A dificuldade do Brasil em conter o coronavírus derrubou, em março, a confiança do consumidor e empresários brasileiros sobre a situação econômica. No caso do primeiro grupo, a percepção sobre o momento atingiu o pior nível desde maio de 2020, considerado o pico da crise econômica decorrente da pandemia. Os dados são do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), vinculado à FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O instituto divulgou ontem (23) que o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) caiu 9,8 pontos em março, para 68,2 pontos. O recuo foi puxado pela queda de 12,3 pontos no IE (Índice de Expectativas), retratando o nível de pessimismo da população em relação ao cenário para os próximos seis meses.

“Os consumidores percebem a piora da situação econômica atual, com sérios riscos ao emprego e à renda, e são também afetados psicologicamente pelo medo de contrair a doença e pela necessidade de isolamento social”, afirma, em nota, Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Ibre/FGV.

FGV: mais dados

Entre os empresários do comércio, o sentimento de confiança na economia fecha o primeiro trimestre com a pior retração para o período desde 2015. O resultado não surpreende, muito em função da adoção de medidas mais restritivas por parte de estados e municípios para conter a pandemia. Em março, o indicador caiu 1,5%, no quarto recuo seguido. No trimestre, a queda acumulada é de 5,1%.

Indicadores de confiança costumam antecipar decisões de compra ou de investimento e contratações. Ambos vinham se recuperando após o tombo nos primeiros meses da pandemia, mas voltaram a cair com a intensificação da segunda onda e a dificuldade de acelerar a vacinação da população brasileira.

Para o turismo (e hotelaria), a confiança só será mesmo retomada com a vacinação em massa, o que permitirá ao consumidor ganhar novamente confiança em viajar. A expectativa é de que isso ocorra, mesmo diante das perspectivas mais baixas dos consumidores. Como mostramos ontem (23), existe uma demanda reprimida por viagens, mesmo que em menor grau em comparação com países mais ricos. Agora, é torcer para a aplicação das vacinas ganhe tração no país.

(*) Crédito da foto: Free-Photos/Pixabay