Um estudo realizado entre 14 e 28 de setembro com mais de 1 mil empresários do turismo aponta otimismo para a retomada do setor. Os dados foram divulgados pela Travel Consul, feito com operadores e proprietários de agências de mais de 20 países. A pesquisa revela o impacto da pandemia na indústria e perspectivas de recuperação. No Brasil, o levantamento contou com apoio da Interamerican e Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo).

Para o empresariado brasileiro, o país vem retomando as atividades com cautela. Os executivos ainda enxergam a pandemia em estágio de declínio, ao contrário de seus colegas de fora, onde o número de casos volta a crescer. “Talvez por isso, como na pesquisa anterior, eles seguem mais otimistas que seus pares globais: enquanto esses acham que somente em 2022 o turismo vai voltar ao normal, os brasileiros acreditam numa recuperação já em 2021”, comenta Danielle Roman, presidente e CEO da Interamerican.

Existe uma concordância entre os respondentes de todos os países que a fonte mais confiável de informação para os empresários são associações e agências, como a própria Braztoa.“Esse dado é um grande estímulo para seguirmos com o aprimoramento constante do nosso trabalho em prol do mercado de turismo, que tem se destacado pela forte atuação em pesquisas que tragam subsídios para uma gestão mais assertiva das empresas nesse momento de retomada, além dos esforços pelos pleitos do setor junto ao governo”, afirma Roberto Haro Nedelciu, presidente da entidade.

A situação do emprego no Brasil, entretanto, mostra-se pior em comparação com o resultado global. Aqui, a maioria das empresas do setor de turismo diz ter sido obrigada a dispensar funcionários. Já os números totais mostram que a maioria apenas mudou de tempo integral para meio período.

Com relação a viagens, no Brasil, a maioria dos clientes dos empresários de turismo apenas postergou seus planos para 2021, mas o número global mostra uma realidade maior de cancelamento total das viagens. Eles dizem ainda que, aqui, houve um decréscimo no número de dias de permanência durante a viagem, ao contrário do resultado geral, que mostra que essa quantidade permaneceu a mesma.

empresários do turismo - danielle roman

Danielle: brasileiros acreditam numa recuperação já em 2021

Empresários do turismo: resultados

Mais uma vez, os resultados da segunda rodada indicam que a introdução de certificações de saúde e segurança (quase 60%) é a ação mais importante que as organizações de destino podem fazer para ajudar os parceiros de distribuição de viagens. As próximas três principais respostas incluíram campanhas de marketing para consumidores, apresentando dados úteis e oportunos, e central de informações para parceiros comerciais.

Quando questionados sobre quais são as principais considerações do cliente ao escolher um destino, a resposta número um é a certificação de saúde e segurança do destino (74%). A gestão governamental do país do destino quanto a pandemia de Covid-19 e a classificação de preços vieram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

A adaptação do modelo de negócios é a principal medida implementada durante o terceiro trimestre de 2020, conforme relatado por quase metade dos entrevistados. Os programas de treinamento caíram 11%, enquanto o desenvolvimento de novos produtos (45%) e sua melhoria (35%) subiram na classificação.

Os clientes estão demonstrando um interesse crescente em viagens individuais (66%), hotéis e resorts (64%) e resorts all-inclusive (60%). Essas preferências são seguidas por acomodações para aluguel com cozinha, pequenos grupos de 8 a 15 pessoas e viagens aéreas combinadas com aluguel de automóveis.

Os clientes estão esperando para decidir quando viajar (48%) ou estão reservando uma viagem internacional com menos de um mês de antecedência (21%). As reservas de última hora estão se tornando mais proeminentes para os viajantes europeus (35%). Em contraste, 31% dos clientes norte-americanos reservam férias de sete meses a um ano antes da partida. Já 45% dos parceiros de distribuição acreditam que as políticas de cancelamento e flexibilidade dos fornecedores estão tendo um impacto positivo em seus negócios.

As associações de operadores turísticos e de agências de viagens continuam a ser a fonte de dados preferida durante esta crise (64%), seguida dos escritórios de turismo no destino (40%). Amigos da indústria (35%) passaram da quinta para a terceira posição nesta segunda rodada.

Com relação às atividades de marketing durante a recuperação, a mídia social foi claramente a vencedora, com sete em cada dez entrevistados afirmando que o marketing social era seu conceito principal. Digital e vendas, respectivamente, ficaram em segundo e terceiro lugares.

Semelhante à primeira rodada desta pesquisa, 70% dos entrevistados acreditam que modificar as políticas de cancelamento ou termos e condições estará entre seus principais comprometimentos em 2020 e 2021. A venda de seguros, como resultado, teve um aumento de 12%.

(*) Crédito das fotos: Divulgação