Assim que anunciada a pandemia e com as medidas de segurança, as empresas viram-se obrigadas a desenvolver planos de contenção e mandar o maior número de funcionários para a casa. Perto de completar um ano de home office, as marcas continuam a prorrogar o trabalho remoto e algumas optam até mesmo por perpetuar o modelo.

É o caso da OYO, que até agora confirma a volta para o escritório só a partir de julho de 2021 para a equipe da central administrativa com sede em São Paulo, podendo ficar por mais tempo se julgar necessário. “O termo ‘Work from anywhere’ é como temos chamado a iniciativa nos outros países em que atuamos, a fim de dar ainda mais flexibilidade para nossos funcionários, mesmo depois da pandemia. Estamos sempre atentos às novas tendências e, se preciso for, vamos continuar nos adaptando, sempre pensando em entregar a melhor experiência de trabalho para todos”, diz Luiza Gomide, head de RH (Recursos Humanos) da OYO Latam.

A rede entende que o modelo híbrido é o que dá mais equilíbrio e favorece as relações de trabalho. “Proporcionando assim um bem-estar para os nossos OYOpreneurs, como chamamos nossos colaboradores”, complementa a executiva.

A Accor também prorroga a estadia dos funcionários em casa, mas ainda não trabalha com nenhuma data em vista. “Falando da nossa área administrativa, o retorno presencial de nossos colaboradores será feito no momento certo, sempre prezando pela saúde e segurança de todos”, comenta Fernando Viriato, vice-presidente sênior de Talento e Cultura Accor América do Sul.

Outra alternativa é o home office definitivo, anunciado recentemente pelo Centro de Serviços Compartilhados da Accor. “É uma área com 150 funcionários que vão adotar uma rotina de trabalho de suas casas, além de poder contar com um espaço de apoio disponibilizado pela Accor para reuniões específicas, processos de seleção e acolhimento, treinamentos e team buildings“, conta Viriato.

O local de apoio conta com uma área com 20 posições fixas de trabalho em um espaço exclusivo no hotel ibis Tamboré, seguindo todos os protocolos de segurança e saúde recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e exigidos pelos órgãos competentes do governo local. “E mais: os colaboradores poderão usar o espaço de coworking via agendamento, por meio de um aplicativo”, adiciona o vice-presidente.

A iniciativa surgiu a partir de um feedback dos próprios funcionários. “Para tomar essa decisão, foi feita uma pesquisa com os 150 colaboradores dessa área para entender como percebiam a experiência de teletrabalho e 97% das pessoas aprovaram a ideia. Estamos falando de melhoria da qualidade de vida das pessoas e contribuição para o meio ambiente”, divide Viriato. “Com a diminuição radical do deslocamento do time, teremos um ganho de tempo que era utilizado no deslocamento delas com impacto direto no aumento da qualidade de vida, uma redução na emissão de carbono na atmosfera na ordem de 2.400 toneladas. Também chegaremos à marca zero de impressão de papel, garantindo a confidencialidade de dados da Accor e seus investidores, além da economia de energia, água, químicos de limpeza, entre outras vantagens”, pontua.

home office - luiza gomide

Luiza: OYO deve manter o modelo de trabalho até julho deste ano

Os impactos do home office

Sem uma supervisão constante e uma rotina estabelecida no local de trabalho, há certa insegurança quanto à produtividade da equipe. Entretanto, até agora as empresas têm se mostrado felizes com os resultados obtidos. “Percebemos que o trabalho em sistema remoto funciona muito bem. Não tivemos impacto na performance do time ao passarmos a utilizar essa modalidade de trabalho. Conseguimos desenvolver atividades que uniram ainda mais os funcionários, além de pesquisas e novos canais de comunicação para identificarmos e reagirmos rápido a qualquer descontentamento”, observa Luiza.

No caso da Accor, a empresa viu inclusive os números crescerem em alguns setores. “No exemplo do Centro de Serviços Compartilhados, foi registrado ganho de produtividade entre 10% e 15% com o trabalho remoto. Não perdemos produtividade em nenhuma área, pelo contrário, como alguns processos foram digitalizados, isso nos deu ganhos”, comenta o vice-presidente.

Para dar suporte ao trabalho remoto, a rede inclusive montou uma força tarefa, incluindo, quando necessário, pacote de internet, notebooks e cadeiras ergonômicas. “Após esse período de adaptação, não registramos quedas de produtividade de nossos colaboradores”, afirma Viriato.

Com a produtividade em dia, outro desafio que pode aparecer é a humanização. É possível substituir o contato humano em uma área que exige tanto da hospitalidade? Segundo Luiza, a grande aliada deste momento é a tecnologia. “Com a pandemia, aceleramos ainda mais a automatização de processos, o que facilitou a integração com outras áreas dentro da empresa. E mesmo antes do coronavírus, o contato com novos parceiros ou prospects já eram feitos de forma virtual e, salvo algumas exceções, havia necessidade de visitas presenciais”, explica.

home office - fernando viriato

Viriato afirma que a produtividade cresceu em alguns departamentos

O outro lado do atendimento

Embora o administrativo e o operacional talvez possam ser desenvolvidos sem estarem alocados, a linha de frente do atendimento ainda se faz necessária. “Nada vai substituir o contato humano. Somos uma empresa de hotelaria. Receber bem um cliente pessoalmente, proporcionar uma experiência física para os hóspedes em nossos hotéis é o nosso negócio e sabemos que a maior parte deles continuarão a valorizar isto. O mesmo vale nos exemplos acima das áreas de suporte da sede”, diz Viriato.

Se o home office por completo parece praticamente impossível, como então manter a excelência do serviço? Segundo o vice-presidente da Accor, as respostas estão nos protocolos e na adaptação. “A Accor é uma empresa global. A troca de experiências da nossa região com outros países onde temos operações, um pouco mais à frente no combate à pandemia, foi fundamental para a garantia na excelência de atendimento. Fomos pioneiros no setor na parceria com o Bureau Veritas, que resultou no nosso selo AllSafe, o que garante o atendimento presencial, indispensável na hotelaria”, destaca.

Outras ações de adaptação

A Accor também tomou medidas emergenciais, destinando para a América do Sul recursos por volta de R$ 5 milhões para ações de solidariedade durante o período de pandemia. “Com origem do Heartist Fund, fundo criado pela empresa para ajudar colaboradores e parceiros em meio à crise mundial, o valor foi destinado para compra e distribuição de cestas básicas, auxílio para funcionários desligados ou suspensos, suporte à mulheres vítimas de violência doméstica e descontos na aplicação de tarifas solidárias”, explica Viriato.

Também como parte dos recursos do Heartist Fund, a Accor prestou suporte a colaboradores desligados da empresa com serviços como telemedicina, assistência médica, assessoria de realocação e auxílio funeral. A rede direcionou ainda cerca de R$ 1 milhão dividido entre diversas ações de doações e descontos aplicados em tarifas solidárias.

A gigante da hotelaria ainda implementou outras iniciativas como opção de troca do ticket restaurante por ticket alimentação e modificações no processo do reembolso da farmácia. Em 2020, a rede também promoveu lives do time de vice-presidentes com os colaboradores, sessões de culinária, festas virtuais e comemoração virtuais de aniversários, sessões online de ioga e ginástica laboral, rodas de conversa, envio das cadeiras do escritório e auxílio internet.

(*) Crédito da capa: StartupStockPhotos/Pixabay

(**) Crédito das fotos: Divulgação