De Olinda, Pernambuco*

Patrícia Ghisleni deixa a Bourbon e foca em consultorias

Executiva tem uma história de 15 anos na rede

Este ano marca uma nova etapa na trajetória profissional de Patrícia Ghisleni. Palestrante de hoje (5) no FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação Nordeste), que acontece dentro da HFN, a executiva deu adeus recentemente ao cargo de diretora de Gestão de Pessoas da Bourbon Hotéis & Resorts.

Entre idas e vindas, Patrícia permaneceu 15 anos na rede, onde ingressou em 2004. “Tive muitas oportunidades de crescimento e a empresa apostou bastante no meu potencial, o que é uma característica da Bourbon, que é o desenvolvimento de pessoas”, comenta a profissional.

patricia ghisleni - lobby

Após o último desligamento, Patrícia retornou em 2017 para assumir o cargo de diretora, cuidando de toda a gestão de pessoas da rede, cadeira que ocupou por quatro anos e meio. Em seus períodos longe da empresa, ela já vinha investindo em consultorias e atendendo empresas de diferentes segmentos com serviços de desenvolvimento de lideranças e equipes.

A saída, desta vez, tem cunho particular, e ela ressalta que foi uma decisão difícil de ser tomada. “É uma empresa que tenho muito respeito e admiração, mas foi uma escolha embasada em questões familiares e particulares”, pontua.

Neste novo ciclo, Patrícia vai se dedicar a sua empresa de consultoria, a Patrícia Ghisleni – Prospecção e Desenvolvimento de Talentos. “Meu objetivo é investir na empresa com treinamento e desenvolvimento de pessoas, que eu enxergo como uma demanda que virá com força na retomada não só no turismo, mas em diversos setores, o que me possibilita abrir o leque de atuação”.

A executiva é formada em Psicologia e pós-graduada em Gestão de Pessoas pela PUC-RS. A profissional também possui formação em Executive Coaching & Leadership Management pelo Instituto Cresceres Personas, e em Psicologia Positiva pelo Instituto Educação Positiva, além de ter lecionado no curso de pós-graduação da Faculdade de Estudos Sociais do Paraná, no módulo de Treinamento e Desenvolvimento. “Voltar para a vida acadêmica é algo que eu amo e está nos planos retornar”, finaliza.


Marante Executive dobra vendas diretas após reabertura

Hotel ficou nove meses fechado durante a pandemia

Estrategicamente paralisado por nove meses em 2020, o Marante Executive retomou suas operações em janeiro deste ano. Para não prejudicar a performance do empreendimento irmão, o Marante Plaza, muito procurado por hóspedes de lazer, o hotel vem se recuperando do intervalo nas atividades. E as vendas diretas, que antes representavam 13% das reservas, hoje tem expressividade de 27%.

Sob a gestão de Sergio Paraiso desde junho de 2021, a unidade vem fazendo um amplo trabalho com operadoras de turismo regional e já sente o retorno de pequenos eventos. Buscando elevar os índices de ocupação e diária média, o Marante Executive fez melhorias em seu café da manhã, o que gerou uma boa repercussão nas avaliações.

“Também passamos a focar em pequenos eventos, sempre seguindo os protocolos. Com a liberação do setor, aumentamos nossa capacidade. Isso nos fez crescer na satisfação do hóspede e hoje o Marante voltou aos padrões de ocupação pré-pandemia, além de melhorar a diária média”, comemora Paraiso em entrevista ao Hotelier News durante a HFN.

HFN - sergio paraiso

Na primeira metade de 2021, fortemente impactada pela segunda onda de contágios, o hotel teve ocupação acumulada de 55%. De julho em diante, o indicador subiu para 80% e encerrou outubro com recorde de 88%, lembrando que o empreendimento opera com 90% de ocupação para a higienização dos quartos.

Hoje, a diária média do Marante está na casa dos R$ 225 líquido, com preço de venda a R$ 260. Para agregar valor ao hóspede, uma academia e serviços de valet foram implementados. Já a demanda, que antes era 50% oriunda do corporativo, 30% de lazer e 20% de eventos, hoje tem o público business como representante de 60%. Quanto ao internacional, a expectativa é que após o Carnaval os visitantes argentinos retornem a Recife.

