FOHI 2020 p marketing e precificaçãoParticipantes falaram de algo que preocupa os hoteleiros: guerra tarifária

Na sequência do FOHI (Fórum Online de Hotéis Independentes), aberto hoje (16), foi realizada a palestra Marketing e precificação: como fugir da guerra de preços e atrair o hóspede ideal usando canais digitais como o Instagram e Google. Participaram do debate Igor Castelo, da Amarante Hospitalidade; Fabio Passos, consultor e professor de hotelaria e turismo;  Nathalia Borghi, do site Viver de Pousada; Thiago Akira, palestrante e consultor de marketing turístico digital; e Augusto Rocha, vice-presidente de Vendas e Marketing da Pmweb.

Mediador do debate, Maycon Gabry, CEO da MarkWeb, começou o bate-papo abordando um assunto bastante quente no momento: guerra tarifária no pós-pandemia. Para Passos, definitivamente este não é melhor caminho para a hotelaria. “Antes de te responder, coloco outro questionamento: os meios de hospedagem sabem exatamente quais são seus custos? Então, antes de rever tarifa para o pós-pandemia, é preciso olhar a fundo seus gastos”, comentou. “Para agregar valor ao seu preço, ofereça serviços agregados para atrair consumidores”, recomendou.

Especialista em gestão e operação de pousadas, Nathalia também deu o olhar dos pequenos meios de hospedagem sobre o assunto. “Obviamente sou contra a guerra tarifária, até porque pousadas não têm tanta margem para fazer promoções agressivas. Entendo que os consumidores podem buscar ambientes mais acolhedores e intimistas, o que pode ser uma boa oportunidade para as pousadas na retomada. Agora, como o Fábio falou, é preciso levar em conta os custos. É um momento para as pequenas pousadas se profissionalizarem”, avalia.

Agora, para executar uma estratégia de preço eficiente e evitar guerra de preço, um ponto fundamental é entender a jornada de compra do consumidor. Akira, por exemplo, acredita que o Instagram pode plantar essa sementinha e gerar o desejo no consumidor. “O Instagram é o canal de muitas empresas do turismo e sempre existe a tentação de buscar uma fórmula mágica sobre como atuar lá. No entanto, cada hotel deve testar para encontrar a maneira correta”, avalia.

“A função do Instagram é estimular o desejo e estímulo, atraindo a atenção do consumidor. E, olhando a jornada do consumidor como um todo, outras redes sociais também fazem pare dela. Aqui, a melhor combinação para atuar bem ao longo dela é ter bom conteúdo e direcionamento de mídia para encontrar o público certo. É gerar informação para o que as pessoas estão efetivamente buscando”, completa.

Rocha fez uma complementação valiosa à fala de Akira. “Em algum momento, o Instagram vai limitar a quantidade de pessoas que vê suas postagens. Dessa forma, você não pode ficar dependente desse canal. Uma estratégia é tentar captar leads na rede social, como e-mail ou telefone, para buscar contato direto por meio de uma base paralela. Quanto mais os meios de hospedagem conseguir isso, melhor”, acrescentou.

FOHI- marketing e precificaçãoComo se posicionar sobre vendas futuras foi outra questão debatida

FOHI: venda futura

Um dos questionamentos de parte do público durante a transmissão era sobre como fazer a estratégia de venda futura, principalmente em um momento que vários meios de hospedagem estão fechados. Castelo, da Amarante Hospitalidade, compartilhou a forma como a empresa está se posicionando. “Definimos com antecedência que reabriríamos apenas em setembro. Já começamos a vender e, entre as regras tarifárias, colocamos entre elas remarcação grátis e reembolso completo”, comentou.

Para Castelo, é preciso dar clareza ao hóspede no processo de compra. “Se você está abrindo agora para venda, isso é fundamental. Ao mesmo tempo, empatia também é importante nessa comunicação. Não se deve ser agressivo na venda, ainda mais neste momento em que as pessoas perderam renda e ainda estão com medo”, comentou. “Até porque feed de rede social não são classificados de jornal, certo?”, acrescentou Gabry.

Questionado pelo público se mudaria essas regras tarifárias se a ocupação voltasse a subir, Castelo respondeu que não. “Com a demanda aumentando, voltarei com a flutuação normal dos preços, mas mantendo a tarifa reembolsável, que está se tornando um padrão mundial. Uma boa dica é ficar atento às redes sociais, que podem te subsidiar com informações sobre o sentimento do consumidor sobre precificação”, recomenda.

Para finalizar, os participantes comentaram a importância do lead, independentemente do canal de venda de origem, para estimular as vendas diretas futuramente. “O dever do hoteleiro é captar essas informações. Para a Shell, por exemplo, é muito difícil saber quem abastece nos postos. Já a hotelaria, tem a ficha cadastral obrigatória. Então, o setor tem tudo na mão”, disse Rocha, da Pmweb, que acrescentou:

“O hoteleiro precisa entender que, com essas informações na mão, é mais fácil entender o interesse do cliente em retornar. Ao mesmo tempo, não é necessário ter grandes soluções tecnológicas para explorar essas informações. O que você deve se munir é de metodologias, porque há tecnologias acessíveis para todos”, acrescentou.

Por fim, Nathalia deu uma dica aos pequenos meios de hospedagem. “Muitos dos donos de pousadas achma que é custoso demais gerir a base de dados dos clientes. Pode ser caro usar uma solução automatizada, mas lembre-se que você, pousadeiro, tem uma base menor e pode fazer esse relacionamento com o cliente com menos recursos. Não deixa que isso seja uma barreira”, finalizou.

(*) Crédito da capa: William Iven/Unsplash

(**) Crédito das fotos: reprodução da internet