Com planos ambiciosos de crescimento, a hotelaria da América Latina busca se expandir de forma sustentável. Na região, o setor tem o objetivo de crescer dando atenção especial aos impactos ambientais. Durante a conferência Hotel Opportunities 2022 Latin America, executivos de hotéis falaram sobre os mercados de interesse e estratégias de crescimento para a região, segundo o Costar.

O Grupo Posadas, por exemplo, opera no México há mais de 50 anos e busca expandir suas atividades para o Caribe, especificamente o Caribe mexicano, afirma José Carlos Azcárraga, CEO da rede, que também já esteve na América do Sul por cerca de 15 anos.

Recentemente, o grupo abriu um empreendimento Live Aqua na República Dominicana e tem seis projetos em desenvolvimento em diferentes ilhas. “Não quero ser muito simplista, mas quando você tem sucesso em ter hotéis em Cancún, não é tão difícil ir à República Dominicana e fazer isso também”, afirma Azcárraga.

A Sonesta Hotels Corp é outra empresa que tem planos de expandir o portfólio na América Latina. Parte desse processo diz respeito a um acordo de franquia master com a GHL Hotels, com sede na Colômbia, e que possui 15 empreendimentos na região. “Acreditamos que é uma extensão natural do que já temos e criamos nos EUA”, ressalta John Murray, CEO da rede.

Outras iniciativas

Richard Russo, diretor da administradora Highgate, disse que a empresa reconheceu a necessidade na região, de uma abordagem centrada no proprietário para o gerenciamento de despesas.

“Como vimos as marcas contratarem algumas de suas capacidades operacionais em alguns desses mercados, pensamos que havia uma oportunidade de preencher essa lacuna”, explica.

Voltando a falar das redes, a aquisição das marcas Fairmont, Raffles e Swiss pela Accor há cinco anos sinalizou mudança significativa no portfólio da gigante francesa nas Américas, de acordo com Sara Glenn, diretora de Operações da rede para as Américas do Norte e Central.

Apesar de a empresa ter presença de luxo notável no Canadá e EUA, historicamente suas marcas econômicas e midscale dominaram o portfólio do México, América Central e do Sul, mas esta realidade vem passando por mudanças, segundo Sara.

“Definitivamente, não estamos esquecendo do midscale e econômico. É uma parte importante do nosso modelo de negócios e há espaço para crescimento nessa área. Mas sentimos que, com as marcas de luxo e lifestyle, há uma abundância de oportunidades”, finaliza.

Estratégias ESG

Como a sustentabilidade continua sendo enfatizada no desenvolvimento hoteleiro, principalmente nos destinos de resort na América Latina, a Highgate elevou seus padrões para ESG (Enviromental, Social and Governance), superando os requisitos estabelecidos pelas marcas hoteleiras, pontua Russo.

Atualmente, mais de 200 hotéis da empresa estão utilizando energia limpa e renovável e, recentemente, foi anunciado o primeiro empreendimento neutro em carbono, no Havaí. Como parte do acordo, a empresa se comprometeu a plantar mais de 100 mil árvores no estado americano e, só nos primeiros meses do ano, já foram plantadas 7 mil.

Além disso, vários fundos de private equity e outras fontes de capital estão focados em investir apenas em empresas que apoiam iniciativas sustentáveis. A Sonesta adotou medidas semelhantes ao adicionar jardins e colmeias em algumas propriedades. A empresa administra 160 hotéis long stay.

Já a Accor tem meta de reduzir 46% das emissões de carbono até 2030. Esse número deve chegar a zero até 2050, segundo Sara. “Há pressão de todos os lados e acredito que adotar essas iniciativas é um componente extremamente importante”, destaca.

Azcárraga destaca que, a cada dia, os hóspedes se mostraSm mais interessados nos esforços ESG que as empresas estão realizando. O executivo acrescenta que eles querem saber o que as redes estão fazendo pelo planeta, pela sociedade e pessoas que trabalham nos hotéis. “Essas mudanças precisam ser feitas, especialmente em lugares onde sabemos que a ajuda é necessária”, complementa.

Estímulo à diversidade

Ao contrário do que se pensa, ESG não diz respeito só à redução de impactos ambientais. A diversidade da força de trabalho também é uma prioridade nas estratégias das empresas. Na Sonesta, atualmente cerca de 55% dos gerentes gerais são mulheres, e as iniciativas de recrutamento estão focadas em aumentar o número de pessoas negras em seus cargos de liderança sênior em hotéis e escritórios corporativos, aponta Murray.

Por fim, Sara diz que as franquias de hotéis serão mais fortes se houver uma profunda diversidade de pensamento e representação. Nas Américas do Norte e Central, 60% do quadro de funcionários da Accor é composto por mulheres, uma mudança significativa nos últimos anos, finaliza Sara.

(*) Crédito da foto: anncapictures/Pixabay