Aconteceu hoje (5) o webinar Hotéis Corporativos e de Lazer: o que esperar de 2022?, que discutiu perspectivas para a retomada da hotelaria e do turismo, que já vêm dando os primeiros sinais desde junho deste ano. No mês passado, por exemplo, a malha aérea no Brasil cresceu pelo quinto mês seguido.

O debate contou com a participação de Patrícia Zulato, country manager da STR; Pedro Cypriano, managing partner na HotelInvest; e Rodolpho Delphorno, diretor de Marketing e Vendas da Omnibees, que fechou uma parceria de distribuição com a HSystem Tecnologia recentemente.

Patrícia iniciou o momento de debate falando acerca dos fechamentos e retomadas de hotéis ao redor do mundo e destacou principalmente a América do Norte como um dos continentes que se destacaram no combate à pandemia.

“Lá aconteceram menos fechamentos, e por isso a indústria está voltando às atividades com bastante força. Trazendo a discussão para a realidade brasileira, percebemos que a ocupação voltou a se distanciar de 2019 após as férias de julho”, pontuou.

Por outro lado, ela mencionou uma recuperação global da diária média, antes mesmo da retomada total da demanda de hospedagem. Em janeiro deste ano, foram registrados no Brasil níveis de diária média mais altos que em 2019, no pré-pandemia. Nos EUA, os níveis do indicador já superam 2019, mas os mercados corporativos do país ainda têm um longo caminho até a reestruturação efetiva.

Os níveis de diária média também impulsionam a recuperação dos prejuízos trazidos pela pandemia. Neste sentido, o Rio de Janeiro figura entre os principais destinos do mundo em termos de recuperação do RevPar.

Patrícia apontou que a volta das viagens no Brasil está diretamente ligada ao aumento da vacinação. “Está crescendo proporcionalmente e esta é uma tendência que deve seguir pelos próximos meses”, disse.

Para os próximos anos, a perspectiva da empresa é de que a Europa deva atingir um Revpar de 84% no último trimestre de 2022, com a demanda doméstica de lazer se recuperando primeiro. Na ocasião, também foi destacada a volta dos eventos de hospitalidade ao redor do mundo.

Em seguida, Cypriano trouxe uma análise realizada em conjunto com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), que apontou uma queda maior da ocupação nas capitais brasileiras em 2020. No mesmo ano, a diária média chegou a cair 8,2%.

“O ano de 2020 foi híbrido para a hotelaria, no sentido de ter um primeiro trimestre muito bom e três muito ruins. No final do ano, por exemplo, as quedas foram muito expressivas, que foram intensificadas no começo de 2021”, ressaltou.

O executivo disse ainda que os hotéis que adotaram um posicionamento agressivo em relação a preços que sofreram quedas significativas, pontuando que a estratégia foi extremamente arriscada.

Durante a apresentação, Cypriano apontou que a média de casos de Covid-19 é um dos fatores que mais influenciam na busca por viagens no Brasil, que hoje figura em 86% em relação ao período antes da pandemia.

Saindo da realidade macro e trazendo o debate para a cidade de São Paulo, Cypriano aponta que a recuperação não será imediata, mas a ocupação já dá sinais de melhoria. “No pico da segunda onda, os índices caíram, registrando 10% de ocupação em alguns casos. Mas a boa notícia é que, a partir de então, esse indicador veio crescendo. Em setembro, por exemplo, foi registrado um percentual de 41,4%”, disse.

Ele também apontou que o setor de multipropriedade apresenta uma tendência de crescimento para os próximos anos, podendo crescer 68% até 2024. Atualmente, o segmento conta com 56 novos projetos e 12.437 unidades habitacionais.

Hotelaria: o que esperar para 2022?

Dando continuidade ao evento, Delphorno trouxe apontamentos sobre o cenário de vendas na retomada das atividades do setor hoteleiro para os segmentos corporativo e de lazer.

Foi realizado um estudo com 4.949 hotéis e 640 destinos no Brasil, com um recorte de tempo entre 2019 e 2021. No pré-pandemia, o pico de vendas aconteceu em outubro de 2019, devido às festividades de final de ano, atingindo 100%.

“Já em julho de 2020, durante a pandemia, tivemos as chamadas ‘bolhas de demanda’ na hotelaria, que basicamente são demandas reprimidas proporcionadas pelos primeiros meses de isolamento, imposto pela crise sanitária”, ressaltou.

Segundo o levantamento, setembro deste ano foi o período recorde de vendas, trazendo um volume maior do que o pré-pandemia. O crescimento é atribuído ao cenário atual, de relaxamento das medidas sanitárias.

Dentre as regiões, os destinos do Nordeste estão entre os cinco mais procurados. Destes, quatro são na região: Porto Seguro (BA), Ipojuca (PE), João Pessoa, Fortaleza e Natal. Na região Sul, Gramado (RS) aparece como o grande expoente da retomada, figurando como a cidade de maior destaque.

O levantamento também apontou que as vendas diretas cresceram no início da retomada, devido ao grande volume de remarcações e restrições de funcionamento dos empreendimentos. A aceleração de vendas em hotéis com diária média acima de R$ 400,00 foi mais acentuada, influenciando do indicador no país.

Alguns segmentos da hotelaria já desempenham uma boa recuperação, mas a tendência é de que o setor corporativo se recupere efetivamente em 2022. Por outro lado, o lazer deve continuar forte nos próximos meses, visto que os viajantes estão se sentindo mais seguros.

(*) Crédito da foto: Divulgação/HotelInvest