A chegada da variante Ômicron pode até ter afetado as férias de muitos brasileiros em alguns estados do país, mas não foi o suficiente para frear os ganhos do turismo. De acordo com dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), levantados pelo CT (Conselho de Turismo), o setor acumulou R$ 15,4 bilhões no primeiro mês de 2022, alta de 22,9% frente ao mesmo período em 2021.

O grande protagonista do crescimento foi o setor aéreo, que registrou acréscimo de 60,6% na comparação anual. Em janeiro, quase 8 milhões de passageiros foram transportados nos aeroportos — alta também de 22,9% frente ao primeiro mês do ano anterior. Entretanto, na comparação com 2019, o aquecimento segue 13,6% inferior.

Em 2021, o turismo nacional encerrou com faturamento de R$ 152,4 bilhões — crescimento de 12% na comparação com 2020, mas ainda 24,2% abaixo dos níveis pré-pandêmicos (R$ 201,2 bilhões). No período, o aéreo também se destacou como o segmento mais relevante para o aquecimento da indústria de viagens, acumulando R$ 37,7 bilhões.

Já no início de 2022, os serviços de alojamento e alimentação obtiveram alta de 14,7% na comparação anual, mas estão 19,2% abaixo do faturamento de 2019. As atividades culturais, recreativas e esportivas apontaram crescimento anual de 10,4%. Este é o grupo que está mais abaixo do patamar de janeiro de 2020 (-21,6%), e, como muitas empresas acabaram fechando durante o período, a recuperação aos níveis anteriores à pandemia ainda deve demorar para acontecer.

O grupo de transporte terrestre, que engloba ônibus intermunicipal, interestadual e internacional, assim como trens turísticos, subiu 8% frente ao ano passado. O crescimento foi impulsionado pelo aumento dos preços das passagens aéreas, que levou os consumidores a buscarem outros meios de deslocamento para viajar.

As locações de veículos, agências e operadoras de turismo registraram leve alta de 2,6% no mês, na comparação com janeiro do ano passado. Por fim, o transporte aquaviário, que subiu 12,9%, foi o único segmento que superou o patamar de janeiro de 2020, com variação positiva de 18,3%. Entretanto, por ter o menor faturamento do setor, a influência no desempenho geral é quase nula.

Base mais equilibrada em abril

Para a FecomercioSP, o resultado de janeiro do faturamento das empresas do turismo se beneficiou da base de comparação fragilizada e do fato de muitas famílias terem realizado viagens no mês de férias escolares, mesmo com o aumento expressivo de contágios pela nova variante. Como o auge dos casos ocorreu entre janeiro e fevereiro, o impacto acabou sendo dividido entre os dois primeiros meses. A partir de abril, no entanto, a base de comparação começará a ficar mais equilibrada, o que dará condições de avaliar, de forma mais precisa, o desempenho do setor no país.

Mesmo com o cenário mais favorável, é importante ressaltar que o crescimento fraco e os juros e a inflação elevados devem diminuir o ritmo de alta do setor. Para Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, será muito importante manter a atenção na disponibilidade de recursos no orçamento das famílias para as viagens de lazer, bem como na autorização orçamentária nas empresas para realização de eventos e viagens de negócios.

(*) Crédito da foto: thiagodossantos/Pixabay