O número de desempregados no Brasil ficou em 14,4 milhões ao fim do trimestre encerrado em fevereiro, apontam números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados hoje (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar da alta de 2,9% frente ao trimestre anterior (setembro a novembro de 2020), ou 400 mil pessoas desocupadas a mais, a taxa de desemprego ficou estável na mesma base de comparação, em 14,4%. Se comparada a igual período de 2020, contudo, o indicador sobe 2,7 pontos percentuais.

“Embora haja a estabilidade na taxa de ocupação, já é possível notar uma pressão maior com 14,4 milhões de pessoas procurando trabalho. Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação”, pondera Adriana Beringuy, analista do IBGE para a pesquisa, citando especificamente o desemprego setor de hospitalidade. Apesar disso, vagas surgem na hotelaria, como mostramos semanalmente.

Segundo o IBGE, em um ano de pandemia, houve redução de 7,8 milhões de postos de trabalho no país. Apesar disso, e fazendo uma análise do período pesquisado, Adriana destaca que quase todos os indicadores se mantiveram estáveis frente ao trimestre anterior. No entanto, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve redução na maior parte deles, seja de posição no mercado de trabalho ou de grupamentos de atividades, refletindo os efeitos da pandemia.

Desemprego - fevereiro 2021_infográfico

Desemprego e informalidade

A estabilidade do contingente de pessoas ocupadas, aproximadamente 85,9 milhões no trimestre encerrado em fevereiro de 2021, é decorrente da informalidade. Hoje, o país observa o crescimento dos trabalhadores por conta própria para gerar renda para a família. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o contingente de pessoas ocupadas apresentou queda de 8,3%, baixa de 7,8 milhões de pessoas.

Em reflexo disso, apenas a categoria de trabalhadores por conta própria, que totaliza 23,7 milhões de pessoas, apresentou crescimento (3,1%) na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o indicador apresentou uma redução de 824 mil postos de trabalho. As demais categorias apresentaram estabilidade em relação ao trimestre anterior.

“O trimestre encerrado em fevereiro de 2020 ainda era um cenário pré-pandemia e qualquer comparação com este período vai mostrar quedas anuais muito acentuadas. Isso explica o porquê da estabilidade no trimestre e alta no confronto anual”, esclarece Beringuy.

O levantamento mostra também que a ocupação se manteve estável em todos os grupamentos de atividades em relação ao trimestre móvel anterior. Já na comparação com igual período de 2020, houve redução em sete dos 10 grupamentos analisados. São eles: Indústria Geral (10,8%, ou menos 1,3 milhão de pessoas), Construção (9,2% ou – 612 mil pessoas), Comércio (11,1%, ou – 2 milhões de pessoas), Transporte, armazenagem e correio (12,2%, ou – 607 mil pessoas), Alojamento e alimentação (27,4%, ou – 1,5 milhão de pessoas), Outros serviços (18,1%, ou – 917 mil pessoas) e Serviços domésticos (20,6%, ou – 1,3 milhão de pessoas).

(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News