O setor de viagens se aproxima de dois anos de pandemia e, nesse período, players do segmento tomaram caminhos diferentes. Em termos de pricing, existe um contraste visível nas estratégias adotadas entre hotéis e a indústria de short-term rental.

Segundo a Phocuswire, os dados do relatório Hotel & Vacation Rental Covid-19 Recovery, desenvolvido pela Transparent e Amadeus, que traça o desempenho de hotéis e aluguéis de temporada em 2020 e 2021, fazem uma comparação com os níveis pré-pandêmicos utilizando como base informações de milhões de propriedades ao redor do mundo.

Em termos de pricing, com base no preço médio semanal para uma estada de uma noite em um hotel e em um aluguel de temporada de um quarto, os dados mostram que os hotéis tentam atrair ocupação máxima reduzindo drasticamente suas tarifas. Os valores chegaram a 40% abaixo das taxas de 2019 em abril e maio de 2020.

Desde então, as tarifas dos hotéis vêm aumentando gradativamente, alcançando os níveis pré-pandemia por volta de agosto de 2021, depois caindo novamente. Nos últimos dois meses do ano passado, as tarifas excederam os valores de 2019. No acumulado de 2021, as diárias dos hotéis foram 11% inferiores ao registrado antes da crise, mas em janeiro de 2022 bateram 8% acima do que há três anos.

Por aqui, o short-term rental vem ganhando espaço com o surgimento de players especializados em plena fase de expansão de seus negócios. Em contrapartida, grandes redes hoteleiras passaram a competir no segmento, criando seus próprios braços de aluguel de temporadas como forma surfar na crista da onda das demandas por acomodações privativas.

Estabilidade no short-term rental

Quanto ao short-term rental, os preços quase não caíram — mesmo na fase mais aguda da pandemia. Na verdade, as taxas de aluguel de temporada subiram ligeiramente acima dos níveis de 2019 no final de março de 2020 e novamente em maio. As altas foram consequência da grande procura por acomodações privadas, motivadas também pelo trabalho remoto.

Em seu patamar mais baixo, o short-term rental chegou a performar com tarifas 10% abaixo quando comparadas a 2019, principalmente durante o outono no Hemisfério Norte em 2020. Desde então, as diárias dos aluguéis de temporada aumentaram constantemente, ficando acima dos valores pré-pandêmicos ao final de 2020, com alta de 18% até 2021.

Em janeiro de 2022, as taxas do short-term rental foram 31% mais altas do que na mesma época de 2019. “Essa tendência ajudou a fechar a lacuna nos preços do setor, mas na última semana de 2021 uma diária média em um aluguel de temporada custava US$ 118, enquanto uma noite de hotel ainda era mais alta em US$ 186” , aponta o relatório.

Fluxo de demanda

Globalmente, ano a ano, comparando 2019 a 2021, os dados mostram que as reservas foram mais fortes para os hotéis. “Já que as viagens de negócios persistem mais por meio de restrições contínuas”, diz o relatório. E a duração da estada continua a diferir, com o tempo médio dos aluguéis de temporada de até cinco dias, frente a quatro em 2019, em comparação com dois dias para hotéis.

“Esse crescimento ajuda a explicar o aumento da ocupação e representa um aumento maior e persistente na duração da estada para aluguéis de temporada, onde o espaço e as comodidades são tipicamente superiores, enquanto a duração em hotel permaneceu praticamente inalterada”, salienta o estudo.

(*) Crédito da foto: reprodução/Phocuswire