No cenário global e nacional, a gestão hoteleira está passando por uma transformação constante, impulsionada por conceitos inovadores, como a multipropriedade e os short-term rentals. Nesse contexto, o Hotel Trends Orçamentos 2025 reuniu especialistas para explorar a complexidade desses modelos de negócios, que exigem adaptação contínua das operações hoteleiras para manter a competitividade e atender às expectativas dos viajantes modernos, que buscam não apenas conforto, mas também inovação e valor.

Guilherme Martini, VP de Operações, Vendas e Marketing da Atlantica Hospitality International, destacou que a companhia possui uma área específica dedicada a estes segmentos. O executivo observou que o cliente pode ser atraído por ambas as modalidades de hospedagem, tornando a definição de preços um fator crucial. “É importante considerar a precificação em ambas as modalidades para evitar a sobreposição e garantir que o valor do serviço seja justo”, afirmou.

Allan Sztokfisz, CEO e co-fundador oa Charlie, abordou a competição entre plataformas como Airbnb e a hotelaria. “À medida que o short-term rental cresce, há ajustes repentinos que apresentam um sistema distinto da hotelaria”, comentou. Ele vê a necessidade de expandir a oferta frente a uma demanda que cresce desproporcionalmente, destacando a maturação crescente do mercado hoteleiro, apesar dos desafios para a expansão.

Felipe Marcondes, head de STR e Real Estate da Noctua Advisory, observou, na palestra do Hotel Trends Orçamentos 2025, que o mercado ainda é imaturo, com unidades habitacionais disponíveis apenas em temporadas altas e datas oportunas, o que limita a exploração mais ampla do segmento. Trazendo um contraponto, Martini observou que existe um perfil de público específico conforme a região. “Próximo a locais de eventos, há um público jovem e moderno, mas também há áreas ocupadas por pessoas que necessitam de tratamentos médicos”, ressaltou.

Multipropriedade

Maria Carolina Pinheiro, diretora de Desenvolvimento de Novos Negócios da Wyndham Hotels & Resorts para a América Latina, afirmou que o objetivo da rede não é operar diretamente, mas apoiar os projetos de multipropriedade. Ela destacou que o segmento é impulsionado por destinos turísticos atraentes. “O segredo está na localização do produto”, observou. A probabilidade de ocupação, segundo a executiva, é crucial para identificar o melhor destino para promover o modelo e garantir um retorno financeiro substancial.

Beto Caputo

“Leque de oportunidades é maior nestes segmentos”, disse Caputo

Beto Caputo, CEO da Atrio Hotel Management, comentou que o modelo de multipropriedade difere de qualquer operação hoteleira tradicional. “A multipropriedade possibilitou a construção de muitos resorts em destinos com grandes atrações turísticas”, disse. O executivo explicou que o incorporador sempre terá um estoque disponível para venda, e, se não for vendido, deve ser direcionado ao pool de locação. De qualquer forma, endossou, é um modelo que contribui para o crescimento e desenvolvimento econômico em diversos aspectos.

Complementando a fala de Caputo, Martini acrescentou que, embora a multipropriedade seja uma forma de concorrência, o setor hoteleiro deve buscar se equiparar a ambos os modelos de hospedagem. Marcondes, por sua vez, disse que acredita que a moderação deve ser um objetivo comum para melhorar a demanda por diferentes formatos de hotéis e manter o público engajado.

(*) Crédito da capa e da foto: Bruno Churuska/Hotelier News