Está curioso para saber sobre o que Daniel Ribeiro se refere? Ao longo dessa introdução você já ficará sabendo, mas antes um breve spoiler que tem toda relação com essa novidade. Depois de um 2020 desafiador para toda hotelaria, o CEO do Grupo Tauá contou nessa entrevista exclusiva que a rede mineira chegou aos níveis de faturamento e de Ebtida de 2019 no ano passado. E tudo isso praticamente sem receita de eventos – tão importante para os resorts. Com o caixa saudável e um “colchão” para investir, a empresa vai colocar em prática um extenso plano de expansão das unidades existentes, além de preparar sua chegada ao Nordeste.

“Desse ano não passa. Na verdade, esse projeto (um resort no Nordeste) já está atrasado e, neste semestre, esperamos já anunciar ao mercado alguma novidade”, informa Ribeiro. “Temos os melhores resorts de campo e nosso cliente sempre pede um produto de praia. Então, chegou a hora: nosso foco é um resort pé na areia com parque aquático e tudo que oferecemos em nossos demais produtos”, completa o executivo, destacando que multipropriedade não é uma possibilidade, pelo menos por enquanto.

Tauá Aquapark Indoor - Tauá Atibaia

Rede mineira fará em Caeté projeto similar ao de Atibaia

Segundo o executivo, o Grupo Tauá tem negociações em curso. E, pelo que entendemos da conversa, a aposta é na compra de resorts em operação na região. Mesmo sem adiantar o estado onde esses “alvos” se encontram, apesar dos insistentes apelos da reportagem, Ribeiro considera esse caminho mais ágil. “Caso ele não avance, partiremos para a aquisição de um terreno para um projeto greenfield. É um caminho mais caro e longo, que envolve licenciamento ambiental e pipeline entre quatro e cinco anos, mas não está descartado”, acrescenta.

O que é líquido e certo é o plano de expansão das unidades existentes. O resort de Atibaia (SP), por exemplo, vai ganhar mais uma ala de 248 apartamentos e nova academia, além de um parque aquático externo (com rio lento) acompanhado de infraestrutura de bar e de restaurante. “O investimento nessa ampliação é na casa de R$ 70 milhões. Nossa previsão de entrega é para o Réveillon de 2023 para 2024”, revela Ribeiro.

Em Caeté (MG), o Grupo Tauá espera entregar até 2024 dois parques aquáticos (indoor e outdoor), em um investimento orçado em R$ 35 milhões. “O interno devemos inaugurar em 2023. Já o complexo de piscinas externas fica para o ano seguinte”, conta Ribeiro. “Todas essas obras são investimentos que cabem no nosso fluxo de caixa. Então, não devemos acessar o mercado de capitais em busca de recursos para entregá-las”, acrescenta.

Saúde financeira

Como citado na abertura do texto, a rede mineira está colocando esses planos em prática após registrar um 2021 excepcional, nas palavras de Ribeiro. E, apesar da Ômicron, que gerou alguns cancelamentos de eventos no início do ano, a expectativa é extremamente positiva para 2022. “Em janeiro, ainda considerava ver algum movimento de retomada mais forte dos eventos, que acabou não vindo por conta da Ômicron. Ainda assim, conseguimos suprir isso com famílias, o que nos permitiu atingir as metas de RevPar, ocupação e diária média.”

“A volta dos eventos também não aconteceu do jeito que orçamos em fevereiro, apesar de Caeté ter atingido as metas traçadas. Já março começou com força, com boas perspectivas para abril e acima do orçado. Com isso, acredito que essa performance já vai repor fevereiro em todos os empreendimentos”, completa Ribeiro.

Tauá Aquapark Indoor - Tauá Atibaia_rio lento 1

Rio lento externo integra o pacote de obras em Atibaia

Falando em orçamento, e pelo que enxerga no ritmo de reação do mercado, Ribeiro admite que desenhou um bastante arrojado para 2022. Para ele, a demanda reprimida de eventos virá com força e, mesmo se a inflação se manter elevada, é possível batê-lo ao fim do ano. “O share de lazer na nossa receita total cresceu muito em 2021, acima do que vimos em 2018 e 2019, por exemplo. Acho que isso vai se manter em 2022 e foi por isso que, juntando com a retomada dos eventos, fizemos esse orçamento arrojado. Estamos confiantes em cumpri-lo.”

Para exemplificar, ele cita que o Tauá Vip Club segue com boas vendas. Lançado há sete anos, o clube de férias da rede mineira também bateu as metas traçadas no orçamento neste início de ano, gerando ainda outra contribuição na operação. “Não registramos queda nas vendas. São recebíveis importantes para a rede, que nos dão fôlego. Além disso, com o lazer indo tão bem e o anywhere work deixando de ser tendência para virar realidade, passamos a ter excelentes ocupações durante a semana.”

Diante desse cenário tão otimista, vamos à meta arrojada traçada pelo nada conservador orçamento do Tauá. “Sou um otimista por natureza. Associado a isso, gostamos de metas arrojadas por aqui. Por isso, nossa expectativa é atingir uma receita 130% superior a 2021”, revela Ribeiro.

Arrojado mesmo, não? Agora, qualquer planejamento sem execução é praticamente trabalho jogado no lixo. De longe ficaremos acompanhando (e torcendo) pela confirmação da previsão do Grupo Tauá. No segundo semestre voltamos a falar para saber como está esse orçamento, bem como já projetar 2023. Até breve!

(*) Crédito da capa: Divulgação/Grupo Tauá

(**) Crédito das fotos Vinicius Medeiros/Hotelier News