Chegou o momento da hotelaria colocar o pé no acelerador. Com a retomada em pleno aquecimento, as últimas semanas apontam o cenário mais otimista para o setor desde o início da pandemia. De acordo com o estudo divulgado hoje (22) pela HotelInvest em parceria com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), os principais mercados do país atingiram quase 70% de ocupação em outubro. Em paralelo, as diárias médias também voltaram a subir.

Em termos de ocupação, as praças do interior estão 13 pontos percentuais acima das capitais. Para Pedro Cypriano, sócio-diretor da HotelInvest, a diferença mais relevante frente aos estudos anteriores é a aceleração dos indicadores. “O diferencial está na intensidade. Se pegarmos as últimas publicações, elas apontavam uma ocupação cada vez maior. Até outubro, metade dos mercados estava performando acima de 50% e, em novembro, 24 dos 26 mercados pesquisados chegaram acima de 60%”.

As diárias médias das capitais ainda estão 26 pontos percentuais abaixo dos patamares pré-pandemia. O RevPar da hotelaria brasileira chegou a metade de sua recuperação, alcançando 52% dos índices de 2019. Em contrapartida, o interior já aponta tarifas próximas ao registrado antes do coronavírus.

“Observando diversos mercados se aproximando dos 70% de ocupação, houve uma aceleração importante ao longo do último trimestre. A grande novidade para além das demandas são as diárias que começaram a responder de forma benéfica”, diz Cypriano.

HotelInvest - grafico 1

O executivo ressalta que o retorno do corporativo e eventos, além do budget de fim de ano que muitas pessoas reservam para gastar na época de festividades, foram fatores que contribuíram com a melhora do mercado. “Com o controle do Covid-19, muitas empresas voltaram a viajar. Eventos significativos, como a Fórmula 1 em novembro, e as demandas de fim de ano justificam os resultados das últimas semanas”, acrescenta Cypriano.

Dos mercados pesquisados, cinco estão com RevPar acima de 2019. Até agosto, a recuperação do turismo em termos de faturamento chegou a 65%, enquanto a demanda aérea doméstica retomou em 76%.

HotelInvest - grafico 2

Principais praças

Um dos eventos mais aguardados pela hotelaria paulistana, a Fórmula 1 elevou as ocupações, superando os 90%. Desta forma, a ocupação média em novembro ficou acima dos 60%, com diárias em fase de aquecimento.

No Rio de Janeiro, a ocupação chegou a 67% em outubro. Apesar do aumento das demandas, as diárias médias seguem muito abaixo dos níveis de 2019. “A troca de perfil de demanda, em partes, prejudica as tarifas. Antes da pandemia, o Rio recebia grandes eventos, com picos de ocupação que elevavam o indicador. Nos últimos meses, isso não aconteceu. Entretanto, em dezembro o elemento confiança, que é fundamental no processo de precificação, deve aumentar em razão das ocupações. Logo, existe a expectativa dessa curva voltar a ter uma aceleração mais clara”, pontua o sócio da HotelInvest.

grafico 3

Pontos de atenção

Diante de um cenário político e econômico instável, com pressão inflacionária e a ameaça de uma nova variante, dizer que essa aceleração será consolidada nos próximos meses é um palpite arriscado. Volatilidade é uma das palavras que podem definir 2022, visto que grandes redes não esperam recuperação no ano que vem.

“Ainda é cedo para afirmar que os resultados próximos a 70% atingidos nas últimas semanas se perpetuem. O mercado corporativo ficou travado por muito tempo e, à medida que a pandemia permitiu, demandas represadas para esse segmento impactaram diretamente o desempenho dos hotéis”, pondera Cypriano.

Com nuvens nebulosas à frente, o executivo recomenda que o setor busque recuperar ao máximo suas perdas enquanto o mercado está aquecido também como forma de se proteger, caso novas ondas voltem a declinar a retomada.

“Estamos em um momento de economia fragilizada e incertezas sanitárias, como a nova variante e a epidemia de gripe. Se hoje temos resultados concretos, é a hora de pisar no acelerador para que lá na frente, se tivermos surpresas negativas, isso não afetará o mercado. É preciso aproveitar a janela de oportunidades que se abriu e usá-la como escudo para blindar o setor”, finaliza o executivo.

(*) Crédito da capa: Unsplash

(**) Crédito dos gráficos: Divulgação/HotelInvest