De acordo com dados divulgados hoje (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – que apontou baixa na renda média brasileira – o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil recuou 0,1% no terceiro trimestre de 2021, em comparação ao trimestre anterior. O resultado, abaixo das expectativas de mercado, reforça quadro de estagnação econômica.

Esta já é a segunda baixa consecutiva do indicador. No segundo trimestre, a queda do PIB foi revisada de 0,1% para 0,4%. Segundo a avaliação do Instituto, variações próximas a 0% sinalizam que a economia atravessa período de estabilidade. “Consideramos o quadro estável”, afirma Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, em entrevista à Folha.

Ela afirma ainda que a definição de dois trimestres de queda do PIB como recessão não faz sentido do ponto de vista estatístico e pontuou que é necessário analisar um conjunto maior de dados para então realizar uma avaliação. Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, segue o mesmo raciocínio, afirmando que há uma diferença entre estagnação e recessão.

“Estamos estagnados desde 2019. Mesmo antes, o crescimento era muito baixo”, pontua, se referindo ao período entre 2014 e 2016.

Por outro lado, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos) afirma o Brasil entrou em recessão econômica no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de crescimento fraco de três anos (2017-2019).

Frente ao terceiro trimestre de 2020, houve crescimento de 4%. Em 12 meses, a alta foi de 3,9% e, no acumulado do ano, até setembro, o indicador avançou 5,7%.

O baixo desempenho no terceiro trimestre deste ano ocorre em um contexto da escalada da inflação, juros mais altos e fragilidades no mercado de trabalho, fatores que afetam diretamente o setor de turismo como um todo, visto que até o meio deste ano, a maior preocupação do segmento era com o avanço da vacinação do que com o quadro macroeconômico. Hoje, com a alta, o hoteleiro precisa ficar mais atento aos principais indicadores para estruturar seu orçamento e planejamento para 2022.

Ainda de acordo com os dados divulgados pelo IBGE, o PIB está em patamar similar ao registrado no período entre o fim de 2019 e início de 2020, período pré-pandemia. Por outro lado, o indicador performa 3,4% abaixo do ponto mais alto da série histórica, atingido no primeiro trimestre de 2014.

Apesar da alta de 1,1% no setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB nacional, o resultado foi puxado para baixo pela queda de 8% na agropecuária e recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços.

A indústria, por sua vez, permaneceu estagnada, com 0%. Ainda de acordo com o IBGE, as fábricas sentem o encarecimento dos insumos na pandemia e os efeitos da crise energética, o que consequentemente eleva os custos de produção.

IBGE: projeções do indicador

Projeções sinalizam que o PIB brasileiro deve fechar o ano de 2021 em alta, associada em grande parte à fragilidade da base comparativa com o ano passado, período mais crítico da pandemia.

Analistas avaliam que, diante do quadro de instabilidade econômica apontado pelos dados, o cenário fica ainda mais complicado para 2022, ano de eleições. De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a projeção é de que haja avanço de 4,78% no PIB de 2021. Já em 2022, a alta deve ser reduzida para 0,58% e diversas instituições financeiras preveem retração na atividade no próximo ano.

O cenário é atribuído à pressão inflacionária, que reduz o poder de compra dos consumidores, além do aumento das incertezas na área fiscal. O indicador é calculado baseando-se em diversos componentes, como produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos e impostos.

(*) Crédito da foto: joaogbjunior/Pixabay