Quando o Coldplay realizou uma maratona de shows em São Paulo, em março de 2023, a ocupação na capital chegou a 77%. No mesmo ano, o The Town, festival de música dos mesmos organizadores do Rock in Rio, elevou a demanda na cidade, com o indicador alcançando a marca de 85%. A cantora Taylor Swift também arrastou multidões na metrópole paulista em novembro, provocando uma exurradas de buscas por hotéis e voos.

Dados do STR no acumulado até o dia 26 de novembro do ano passado apontam que as diárias médias em São Paulo chegaram a R$ 1 mil por quatro dias consecutivos ( de 2 a 5 de novembro). Já a ocupação teve picos de 90% no dia 8. Ainda falando sobre preço, a Lighthouse revelou que a tarifa pública na capital bateu R$ 1170 ao final do mês, maior valor bruto da série histórica do monitoramento, iniciado em 2013.

Em 2024, a apresentação história da Madonna elevou a diária média no Rio de Janeiro em 19,9%, alcançando a casa dos R$ 729,06. Consequentemente, o RevPar subiu 27,2%, totalizando R$ 452,14. No dia 4 de maio, data do show, a ocupação da rede hoteleira carioca foi de 83,9%, com diária média de R$ 1.225,95 e RevPar de R$ 1.28,83, de acordo com dados do CoStar.

Movimento global

E esse movimento é sentido não só no Brasil.  A The Eras Tour da loirinha movimentou US$ 208 milhões em receitas de quartos de hotéis nos EUA. A cantora passou por 20 cidades norte-americanas, fazendo até três apresentações em cada destino. Nashville, por exemplo, relatou o maior aumento de diária média do país, com crescimento de 27,9%, chegando a US$ 227,79, além de incremento de 33,2% em RevPar (US$ 174,20).

Nesta semana, Mumbai, na Índia, sentiu o impacto do Coldplay quando os ingressos para os shows de janeiro de 2025 foram colocados à venda. Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, também vive um cenário semelhante, com apresentações marcadas para o primeiro mês do próximo ano, segundo o Skift.

Ainda falando do Oriente Médio, os Emirados Árabes continuam atraindo bandas como o Coldplay para lotar suas arenas e, consequentemente, aumentar a ocupação dos hotéis. Há dois anos, o Post Malone se apresentou em Abu Dhabi, e Kasabian fará um show no próximo mês, reforçando a estratégia do destino, que já recebeu artistas como Beyoncé.

Em maio, o CEO da Autoridade de Turismo Saudita destacou que o país deseja que a megaestrela Taylor Swift se apresente, mas ressaltou que isso exigiria a colaboração de toda a região.

A publicação comercial local Hotelier Middle East destacou como a demanda está superando a oferta para as apresentações do Codplay. Para 11 de janeiro, um sábado, as propriedades mais próximas do estádio (Millennium Al Rawdah Hotel, Park Rotana Abu Dhabi e The Ritz-Carlton, Grand Canal) não têm quartos disponíveis.

Um hotel próximo que tem disponibilidade é o Premier Inn Abu Dhabi Capital Center, que tem quartos por 1.148 Emirati Dirhams (cerca de US$ 312) por noite. Um quarto no fim de semana anterior custava apenas 230 Emirati Dirhams (cerca de US$ 63).

Para domingo, 12 de janeiro, o Aloft Abu Dhabi nas proximidades está disponível, com quartos por 1.665 Emirati Dirhams (cerca de US$ 453) acima dos 347 Emirati Dirhams (cerca de US$ 94) do fim de semana anterior. O Park Rotana tem quartos por 974 Emirati Dirhams (cerca de US$ 265), mais do que os 650 Emirati Dirhams (cerca de US$ 177).

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Show da Madonna no Rio elevou as tarifas na cidade

Recado para o hoteleiro

Com 2025 batendo à porta, o setor prevê uma estabilização da demanda após um período de explosão de viagens nos dois anos anteriores. Neste cenário, os grandes eventos aparecem como importantes catalisadores não apenas de ocupação, mas princiapalmente de diária média. As tarifas, que serão os principais drivers de crescimento dos hotéis no próximo ano, são valorizadass em datas de grandes shows internacionais e festivais, como observamos não só no Brasil, mas em outros destinos globais.

Mapear os grandes eventos é a lição de casa que fica para todo hoteleiros em 2025. O trabalho de precificação dos revenue managers deve estar alinhado com os calendários das cidades para aproveitar essas valiosas janelas de oportunidades para subir preço. Isso porque esses períodos de picos de demanda e preços mais altos serão fundamentais para o hotel passar com maior tranquilidade das semanas com menor movimento de clientes.

Portanto, essa estratégia tem o potencial de turbinar não apenas a diária média do mês, mas do trimestre e até mesmo no ano, se o RM trabalhar bem.

(*) Crédito da foto: Reprodução/G1