Paraiso explica que, apesar do período de paralisação, o Marante Executive deve cobrir cerca de 30% das perdas da pandemia este ano e, se tudo ocorrer bem, em 2022 o cenário estará empatado. “Se não fosse pelos meses fechados, talvez este ano conseguíssemos zerar os prejuízos”.

O empreendimento também retoma o projeto de seu novo centro de eventos, que será construído no lugar de um dos três andares de estacionamento. “É um projeto que existia antes da pandemia. Consolidando a ocupação em 2022, vamos dar andamento. Desta forma, o hotel passará a contar com mais uma sala para 500 pessoas e outras quatro com capacidade para 100”.


ABIH-PE: diária média só vai subir com aumento substancial de demanda

Entidade vem se articulando junto ao poder público para impulsionar o turismo

Com exceção de alguns destinos e empreendimentos, a hotelaria pernambucana segue afetada pela crise. Para Carlos Periquito, diretor executivo da ABIH-PE (Associação da Indústria de Hotéis de Pernambuco), as diárias médias só voltarão a subir quando houver um aquecimento robusto das demandas no setor. “Hoje, infelizmente, temos hotéis com diárias de 2014. E isso não acontece só em Pernambuco, mas no país inteiro, dependendo da categoria”.

Presente na HFN, Periquito explica que o cenário econômico de incertezas traz ainda mais dúvidas para o segmento em 2022. “Tudo depende da conjuntura econômica. Alguns indicadores apontam que o ano que vem não será bom nesse aspecto. Se a economia evoluir, começaremos a ter um crescimento de diária média a partir deste verão. Vale lembrar que em alguns destinos a tarifa já ultrapassa os níveis de 2019”.

A expectativa é que o litoral pernambucano fique acima dos 90% de ocupação no fim de ano, mesmo sem as demandas internacionais, que seguem inexpressivas. “Temos uma mudança de perfil do turista em Recife, que antes da pandemia era 80% corporativo. Hoje, chegamos a um equilíbrio, com metade das demandas de lazer e a outra a negócios”, diz o diretor.

Caminhando lado a lado com o setor público, a ABIH-PE e CVBs do estado vêm articulando ações promocionais para divulgar o estado ao público nacional. “A prefeitura de Recife, de Porto de Galinhas, o Sebrae, todos são nossos parceiros e juntos temos um grande programa de divulgação”, pontua Periquito na HFN.

Com a campanha “Bora Pernambucar”, o governo do estado também visa promover destinos pouco explorados. A entidade apoia o desenvolvimento de novos produtos turísticos, mas ressalta que o investimento deve ser proporcional à capacidade de atender as demandas.

“O esforço tem que ser igual ao potencial de resposta do destino. Não adianta investir em locais sem meios de hospedagem. É preciso ter cuidado e equilíbrio para o desenvolvimento ser feito de forma saudável”, finaliza o executivo.


Após quedas bruscas, hotéis em Porto de Galinhas buscam diária média

Solar Porto de Galinhas e Vivá Porto de Galinhas elevam tarifas

Dentre os muitos prejuízos causados pela pandemia, a recuperação da diária média vem se mostrando o mais desafiador. Com a inflação no país nas alturas, muitos empreendimentos ainda têm dificuldade em ajustar tarifas. Esperando taxas de ocupação superiores a 80% para a alta temporada, o Solar Porto de Galinhas e o Vivá Porto de Galinhas retomam a subida dos preços.

“Estamos vivendo um cenário inflacionário e a hotelaria passou por uma revisão de seus custos. Todos tiveram que revisitar suas operações e reduzir despesas, mas a verdade é que os gastos aumentaram com a adoção dos protocolos. Não é fácil acompanhar esse crescimento com as tarifas, mas estamos chegando perto dos índices de 2019”, explica Artur Maroja, diretor dos empreendimentos, durante a HFN.

