Uma das principais franqueadas da Accor na América Latina, a Falcon Hotéis impulsionou a expansão de seu portfólio de empreendimentos operados durante a pandemia. A empresa chegou a marca de 20 propriedades em sua base, sendo 12 absorvidas nos últimos dois anos. Com a conquista, a rede passou a fazer parte da lista das maiores administradoras hoteleiras do Brasil.

Operando exclusivamente hotéis da rede francesa desde 2017, a Falcon vem ganhando espaço no mercado brasileiro, apostando no modelo de franquias para crescer. “Expandimos de 2019 pra cá. Antes da pandemia, operávamos 12 empreendimentos e subimos para 20”, comemora Fernando Fonseca, diretor executivo da empresa.

E não foi apenas o portfólio de unidades da operadora que vem se destacando. De acordo com o executivo, a Falcon já está 10% acima dos níveis pré-pandêmicos em termos de receita. “Em 2021, tivemos um impacto grande no primeiro semestre, mas inferior ao registrado em 2020. No primeiro ano de pandemia, conseguimos atingir o break even com o lucro retornando em quase todos os nossos hotéis no ano passado”, acrescenta Fonseca.

Apesar dos prejuízos da segunda onda de contágios no início de 2021, a operadora conseguiu recuperar seus números no segundo e terceiro trimestre, com retomada mais consistente nos últimos três meses do ano passado. “Voltamos a distribuir lucro e agora estamos acima da pré-pandemia. Por conta da variante Ômicron, sentimos um pouco em fevereiro de 2022, mas março vamos retornar ao crescimento”, prevê.

Mercados em destaque

Com uma base de hotéis pulverizada, a Falcon atualmente opera empreendimentos em seis estados (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul). Cerca de 90% das unidades estão localizadas em cidades do interior, o que catalisou a recuperação dos resultados da rede.

“Nossos números são um indicativo que o interior está retomando de forma mais rápida do que as capitais. Em nosso portfólio, os hotéis são majoritariamente de perfil corporativo, embora tenhamos empreendimentos turísticos também”, salienta o diretor.

Dentre as praças que se destacaram durante a crise, Fonseca aponta a capital mato-grossense como um dos mercados em ascensão. “Cuiabá está muito bem, pois o agronegócio tem puxado a recuperação hoteleira e dos negócios como um todo. Já na outra ponta temos Petrópolis, que além de ter sofrido com a pandemia, é um destino que depende do turismo e agora passou por fortes chuvas”, analisa.

Falcon Hotéis - mercado - fernando fonseca

Vamos pressionar tarifas, afirma o diretor

Estilo de gestão

A boa performance dos hotéis operados pela Falcon é resultado do estilo de gestão da administradora somado aos movimentos de cada mercado. Por sua base ser composta de empreendimentos interioranos, menos afetados por restrições e lockdowns, praças secundárias e terciárias saíram mais fortes da crise.

“Também conseguimos manter todos os hotéis abertos nas três ondas, o que nos deu vantagem competitiva. Muitos empreendimentos que fecharam as portas são de administração familiar e não possuem ferramentas para manter as operações rodando. Vale ressaltar que nenhuma propriedade administrada por nós precisou pedir aporte de capital para ficar de portas abertas”, declara Fonseca.

E a fórmula para alcançar tais índices a Falcon — assim como outras operadoras — conseguiu reduzir custos, mas ao contrário de outras redes, manteve sua diária média para garantir receita mínima aos empreendimentos durante os períodos mais críticos da pandemia.

“Não mandamos colaboradores embora, mas utilizamos os programas do governo. Quando a demanda retornou, voltamos com as mesmas equipes. Saímos mais fortes da crise e estamos prontos para adentrar em novos mercados”, comemora o diretor.

Este ano, a Falcon planeja resultados superiores ao alcançado até então, mas sabe que fatores como inflação, conflitos na Ucrânia e pandemia podem afetar o mercado brasileiro. Embora o cenário não seja dos mais otimistas, a operadora aposta no modelo de franquias como um segmento promissor para a hotelaria, além de manter a estratégia de elevar as diárias.

“Empreendimentos que estiverem com ocupação acima de 50% vamos pressionar as tarifas para rentabilizar. Nosso foco é aumentar as diárias, mas sem grandes saltos, de três em três meses, com alta entre R$ 20 e R$ 30. Desta forma, o hóspede não sente tanto e o impacto é absorvido de forma mais suave”, revela o executivo. “Já as ocupações, esperamos encerrar 2022 em torno de 10% acima de 2019 e receita 20% superior à pré-pandemia”.

Planos de expansão

Com os juros baixos, Fonseca acredita que o setor ganhará novos empreendimentos, o que traz um leque de oportunidades para as administradoras. “Temos uma parceria forte com a Accor e o modelo de franquias funciona bem. Entendemos que o interesse do mercado será de construir hotéis. Com a guerra na Ucrânia, é possível que investidores voltem suas atenções para o Brasil”.

De olho em novos negócios, a Falcon está em fase de negociação com projetos greenfield e também conversões. “O Nordeste e Centro-Oeste são duas regiões com grande potencial”, sugere o executivo.

No ano passado, uma das principais aquisições da operadora foi a gestão do Thermas de Olímpia, que ganhou a soft brand by Mercure. Com um ano de administração, o resort é um bom exemplo do trabalho feito pela empresa durante a crise. “Quando assumimos o empreendimento, uma semana depois a cidade fechou por conta da segunda onda. Mesmo assim, conseguimos manter a operação rodando e fechamos 2021 com resultados positivos. A margem de lucro do segundo semestre de 2021 foi acima dos resultados de 2019 inteiro”.

Um dos destinos mais promissores do estado paulista, Olímpia tem expandido sua oferta turística com novos atrativos — e ao mesmo tempo, a abertura de empreendimentos hoteleiros acirra a concorrência na cidade. “Isso representa um desafio muito grande, pois os novos chegam de forma agressiva, principalmente no setor de multipropriedade”, analisa Fonseca.

No mais, o diretor avalia o caminho percorrido pela administradora como satisfatório, uma vez que a Falcon buscou agir com rapidez e antecipar possíveis problemas. “Acompanhamos o mercado e nos antecipamos para manter os hotéis abertos. Trouxemos liquidez e negociamos com fornecedores para fechar a conta. É algo fácil de falar e difícil de fazer, mas mantivemos uma postura calma frente à crise”.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Falcon Hotéis