Ontem (2), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os resultados do PIB (Produto Interno Bruto) do país, que registrou crescimento de 1% frente aos três meses anteriores. O desempenho foi acima do esperado, mas é preciso entender o que levou a estes resultados e quais perspectivas podemos esperar para o restante do ano para a economia do país.

De acordo com a Folha de São Paulo, existe uma atividade positiva entre a economia brasileira e o ciclo internacional de commodities. Em um período estremecido por conta dos conflitos no leste europeu, os preços elevados também chegaram aqui, afetando diretamente os valores de itens básicos.

Outro fator é o estímulo da política fiscal nos primeiros meses do ano, além do crescimento do setor de serviços — onde a hotelaria está inserida. Enquanto o mercado de trabalho segue em um ritmo acelerado de contratações, contrapondo a perda do poder de compra devido à inflação, vamos nos deparar com uma dinâmica diferente para a economia a partir do segundo semestre, especialmente considerando o cenário político e o ambiente de negócios.

Desde o início de 2021, o BC (Banco Central) vem projetando altas para a Selic, que atualmente se encontra em 12,75% ao ano. E a tendência é que esse ciclo de avanços continue, com alta de 0,5 ponto, chegando a 13,25% considerando a inflação. Essa política monetária deve gerar um efeito intenso sobre os juros na segunda metade de 2022.

Panorama complexo

A economia global está em desaceleração, com a trajetória de altos juros americanos como impulsionador de um panorama complexo. No Brasil, as eleições atuam como um agravante, causando maiores incertezas, com condições financeiras mais restritivas e dúvidas quanto aos investimentos e consumo.

As perspectivas são de recuo da economia do país nos próximos trimestres, podendo resultar em uma contração na metade de 2022 e um crescimento muito abaixo do esperado no primeiro semestre de 2023.

Desta forma, a projeção é de 1,1% para o PIB em 2022 e expansão de 0,7% em 2023. A projeção é fruto dos movimentos externos, além de um processo deflacionário mais lento. Em linhas gerais, a economia trouxe boas notícias no primeiro trimestre, mas esse otimismo pode ser afetado por diversos fatores que ameaçam um crescimento contínuo.

Para o setor hoteleiro, o abrandamento da pandemia e o avanço da vacinação colocam o segmento de volta aos seus patamares originais — regidos por oferta e demanda. Logo, é preciso estar atento aos dados macroeconômicos.

(*) Crédito da foto: Buffik/Pixabay