HFN - artur maroja

Ambos os hotéis trabalham com tarifas flutuantes ao longo do ano, mas para dezembro, o Vivá chega a R$ 1.600 em diária média, enquanto o Solar fica na casa dos R$ 1.300. “As perspectivas para a ocupação são boas, pois as férias em família para Porto de Galinhas é algo relevante. Estamos olhando o cenário do segundo semestre até o início de 2022 com muita esperança, mesmo que num cenário de recuperação lenta e gradual, mas constante”, avalia Maroja.

Em 2020, a diária média dos empreendimentos sofreu queda de 30% frente a 2019, com seis meses de operações paralisadas por falta de demanda. Atuando em todas as frentes, os resorts também vêm sentindo dificuldades em captar clientes.

“Existe uma demanda reprimida, mas a captação não é mais tão simples de ser feita, requer esforço pela concorrência fortíssima. A hotelaria como um todo está se preparando para receber o cliente, além das tarifas aéreas estarem muito acima do que o brasileiro estava acostumado”, pontua o diretor.


Pontes Hotéis: demandas regionais e nacionais já equalizaram

Summerville Resort vem liderando a retomada

Uma das principais características da retomada hoteleira foi o fortalecimento do turismo regional. Sem percorrer grandes distâncias e ainda com receio do transporte aéreo, muitos hóspedes optaram por viajar de carro para cidades e estados vizinhos. Com o avanço da vacinação, aos poucos, o cenário vem mudando.

Na Pontes Hotéis, as demandas regionais e nacionais já estão em pé de igualdade, segundo Luis Guilherme Pontes, diretor executivo da rede, no terceiro dia de HFN. Com duas unidades em Recife e um resort em Ipojuca, a empresa tem boas perspectivas de recuperação, com o Summerville Resort puxando para cima os números.

HFN - luis guilherme pontes

“Na hotelaria como um todo, os resorts vêm performando melhor do que os hotéis de cidade. E nosso caso não é diferente. O fim de ano está bem vendido e devemos chegar a ocupação total nos três empreendimentos, mas o Summerville deve esgotar suas reservas antes do tempo”, explica o diretor na HFN.

O executivo revela que os hotéis já estão recebendo turistas de outras regiões, com um fluxo diversificado em suas unidades, dependendo do perfil de cada uma. Quanto ao público internacional, Pontes afirma que o retorno deve acontecer apenas em 2022.

“O internacional ainda está fraco, mas o corporativo nacional está indo muito bem em nossos hotéis urbanos. Ainda não será possível recuperar as perdas este ano, mas já demos um passo muito importante”, completa.


Park Hotel: perdas da pandemia levarão até 3 anos para serem recuperadas

Demandas de lazer passaram a ter maior expressividade

Antes da pandemia, Recife tinha como seu principal público os turistas corporativos. Assim como outros destinos brasileiros, a capital pernambucana viu o perfil de seus visitantes mudar. E a hotelaria sentiu essa transformação, como é o caso do Park Hotel.

De acordo com Maria Carolina Oliveira, diretora do empreendimento, presente na HFN este ano, antes da crise, o corporativo representava 70% das demandas na maior parte do ano. Agora, os turistas a lazer são os principais impulsionadores das ocupações do hotel.

“Antes da pandemia, tínhamos um perfil corporativo. Não apenas o hotel, mas a cidade em si. O lazer não era tão forte com exceção dos meses de julho de janeiro. Depois do período de isolamento, vimos essa demanda mudar com o turismo regional”, avalia a diretora. “Nunca vimos tantos hóspedes de bermuda”, brinca.

Ainda que os visitantes de estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste já sinalizem retorno, Maria Carolina explica que as diárias médias ainda não estão recuperadas, principalmente pela questão da inflação acelerada no país.

Para o fim de ano, a perspectiva é de 90% de ocupação para o Réveillon e férias de verão, mas as perdas ainda se arrastarão pelos próximos anos. “O prejuízo de 2020 foi muito grande e acredito que vamos levar entre dois e três anos para nos recuperar”, finaliza.

(*) A reportagem do Hotelier News viaja a Olinda a convite da HFN

(**) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News e Divulgação/HFN