Quando um setor atravessa períodos drásticos como o que estamos vivendo, o tempo é o melhor remédio. Mês a mês, a hotelaria brasileira vem se reconstruindo em busca da retomada, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Na 167ª edição do InFOHB, relatório de mercado desenvolvido pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), as melhorias são visíveis, mas ainda muito aquém do performado em 2019 em todas as praças pesquisadas em junho.

Desconsiderando os comparativos de 2020, pois estes não apontam a realidade do segmento, o estudo apresenta decréscimos nos três principais indicadores. A análise foi baseada em dados de 503 hotéis de redes associadas, totalizando uma oferta de 79.133 UHs. No último mês do primeiro semestre, a hotelaria brasileira registrou queda de -34,4% na taxa de ocupação, -18,3% na diária média e -46,4% no RevPar.

No recorte regional, o cenário não é diferente. A de ocupação caiu em todas as localidades: -25% no Centro-Oeste; -25,9% no Nordeste; -6,2% no Norte; -38,6% no Sudeste e -37,5% no Sul. A diária média, que segue como o calcanhar de Aquiles da maioria dos empreendimentos, também apontou percentuais negativos sendo -7% no Centro-Oeste; -8,3% no Nordeste; -8,2% no Norte; -23,1% no Sudeste e -8,4% no Sul. Já no RevPar, queda de -30,3% no Centro-Oeste; -32% no Nordeste; -13,9% no Norte; -52,7% no Sudeste e -42,8% no Sul.

Na análise de desempenho por categorias, a taxa de ocupação declinou em todos os segmentos, com -33,8% no Econômico, -33,5% no Midscale e -39,2% no Upscale. Na diária média, decréscimos de -13,5% no Econômico, -20,4% no Midscale e -18,9% no Upscale. No RevPar, percentuais negativos de -42,8% no Econômico, -47,1% no Midscale e -50,6% no Upscale.

Para Orlando Souza, presidente do FOHB, o ponto positivo é que no primeiro semestre de 2020, quando o número de contaminados ainda era relativamente baixo, os resultados para a hotelaria foram muito inferiores quando comparados com o período em 2021, apesar dos impactos da segunda onda.

“Em 2020, as ocupações chegaram a zero e tivemos 90% da nossa oferta hoteleira paralisada. Na segunda onda, quando registramos um número muito maior de contaminados, os números melhoraram. Isso mostra que as pessoas aprenderam a conviver com a incerteza e insegurança. Hoje, 90% dos hotéis estão operando. Parece uma contradição, mas é uma evolução para o setor, visto que os empreendimentos têm muitos custos operacionais”, avalia Souza.

 

FOHB - grafico 1

FOHB: principais mercados

Todas as capitais pesquisadas mais a cidade de Campinas (SP) apresentaram queda nas taxas de ocupação. As variações chegaram a -7,9% em Goiânia e -64% em Campinas. Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Fortaleza também apresentam percentuais acima de 40%.

Em termos de diária média, dos 15 municípios, apenas Belém e Vitória apresentam desempenho positivo de 0,2% e 7,6%, respectivamente. As demais cidades apontam quedas variando entre -2,4% em Recife e -33,6% em São Paulo.

No RevPar, decréscimos variando entre -7,1% em Vitória e -68,9% em São Paulo. Outras cidades com percentuais significativos são Campinas (-66,6%), Salvador, Porto Alegre e Fortaleza também apresentam percentuais acima de 40%. apontam quedas variando entre -2,4% em Recife e -33,6% em São Paulo. Porto Alegre (-58,6%), Belo Horizonte (-57,7%) e Curitiba (-55,5%).

Acumulado do ano

Analisando os dados acumulados de janeiro a junho de 2021, o InFOHB considera para o estudo 459 hotéis de redes associadas responsáveis por 73.092 UHs. Em comparação com 2019, houve queda de -46,5% na taxa de ocupação, -16,1% na diária média e -55,1% no RevPar.

Quanto à análise por região, a taxa de ocupação registrou decréscimo em todas as localidades: variando entre -26,3% no Norte e -50,6% no Sudeste. A diária média, também apontou percentuais negativos sendo -8,7% no Centro-Oeste; -8,7% no Nordeste; -7,9% no Norte; -20,1% no Sudeste e -6,9% no Sul. Para o indicador de RevPar, variações negativas em todas as regiões: -40,8% no Centro-Oeste; -44% no Nordeste; -32,1% no Norte; -60,5% no Sudeste e -51,4% no Sul.

Na análise por categoria hoteleira, apenas decréscimos foram registrados na taxa de ocupação: -46,5% no Econômico; -45% no Midscale; e -50,9% no Upscale. Na diária média decréscimo em todas as categorias: Econômico -12,4%; Midscale -17,3% e Upscale -17,6% no Upscale. No RevPAR percentuais negativos de -53,2% no Econômico; -54,5% no Midscale; e -59,5% no Upscale.

Entre janeiro e junho, os 15 municípios registraram quedas nas taxas de ocupação, variando entre -22,4% em Vitória e -68,6% em Campinas. Outras cidades com percentuais acima de 50% foram São Paulo (-65,9%), Belo Horizonte (-63,6%), Curitiba (-57,2%), Fortaleza (-52,7%) e Salvador (-52,7%).

 

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Em contrapartida, três praças apresentaram alta em diária média: Belo Horizonte (0,6%), Curitiba (1%) e Vitória (6,6%). Nas demais, houve reduções variando entre -4,5% em Goiânia e -32,4% em São Paulo.

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Quando falamos em RevPar, todas as cidades registraram percentuais negativos, variando entre -17,3% em Vitória e -76,9% em São Paulo. Outros municípios que apresentaram resultados negativos expressivos foram Campinas (-70,7%), Belo Horizonte (-63,4%), Salvador (-57,8%), Porto Alegre (-57,4%) e Curitiba (-56,8%).

 

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O presidente do FOHB pontua que, caso não haja retrocesso por conta da variante Delta, o último trimestre do ano deverá consolidar ainda mais a retomada. “Com a vacinação em ritmo acelerado, teremos um fim de ano e verão extraordinários para o lazer. A retomada ainda será pouco significativa para os negócios e eventos, mas temos alguns indícios de melhoria com a confirmação da Fórmula 1 em São Paulo, por exemplo”.

Souza é categórico ao dizer que a recuperação hoteleira se dará apenas em 2022 e reforça que 2021 deverá ser voltado para a sobrevivência dos empreendimentos. “É tentar não morrer e sair dessa situação com algum grau de saúde financeira. Não adianta entrar no ano que vem desfalcado e sem dinheiro, pois desta forma a retomada não se sustenta”.

Ainda que muitos hotéis estejam buscando recompor seus quadros de funcionários, o executivo acredita que as recontratações serão pontuais em empreendimentos que já experimentam boas ocupações. “As contratações vêm de regiões com concentração de hotéis de lazer ou destinos que recebem demandas de setores que não pararam durante a pandemia, como siderúrgica e petrolífera”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Pexels/Pixabay

(**) Crédito dos gráficos: Divulgação/FOHB