Levantamento divulgado hoje (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o volume de serviços prestados no Brasil recuou 0,2% em fevereiro frente ao mês anterior. Por outro lado, na comparação com igual período do ano passado, foi observado crescimento de 7,4%, revela o G1.

Ainda de acordo com o Instituto, nos dois primeiros meses de 2022, a perda acumulada é de 2%. Além disso, o órgão revisou o resultado de janeiro para queda de 1,8%. A leitura inicial do indicador havia apontado queda de 0,1%.

Mesmo após a nova queda, o setor permanece 5,4% acima dos níveis observados no pré-pandemia, informa o instituto. O IBGE, contudo, aponta que há sinais evidentes de que os serviços estão sendo afetados pela pressão inflacionária e necessidade de reorganização da cesta de consumo das famílias, devido à perda do poder de compra.

Das últimas sete taxas apresentadas pelo instituto, apenas duas foram positivas. “Ainda que haja um predomínio de taxas negativas, o saldo desses seis meses ficou em 0,1%, ligeiramente positivo e muito próximo da estabilidade”, comenta Rodrigo Lobo, responsável pela pesquisa.

O percentual apontado em fevereiro ficou na contramão do esperado pelo mercado financeiro. A expectativa era de que fosse registrada alta de 0,7%. O setor de serviços foi o segmento que mais ajudou a alavancar a retomada em 2021, impulsionada principalmente pelo avanço no ritmo da vacinação contra a Covid-19.

Outros indicadores

No acumulado de 12 meses, a alta do setor passou de 12,2%, em janeiro, para 13% em fevereiro, mantendo a trajetória ascendente iniciada em fevereiro do ano passado. O resultado, porém, ainda se encontra 7% inferior ao ponto mais alto da série da pesquisa, registrado em novembro de 2014.

No recorte regional, 13 das 27 unidades federativas apresentaram retração no setor de serviços na comparação mensal. Duas das cinco atividades investigadas apresentaram queda: serviços de informação e comunicação (-1,2%) e outros serviços (-0,9%), que acumularam, respectivamente, perdas de 4,7% e 1,3% nos dois primeiros meses do ano.

O IBGE ressalta que o resultado foi puxado para baixo por conta de quedas em atividades como as telecomunicações, que retraíram 2,8% em fevereiro. “Esse segmento, que é o de maior peso na pesquisa, encontra-se 9% abaixo do patamar pré-pandemia”, explica Lobo.

Os serviços prestados às famílias, por sua vez, avançaram 0,1% no período. Na contramão da média do setor, o segmento ainda está 14,1% abaixo do observado no período anterior à crise sanitária.

“A atividade ficou muito próxima da estabilidade e praticamente não influenciou no resultado do setor de serviços. Mas é preciso lembrar que houve queda em janeiro, interrompendo uma sequência de nove taxas positivas seguidas”, destaca o responsável pela pesquisa.

Já os transportes (2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%), seguiram apresentando crescimento. Já o índice de atividades turísticas caiu 1% em fevereiro, após também ter recuado no mês anterior (-0,4%). Com o resultado, o segmento fica 10,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.

Perspectivas para 2022

A confiança no setor de serviços registrou alta em março, após quatro quedas seguidas, segundo levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas). O otimismo dos empresários e consumidores, porém, continua baixo.

A economia em 2022 ainda segue prejudicada, devido à inflação persistente, aumento da inadimplência e juros em alta. No período, a inflação ficou acima do esperado, com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingindo 11,30% em 12 meses, o que pode comprometer a perspectiva de melhoria apontada para maio pelo Banco Central. Além disso, o cenário cria expectativas de que a taxa Selic seja elevada para 13% em 2022. Especialistas já falam em aumento de 7% na inflação neste ano. Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), as estimativas são de alta de 0,50%.

(*) Crédito da foto: StartupStockPhotos/Pixabay