O número de pessoas desocupadas no Brasil em maio chegou a 14,8 milhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados da Pnad Contínua mostram que a taxa de desemprego no período foi de 14,6%, apresentando estabilidade frente o trimestre finalizado em fevereiro — quando o índice era de 14,4%.

Mesmo em estabilidade, essa é a segunda maior taxa da série histórica, medida desde 2012 pelo IBGE. Já a população na força de trabalho, que inclui pessoas ocupadas e desocupadas, houve crescimento de 1,2 milhão, puxado pelo contingente de ocupados (86,7 milhões), que subiu em 809 mil — aumento de 0,9%, na comparação com o trimestre passado.

De acordo com Adriana Beringuy, analista da pesquisa, a expansão da ocupação reflete o avanço de 3% dos trabalhadores por conta própria, única categoria profissional que cresceu no período. “Esses trabalhadores estão sendo absorvidos por atividades dos segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que cresceu 3,9%, o único avanço entre as atividades no trimestre até maio”, explica.

Já na comparação com o trimestre fechado em maio do ano passado, a força de trabalho cresceu 2,9% (ou 2,9 milhões), porém, influenciada, principalmente, pelo aumento da população desocupada (2,1 milhões).

“Muitas pessoas interromperam a procura por trabalho no trimestre de março a maio do ano passado por conta das restrições, já que muitas atividades econômicas foram paralisadas para conter a pandemia. Isso fez a procura por trabalho diminuir. Um ano depois, com a flexibilidade, essas pessoas voltaram a pressionar o mercado”, diz Adriana.

Setores

Também foram os trabalhadores por conta própria que tiveram a maior expansão (2,0 milhões) no mercado de trabalho em um ano. “O crescimento do trabalho por conta própria se deu, sobretudo, na agricultura (27%), construção (25%) e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (24%). Os outros 24% foram disseminados nas demais atividades investigadas pela Pnad Contínua”, detalha a analista do IBGE.

A pesquisa mostra que no trimestre até maio, o trabalho com carteira assinada no setor privado ficou estável (29,8 milhões). Já na comparação anual houve uma redução de 4,2% ou menos 1,3 milhão de pessoas. A categoria dos trabalhadores domésticos foi estimada em 5,0 milhões de pessoas, ficando estável nas duas comparações. O mesmo aconteceu com os empregados do setor público (12 milhões).

Os empregados no setor privado sem carteira também ficaram estáveis (9,8 milhões). Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, porém, foi registrada um crescimento de 6,4%, com mais 586 mil pessoas. Os empregadores (3,7 milhões) apresentaram estabilidade em relação ao trimestre anterior. Já a categoria com CNPJ registrou o menor nível da série (3,1 milhões). Frente ao mesmo trimestre do ano passado, houve uma redução de menos 311 mil empregadores.

IBGE: informalidade

A taxa de informalidade foi de 40% no trimestre até em maio, o que equivale a 34,7 milhões de pessoas. No trimestre anterior, a taxa foi de 39,6%, com 34 milhões de informais. Adriana observa que há um ano esse contingente era menor, 32,3 milhões e uma taxa de 37,6%.

“Hoje temos 2,4 milhões de trabalhadores informais a mais do que há um ano. Contudo, se olharmos o trimestre pré-pandemia (dezembro a fevereiro de 2020), os informais somavam 38,1 milhões de pessoas a uma taxa de informalidade de 40,6%. Ou seja, por mais que os informais venham aumentando sua participação na população ocupada nos últimos trimestres, o contingente ainda está num nível inferior ao que era antes da pandemia”, compara.

Os informais são os trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração.

Por tudo isso, o nível de ocupação (48,9%) continua abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado, o que indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

Rendimento médio

A pesquisa mostra ainda que o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.547 mil no trimestre fechado em maio, ficando estável em relação ao anterior. A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, também ficou estável, atingindo R$ 215,5 bilhões.

(*) Crédito da foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil