Para finalizar o Hotel Trends: Budget 2023, lideranças do setor subiram ao palco para compartilhar suas visões sobre o ano vindouro. O mediador do painel foi Roland Bonadona, CEO da Bonadona Hotel Consulting, que trocou experiências com os convidados Beto Caputo, CEO da Atrio Hotel Management; Guilherme Martini, COO da Atlantica Hospitality International e Fabio Mader, CEO do Grupo Leceres.

Como pano de fundo para o debate, os executivos compartilharam os processos de desenvolvimento do orçamento de suas respectivas empresas. “O GPO virou uma religião para muitas companhias, com salários que dependem desses resultados orçados”, salienta Bonadona.

No caso da Atrio, o budget é realizado em outubro como base para o ano seguinte. As estratégias começam com os departamentos de Operações e Vendas, chegando até o conselho administrativo. “Os números são finalizados antes do encerramento do ano”, destaca Caputo.

Já a Atlantica tem um procedimento mais complexo, que leva cerca de seis meses para ser concluído. De acordo com Martini, o desenvolvimento do orçamento começa em junho e termina em outubro, passando por diferentes premissas pelo caminho. “Cada hotel faz o seu planejamento, alinhando prioridades com os investidores. O corporativo avalia as premissas e, com base nessas informações, inicia o processo orçamentário que chega ao comitê executivo, que valida a versão final”.

À frente do Grupo Leceres, Mader revela que o processo de construção de budget da rede é semelhante ao da Atlantica. “Apresentamos as premissas macroeconômicas e o cronograma do orçamento com as etapas de cada área para cumprir as datas estipuladas. Os gerentes gerais participam de cada fase para que o budget seja uma construção conjunta”.

O caminho até a versão final

Da mesma forma que muitos outros segmentos, o orçamento hoteleiro passa por muitas mãos até chegar a sua versão final. Neste processo, mudanças acontecem, podendo alterar drasticamente a proposta inicial. Para o CEO da Atrio, os apontamentos são naturais, destacando que os bons resultados geram uma reação em cadeia.

“Quem está em cima precisa tirar da zona de conforto, pois é um aprendizado de todos. O problema do setor é mão de obra, pois os jovens não estão mais interessados na carreira porque paga mal. Então, como reconstruir? Resultados melhores vão descer para a cadeia e o orçamento é parte importante disso”, explica Caputo.

Na Atlantica, a meta é encontrar o equilíbrio entre as expectativas dos investidores e acionistas. “Conseguimos calibrar a diferença no planejamento. É importante que os hotéis se sintam estimulados a questionar as áreas de oportunidade de crescimento. Quando o budget está aquém do potencial, o próprio hotel já sabe onde estão os pontos que faltam agressividade”, diz Martini.

Hotel Trends - lideranças - interna

Relação com o investidor foi tema do painel do Hotel Trends: Budget 2023

Principais desafios

Sobre os principais desafios para o desenvolvimento dos orçamentos, Caputo destaca que a quebra de paradigmas e preços estão na ponta das prioridades. “Pavimentamos nossa indústria com uma macroeconomia ruim. Seja lá como for o cenário futuro, vamos atravessar. Cada mercado tem as suas particularidades, com coragem de quebrar paradigmas e simplificar a distribuição”.

“Vivemos um período de crise atrás de crise e conseguimos, ano após ano, superá-las. A dinâmica local, capacidade de encontrar soluções, de se desafiar e buscar formas de extrair valor são mais relevantes do que as condições macroeconômicas”, reforça Martini.

O CEO do Grupo Leceres afirma que é preciso olhar para dentro para encontrar soluções fora da caixa. “Vejo oportunidades de eficiência em todas as linhas. É preciso ter coragem para fazer testes”.

Sobre a relação com os investidores e gerentes gerais, Martini complementa que, após um período duro de pandemia, o papel do operador é trabalhar com perspectivas realistas. “Empatizamos com o investidor e sabemos o que eles passaram. Estamos esperançosos para o que vem pela frente e nossa missão é manter os pés no chão”.

“O gerente geral precisa entender a dinâmica, ter gestão de equipe e realizar ações gerenciais. Em contrapartida, o corporativo tem que dar os meios para isso acontecer. É uma relação de ganha-ganha”, acrescenta Caputo.

Para finalizar o painel do Hotel Trends: Budget 2023, o COO da Atlantica, os gerentes precisam acreditar nos números propostos pelo budget para fazer as metas de concretizarem. “É uma relação de cuidado. Não adianta esticar a corda se o gerente não acredita no resultado. É preciso se comprometer com aquele número”.

(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News