As circunstâncias atuais do mundo demandam mudanças ao setor hoteleiro. A reinvenção e desenvolvimento de novos produtos tornaram-se fatores que ajudam empreendimentos a buscar diferenciação e, assim, melhores resultados. Com isso em mente, um dos caminhos apontados como tendência é o de eventos ao ar livre. Com foco em mudar a experiência do cliente, esse tipo de experiência parece atrair o público, que há pouco mais de um ano não sabe o que é liberdade plena.

Então, seria essa uma atração que passaria após o fim da pandemia da Covid-19? Um desejo efêmero de alguém que segue o período de quarentena e deseja se divertir com mais segurança sanitária? De acordo com Leandro Cássio e Felipe Castro, diretores adjunto de Vendas do Palácio Tangará e diretor de Operações do Grupo Tauá de Hotéis, respectivamente, a realização de eventos ao ar livre seguirá como tendência.

Para ambos, o investimento nesse tipo de tipo de oferta está além do custo financeiro. Mesmo com a necessidade de algum tipo de investimento para realizá-los, fica claro aos dois especialistas que tudo começa com a boa estruturação e execução de um plano, além de profissionalizar os processos voltados ao segmento de eventos.

“Um planejamento vem de boas ideias as quais são treinadas e experimentadas. É preciso ter um processo coerente, com início, meio e fim. Além disso, todos os envolvidos precisam saber o que está acontecendo e entender sobre a novidade”, afirma Cássio.

Por sua vez, Castro complementa citando o pensamento “fora da caixa” como etapa inicial, também capacitando os profissionais. “Ser criativo é o ponto inicial, mas nada funciona sem embasamento técnico. Uma equipe tecnicamente treinada e entendida garante a entrega do produto que o consumidor deseja”, diz.

Os hoteleiros acreditam que a execução de protocolos sanitários, bem como ponderar expectativas e problemas de hóspedes e colaboradores, são outros pontos relevantes para o planejamento de eventos ao ar livre.

Eventos ao ar livre: cases

Cássio e Castro são representantes de dois exemplos de sucesso nessa modalidade. Enquanto o Palácio Tangará construiu e lançou um novo restaurante ao ar livre, a o Grupo Tauá de Hotéis trabalha com esse tipo de oferta aos clientes desde 2020. A segurança dos hóspedes é, na avaliação de ambos, uma das causas para o sucesso desse tipo de iniciativa em meio à crise da hotelaria.

Palácio Tangará

Quando decidiu fechar no começo da pandemia, a equipe do empreendimento de luxo paulista continuou a desenvolver novos produtos. Ao todo, foram seis meses de portas fechadas, mas que resultaram em novidades que visavam reaproveitar o amplo espaço do hotel. Assim, nasceu o Pateo do Palácio, restaurante ao ar livre que, com menos de seis meses de operação, já pagou o próprio investimento.

“O Palácio Tangará é conhecido por sua natureza e pensamos em integrar isso à uma experiência gastronômica flexível e casual. Foi um período de dificuldade que resultou na criação de um cartão de visita para a Zona Sul de São Paulo”, explica Cássio.

Rede Tauá

Com empreendimentos em Alexânia (GO), Caeté (MG), Araxá (MG), Atibaia (SP) e Jarinu (SP), o grupo não desenvolveu uma construção específica para eventos do tipo, mas entendeu a necessidade de adaptação já no ano passado. O estalo, segundo Castro, foi a demanda por eventos mais seguros e menos claustrofóbicos.

“Nós vimos como importante durante a pandemia, mas é um caminho sem volta. A modalidade veio para ficar e tornou-se um plano A quando o assunto é proporcionar experiência. No nosso caso, o resort de Atibaia, um dos mais espaçosos, foi o que melhor aproveitou a demanda para oficializar sua entrada à ramificação de produtos”, pontua.

Castro acredita também que a mistura entre eventos — sociais e corporativos — com ambientes internos e externos pode acontecer. Isso, na visão dele, depende do cliente e do público. “É fato que a pandemia tirou a hotelaria da zona de conforto e nós sentimos isso. O pensamento fora da caixa, mais uma vez, foi o que nos ajudou a destacar. Mesmo os resorts, que já possuem um espaço maior, tiveram que aprender a aplicar essas novidades”, complementa.

E o corporativo?

Nenhum dos dois negou que a dificuldade dos hotéis corporativos será maior. As características deste tipo de unidade, que geralmente são menores e não possuem uma área ao ar livre, não facilitam esse tipo de adaptação. No entanto, ambos acreditam que criar experiência está diretamente relacionado à criatividade.

“É claro que o segmento corporativo sofre mais os impactos das restrições e a recuperação a curto prazo não deve acontecer. Por outro lado, tendo em vista que o dinheiro não é o ponto principal para empreender nesse caso, é possível ir por outros caminhos. Produtos como o room office, home schooling, longstay e o staycation são alguns dos caminhos já trilhados pelo nosso mercado”, ressalta Cássio.

Em complemento, Castro dá exemplos mais práticos. “O segmento corporativo não tem uma área verde ou um espaço grande, mas, com criatividade, é possível transformar a entrada do hotel, estacionamento ou qualquer outro serviço conforme a demanda”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Nine Koepfer/Unsplash