Experiência demais ou experiência de menos. Esses são dois fatores que vêm ganhando a atenção de especialistas quanto aos índices de desemprego no país. Gerações de pontas opostas têm apresentado dificuldade em conseguir trabalho. Os mais novos sofrem pela falta de atuação no mercado, enquanto os mais velhos são descartados por etarismo ou hiperqualificação.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela consultoria IDados e divulgada pelo InfoMoney, nos últimos 10 anos, o Brasil ganhou mais de 2,2 milhões de desempregados nas duas extremidades: jovens e profissionais com mais de 50 anos.

Entre os profissionais entre 18 e 24 anos, um em cada quatro está desocupado no Brasil. Na outra ponta, cerca de 880 mil pessoas acima dos 50 anos perderam o emprego na última década. No total, são 7,6 milhões de desempregados nas faixas de 14 a 29 anos e nos 50+.

Segundo o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego no país recuou para 10,5%, levando em consideração o período entre fevereiro e abril de 2022. O percentual representa 11,3 milhões de pessoas.

Problemas opostos

Atualmente, ambas as gerações são as que encontram maiores dificuldades para conseguir trabalho. Em linhas gerais, o que sobra para um falta para o outro. Os mais novos, mesmo conectados e antenados com as novas tecnologias, não possuem a experiência requisitada pelas empresas. Já os mais velhos sofrem com o preconceito etário em relação ao seu potencial em acompanhar as inovações do mercado.

De acordo com dados do IBGE, no primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego entre brasileiros de 14 a 17 anos era de 36,4%, mais de um terço dessa população não estava trabalhando. Já entre os jovens entre 18 e 24 anos o cenário é menos preocupante, chegando a 22,8%. Na faixa etária acima dos 50 anos, o percentual gira em torno dos 7%.

A pesquisa do IDados aponta que, em 2012, o índice de desempregados com mais de 50 anos era de 508,9 mil pessoas. Hoje, esse recorte representa 1,4 milhão de profissionais à procura de recolocação.
E a previsão é que o cenário piore nos próximos anos com as mudanças nas regras da Previdência Social. Com o aumento da faixa etária para aposentadoria (62 anos para mulheres e 65 anos para homens), os profissionais precisarão se manter ainda mais tempo no mercado de trabalho.

Etarismo

Em um conteúdo anteriormente divulgado pelo Hotelier News, abordamos qual o espaço para profissionais seniores no setor hoteleiro. Uma pesquisa acadêmica feita em Hong Kong alega que funcionários com mais de 50 anos representam menos de um quinto dos quadros de colaboradores do setor na região. No Brasil, a realidade não é diferente, mas a pandemia pode ter mudado o cenário.

A falta de mão de obra qualificada, altamente sentida pela hotelaria nos dias atuais, é um dos fenômenos que abriu novas possibilidades para profissionais mais maduros. Entretanto, muitas pessoas ainda sofrem com o etarismo, o que leva muitos recrutadores a não contratar colaboradores em faixas etárias mais elevadas, mesmo tendo experiência.

Existe um movimento no mercado para a criação de programas que estimulem a contratação de profissionais acima dos 50 anos, com o intuito de desenvolver carreiras e fomentar a diversidade.

(*) Crédito da foto: Jason Goodman/Unsplash