Ainda no início da pandemia, o Hotelier News e Grupo R1 promoveram live com CEOs para debater as principais dores da crise e perspectivas de retomada. Cinco meses depois, o cenário é outro e, consequentemente, as expectativas do mercado também. Em transmissão encerrada há pouco, gestores dividiram o palco para falar o que mudou e o que ainda vai mudar no médio e longo prazo.

Com moderação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News, Chieko Aoki (Blue Tree Hotels & Resorts); Alexandre Gehlen (ICH); Beto Caputo (Átrio Hotéis) e Francisco Costa Neto (Aviva) deram os panoramas de ocupação em suas respectivas empresas e abordaram questões como gestão de pessoas e o papel do Estado na recuperação do setor.

Com praticamente todos os hotéis abertos, Gehlen afirma que a ocupação está retomando aos poucos. Já na Átrio, o feriado da Independência aqueceu as demandas, que ao final de agosto chegavam a 25% de ocupação. Nos destinos operados pela Aviva, impulsionados pelo turismo regional, os resorts atingem a casa dos 30% Por último, segundo Chieko Aoki, os resorts da Blue Tree estão com 100% da capacidade, chegando a ter filas de espera.

Diante do cenário apresentado, o CEO da ICH afirma que ainda não é o momento de afirmar perspectivas futuras. “É cedo para dizer se os números são sustentáveis. Temos exemplos de mercados como a China, Europa, EUA, entretanto estamos mais alinhados com o mercado europeu, com uma curva crescente e robusta desde que as pessoas sigam os protocolos de segurança”.

Para Caputo, a retomada não será igual para todos, variando de hotel para hotel. De acordo com o executivo, enquanto grandes empresas não voltem a viajar, os números dificilmente serão equilibrados. “Pequenas e médias empresas já estão retornando, mas não vamos chegar aos patamares enquanto multinacionais e o internacional não retomar”.

Na Blue Tree, as demandas têm sido uma grata surpresa, o que eleva as expectativas de recuperação. “Trabalhamos uma previsão conservadora e estamos superando, mesmo que seja pouco. Isso nos dá fé no futuro”, afirma a CEO.

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Profissionais debateram o cenário diante de uma possível segunda onda de contágio

Live: expectativa de diária média

A crise impactou duramente todos os indicadores hoteleiros. Segundo Neto, a Aviva trabalha hoje com uma diária média 20%. “Os negócios mudaram e as pessoas não querem aceitar isso. O lazer está mais vulnerável e precisamos repensar nossos modelos. Esperamos um 2021 mais sadio para quem estiver em pé”.

A sra. Aoki ressalta que o momento é de união do setor para evitar guerra tarifária e um efeito dominó de prejuízos. “Temos que buscar preços justos para todos. Se os hotéis de luxo baixarem as tarifas, o mercado todo baixa. Não é esse o futuro que queremos para o nosso mercado. Precisamos que investidores e equipes tenham orgulho do setor”.

Gehlen salienta que o segmento precisa recuperar sua autoestima mesmo diante de incertezas dando prioridade aos investidores. “Os últimos meses foram muito dolorosos. Estamos empurrando para frente, buscando construir um 2021 melhor.

Em participação especial na live, Augusto Rocha, da Pmweb, tocou no ponto das vendas diretas impulsionadas pelo turismo doméstico, o que dá boas perspectivas para a hotelaria. “Imagina quantos milhões o turista de alta renda que passava períodos como Réveillon fora do país? Esse dinheiro será gasto aqui. A temporada de verão tende a ser muito aquecida para o lazer se trabalharmos bem e com responsabilidade”, afirma Caputo.

Em uma excelente analogia, o CEO da Aviva afirma que no caso de uma piora da pandemia e novas ondas de contágio, é difícil dizer quais as perspectivas e fôlego de caixa. “A visibilidade é baixa. Não conseguimos enxergar diária média e ocupação, por exemplo. Os hotéis pagaram uma conta salgada para fazer seu dever de caixa e reestruturar custos. Estamos jogando a bola pra frente esperando que o governo dê visibilidade ao setor”.

Para assistir a live na íntegra acesse o link.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito da foto: reprodução da internet