Se nos últimos dois anos a maior preocupação na hora de planejar uma viagem era o risco de contágio por Covid-19, agora não é mais. Com a pandemia controlada em grande parte do globo, turistas enfrentam um novo “monstro”: a alta dos preços. De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Deloitte e publicada pelo Skift, o fator financeiro superou a pandemia entre os empecilhos para viajar.

O estudo teve como foco principal o mercado norte-americano e aponta que muitos turistas ficam em casa por não poder arcar com os custos das viagens. É fato que o Covid-19 segue sendo um ponto importante nas tomadas de decisão, mas quase metade dos viajantes dos EUA alega que as preocupações financeiras são a razão pela qual não viajarão no verão.

“Com a confiança dos viajantes aumentando e as preocupações com a saúde diminuindo, os americanos estão fazendo as malas e atualizando suas viagens de verão”, disse Mike Daher, vice-presidente da Deloitte no relatório. “No entanto, um aumento nas preocupações financeiras para alguns os manterá fundamentados”.

Dentre os que permanecerão em casa (44%), a situação financeira é o motivo número um, substituindo a crise sanitária pela primeira vez desde o início da pandemia. Turistas com renda familiar abaixo de US$ 50 mil anuais têm duas vezes mais chances de cortar significativamente as viagens de seus orçamentos.

Planejamento de viagens

Embora os custos tenham aumentado, seis em cada 10 norte-americanos planejam viajar este ano. A média é que a maioria faça duas viagens no verão. Deste montante, 51% pretendem se deslocar de avião e 57% por transporte rodoviário – que seguem como o meio mais popular.

O aumento das viagens aéreas significa que menos turistas pegarão a estrada este ano frente ao verão de 2021. Cerca de 62% dos respondentes afirmam que pretendem dirigir em algum momento das férias – o que representa queda de 14% em relação ao ano passado.

De acordo com a pesquisa da Deloitte, 46% planejam permanecer em hospedagens pagas – 5% acima do registrado no verão de 2021. Os gastos com viagens também devem crescer devido ao aumento das passagens aéreas e estadas.

“Uma tendência que notamos no relatório deste ano é a disposição dos viajantes em pagar por upgrades – dos que estão voando, mais de 50% estão dispostos a pagar ou pretendem pagar por um upgrade, seja de primeira classe ou qualquer outra tipo de atualização”, comenta Eileen Crowley, vice-presidente da Deloitte & Touche LLP. “Pode ser que as pessoas queiram mais espaço por causa do Covid-19, ou pode estar ligado à poupança acumulada que esse grupo de viajantes tem”.

Os viajantes continuam a mostrar um interesse crescente em aluguéis de temporada (20%), dentre essa porcentagem, um em cada sete usarão essa forma de hospedagem pela primeira vez neste verão.

A saúde segue como uma preocupação entre os turistas norte-americanos, ainda que menor frente ao ano passado. Entre os fatores de tomada de decisão, evitar aglomerações caiu 7% e normas de distanciamento social, 13%, na mesma base de comparação.

Recorte brasileiro

Por aqui, a questão de preço também é latente. Em um cenário de inflação crescente, o Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) aponta que a alta dos preços é um fator que pode comprometer as viagens dos brasileiros em 2022. As tarifas aéreas, por exemplo, subiram 6,2% no primeiro trimestre deste ano.

A situação econômica da população é outro ponto de atenção. Uma pesquisa recente da TransUnion alega que 40% das famílias brasileiras sofreram queda na renda mensal. Consequentemente, 49% dos respondentes afirmam que viagens, jantares e ingressos de shows estão entre as regalias cortadas do orçamento.

(*) Crédito da foto: JESHOTS-com/Pixabay