Depois de cair 3,1 pontos no mês de maio, o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) voltou a subir em junho. Segundo dados do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), o indicador cresceu 3,5 pontos, chegando a 79 pontos, nível mais alto desde agosto de 2021 (81,8). Em médias móveis trimestrais, o índice subiu 1,4 ponto, para 77,7 pontos.

Segundo a análise, a alta do ICC foi impulsionada por dois subíndices: o ISA (Índice de Situação Atual) e o IE (Índice de expectativas). O primeiro, que reflete o sentimento do consumidor sobre o momento presente, subiu 1,3 ponto para 70,4 pontos, melhor resultado desde julho de 2021 (70,9 pontos). Já o segundo, que abrange a percepção sobre os próximos meses, avançou 4,9 pontos, para 85,9 pontos, compensando a queda do mês anterior.

Embora os números sejam positivos, a coordenadora das sondagens, Viviane Seda Bittencourt, destacou sinais de muita heterogeneidade na percepção do consumidor. “Mesmo considerando o pacote de incentivos financeiros, a avaliação sobre a situação no momento pelos consumidores com baixa renda continua piorando enquanto suas perspectivas sobre os próximos meses continuam bastante voláteis, revelando elevada incerteza”, explica a economista da FGV.

Destrinchando os subíndices

Para compor os subíndices, a FGV avalia outros indicadores, como o de satisfação dos consumidores sobre o momento, que embora tenha variado apenas 0,5 pontos, chegando em 76,7, é o melhor resultado desde agosto de 2021 (77,2 pontos). Enquanto o que avalia a situação financeira familiar subiu 2,1 pontos para 64,7 pontos. Ambos continuam em nível baixo em termos históricos.

Entre esses indicadores, o que mais influenciou o resultado de junho do ICC, foram as perspectivas sobre a situação econômica nos próximos seis meses, cujo indicador avançou 6,5 pontos, para 103,2 pontos, o maior desde dezembro de 2021 (104,1). Após forte queda no mês de maio, o indicador que mede a situação financeira familiar nos próximos meses subiu 4,5 pontos para 85,8 pontos e recuperou 47% das perdas do último mês. Já a intenção de compra de bens duráveis, subiu 3,1 pontos para 70,6 pontos. Embora seja a segunda alta consecutiva, o indicador segue abaixo dos níveis pré-pandemia.

Recorte por renda

A alta da confiança em junho impactou todas as faixas de renda, ainda que com maior variação positiva para os consumidores com nível de renda mais baixa (R$ 2.100,00 mensais). Nesse caso, o ICC avançou 4,2 pontos, para 71,0 pontos, recuperação de apenas 45% da queda do mês anterior.

“Essas diferenças entre faixas são corroboradas também pelas perspectivas sobre emprego, para as faixas mais baixas de renda, o indicador se encontra abaixo do nível neutro e para as faixas mais altas supera os 100 pontos, ressaltando a dificuldade que a classe mais baixa vem enfrentando”, afirma Viviane. “O cenário dos próximos meses se torna difícil de se prever, considerando que a proximidade das eleições deve continuar acentuando tais diferenças”, finaliza a economista.

(*) Crédito da foto: Freestocks/Unsplash