Com a redução de casos de Covid-19 e a flexibilização das restrições de isolamento, a Europa aproveitou o verão e o resultado veio. Desde setembro, a curva de contágio voltou a subir no continente e já aponta uma segunda onda. O setor hoteleiro mal se recuperou da crise causada pelo primeiro momento da pandemia e muito se fala em medidas para conter transmissões e evitar futuras paralisações. Em live transmitida há pouco, o Hotelier News e Grupo R1 conversaram com representantes grandes redes europeias para saber que precauções estão sendo tomadas.

Com moderação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News, a live foi transmitida pelo canal do YouTube e contou com a presença de Orlando Giglio (Iberostar); David Pressler (IHG) e Gustavo Santana (Meliá Hotels). Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), 927 mil novos casos foram registrados na Europa na semana retrasada. Com a chegada do inverno e baixas temperaturas, o risco de contágio se torna ainda mais real. Diante do cenário, é o momento de pensar em fechamentos?

Segundo Pressler, por hora, a IHG ainda não possui nenhuma unidade com operações suspensas, mas a possibilidade existe. “Em setembro, houve um questionamento por conta das baixas demandas causadas pelo fim do verão e também pelo aumento de casos. Entretanto, hotéis que permaneceram abertos durante o principal período de crise foram os que conseguiram melhores resultados na retomada”, explica.

No caso da Meliá, muitos empreendimentos ainda não chegaram a reabrir, mas o objetivo é evitar novas paralisações. “Estamos mais concentrados na Espanha e sabemos o que pode vir a acontecer. Nossa leitura é similar a IHG, com unidades que ficaram abertas apresentaram melhores performances. Isso se dá pelo tipo de negócio, focado em reservas individuais e OTAs. É uma vantagem estar aberto quando o turista busca o destino”, afirma Santana.

Para o Iberostar, em alguns destinos europeus o fechamento já faz parte do calendário. Com muitos resorts e hotéis de praia, a rede paralisa suas operações no período de baixas temperaturas. “Tínhamos a previsão de fechamento e percebemos que isso poderia acontecer. A diferença é que, como não tivemos uma boa primavera, não temos a mesma gordura dos outros anos para esta época”, avalia Giglio.

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Debatedores comentaram a situação atual de suas respectivas redes

Live: precauções

Continente plural, a Europa se movimenta de forma diferente variando de país para país. Enquanto alguns podem determinar o fechamento da hotelaria, outros demandam suporte das propriedades em caso de superlotação dos hospitais. “São situações muito particulares. Existem países que decretam apenas a redução da capacidade”, destaca Santana.

O diretor de Marketing da Iberostar explica que a rede vem analisando quais as principais ações a serem tomadas. “Essa análise foi feita por todos os grupos nesse momento. Qual o percentual para começarmos a empatar ou a ganhar dinheiro e não abrir para ser negativo”.

No caso da Meliá, a grande aposta é nos protocolos bem alinhados para enfrentar a segunda onda. “Vamos acompanhar a oferta e a demanda. Criamos os work rooms para o corporativo, tentar minimizar os danos e ficar de olho no mercado para a tomada de decisões”.

Pressler reforça a necessidade do setor em se reinventar em tempos de crise. “Vimos na Europa redes mudando seus segmentos de mercado em termos de hóspedes. Muitos hotéis que não trabalhavam com b2c hoje estão mais envolvidos, elaborando estratégias a curto prazo. Em termos financeiros, a demanda local está aí. É preciso reinventar o mix de negócios para cada propriedade”.

Sobrevivência do setor

Depois do rombo causado pela primeira onda, será que o setor aguenta um segundo baque? Após um verão acima do esperado nas três redes, os convidados são unânimes em dizer que sim. “O verão salvou, mas a primavera também é época de demandas crescentes. Acredito que as redes estejam mais estruturadas, enquanto a hotelaria independente sofre mais nesse sentido”, pontua Santana.

Com tamanho susto em março, Giglio especula que os grupos hoteleiros aprenderam a administrar suas operações na crise. “A Europa está castigada, mas o momento é de baixa estação. Independente dos custos, os hotéis aprenderam a administrar, mas não se ganhou dinheiro e no inverno não há tanta rentabilidade”.

“Acredito na resiliência do nosso setor e na criatividade dos hoteleiros como um todo. Vamos passar por isso, é momentâneo e logo mais nos reestabeleceremos”, confia Pressler.

Para assistir a live na íntegra acesse o link.

(*) Crédito da capa: dylu/Unsplash

(**) Crédito da imagem: reprodução da internet