tempo, a OCDE alerta que o ritmo da recuperação da economia brasileira está desacelerando. A organização revisou para baixo sua estimativa de expansão do PIB do Brasil em 2022, que era de 2,5% e passou para apenas 1,4%, segundo o relatório divulgado nesta quarta.

“A revisão das projeções do PIB brasileiro para 2022 explica-se sobretudo pela desaceleração no final de 2021, que deverá persistir até meados do próximo ano, enquanto os gargalos nas cadeias de suprimentos da indústria se mantiverem, a inflação permanecer elevada e o Banco Central continuar o aperto monetário, com juros mais altos, como resposta à elevação dos preços”, explica Priscilla.

Segundo ela, a recuperação da economia brasileira deverá voltar a acelerar progressivamente no segundo semestre de 2022, à medida que os gargalos na cadeia de suprimentos global desaparecerem. Também se prevê recuperação do mercado de trabalho e a queda da inflação, decorrente das taxas de juros mais altas, estimulando o consumo interno.

Mas a OCDE ressalta que há “riscos importantes” de baixa para a previsão de 2022, entre eles os custos com energia – caso a crise hídrica persista – e as eleições majoritária prevista outubro do ano que vem. “Há muitas incertezas em relação a essas projeções. Não estamos, por exemplo, a salvo de uma nova crise sanitária e de novas restrições de mobilidade, como já se observa na Europa”, destaca a economista da OCDE.

(*) Crédito da foto: joelfotos/Pixabay