Uma parceria de peso e um estudo minucioso projetam o potencial de recuperação hoteleira no Brasil pós-pandemia. Três grandes players do setor, HotelInvest, STR e Omnibees se uniram para apresentar seus panoramas de mercado, desta vez focado no segmento de resorts. Em junho, um estudo sobre a retomada de hotéis urbanos já havia sido divulgado com apoio do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil).

O estudo Recuperação dos Resorts no Brasil aponta tendências de ocupação e diária média para os próximos anos. Com isso, visa auxiliar o setor em decisões estratégicas levando em consideração dados de companhias aéreas e do segmento Mice. No total, foram ouvidos 30 grandes resorts de diferentes regiões do país.

“O levantamento foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro meses, começando em abril, quando a crise explodiu. Existiam dúvidas quanto ao que aconteceria com o setor e, naquela época, era importante monitorar os mercados nacionais. Começamos um trabalho de formiga, acionando empresas e analistas que consideramos relevantes”, explica Pedro Cypriano, consulting partner da HotelInvest. “Cada uma das empresas já tinha um papel importante em gerar informações. Diante da complexidade do mercado, talvez sozinhos esses players tivessem dificuldades em enxergar o que vinha pela frente”, complementa.

Enquanto o STR traz dados externos de países em estágios mais avançados da pandemia, a Omnibees agrega informações de reservas de mais de 5 mil propriedades. Todo esse conjunto de dados permitiu traçar horizontes com maior clareza. Já a HotelInvest mapeia o potencial econômico de médio a longo prazo. “São ações complementares para conseguir fechar o quebra-cabeça”, reforça Cypriano.

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Segundo a análise finalizada em setembro, o RevPar de 2022 será 13% acima dos valores de 2019, em cenário moderado. Em curto prazo, há sinais claros de demanda reprimida e procura ascendente por resorts em todo o país. O volume de reservas da Omnibees atualmente supera 60% o período de pico pré-pandemia, com elevada procura para o quarto trimestre.

Apesar dos dados otimistas, é preciso ter cautela. Para efetivação das reservas em pernoites, a situação sanitária do país deve sinalizar com mais clareza a queda de curvas de contágio de Covid-19 e número de óbitos. Para evitar tombos futuros, Cypriano pede para que hoteleiros não se esqueçam das restrições ainda impostas. “Vivemos essa crise com intensidade e todos estão preocupados com a semana seguinte e não tem como ser diferente. Podemos ter crise fiscal, o PIB está desacelerando e muitos ainda estão em situação delicada. Além disso, a malha aérea aérea ainda está em recuperação”.

HotelInvest: projeções

O cenário aponta 100% da oferta dos resorts já em pleno funcionamento neste mês, ainda que com capacidade reduzida. Segundo Ana Biselli Aidar, presidente executiva da Resorts Brasil, até setembro 52 associados estavam de portas abertas. Na direção inversa, em março, apenas um empreendimento optou por manter as operações.

A queda de tarifa foi quase inevitável e, segundo Ana, existe uma pressão sobre o preço. “Temos que trabalhar reduzido em função das restrições de operação e a demanda acaba sendo para o lazer. Grupos e eventos são quase inexistentes, salvo alguns previstos para o final de ano, e isso traz uma perspectiva de queda de valores menos acentuada”. O estudo aponta que o viés de redução de diária média perde força e, no último trimestre, os preços tendem a subir.

Enquanto os eventos não se recuperam, o lazer doméstico seguirá em destaque. Caso apenas 5% dos mais de 10 milhões de brasileiros que viajam anualmente ao exterior redirecionem suas viagens a resorts nacionais, a demanda adicional pode chegar a 10 p.p na ocupação. Já para 2021, o segmento Mice deve ser um dos principais catalisadores na recuperação do setor. “Eventos sociais já têm maior sinalização, porém com volume menor de pessoas. O corporativo está aparecendo em formatos reduzidos em alguns contextos. Será um divisor de águas quando as empresas se sentirem confortáveis para voltar a enviar seus colaboradores. Ano que vem esperamos uma retomada boa, pois muitos eventos estão aguardando reagendamento”, salienta Ana.

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Para a ocupação média, as projeções até dezembro são entre 20% e 35% abaixo do registrado em 2019, mesmo com sinalização de reservas e voos já mais favorável. “A demanda está aumentando e, com isso, a oferta sobe junto. As pessoas têm tido mais flexibilidade para utilizar os resorts durante a semana com o home office e homescholing e conseguindo nesse período melhores preços. Vimos crescimento de procura à medida que os hóspedes passam a conhecer outras oportunidades de tarifas”, explica a presidente da Resorts Brasil.

Para finalizar, 2022 em diante tende a ser melhor que 2019 – além da base modesta de desempenho na média do ano passado, a desvalorização do real deve estimular novas viagens domésticas pelo Brasil. “É difícil, mas foi um período muito importante para o turismo, que jamais será o mesmo, no bom sentido. Precisamos de momentos de dificuldade para ver o quão importante é atuar em conjunto e acredito que isso veio para ficar. Queremos manter esse diálogo vivo para fazer um turismo mais organizado e estratégico”, complementa Ana.

Para ter acesso ao estudo completo da HotelInvest, acesse o link.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito dos infográficos: Divulgação/HotelInvest