Um levantamento divulgado recentemente pela Deloitte apontou a falta de interesse do segmento corporativo por acomodações alternativas, mesmo com sua popularidade tendo crescido durante a pandemia. Entre as empresas pesquisadas, apenas 9% delas dispunham de hospedagem não hoteleira em suas ferramentas de reservas, revela o Skift.

“Para quem viaja a lazer, a adoção de hospedagem não hoteleira aumentou. Mais pessoas estão se acostumando com isso e gostando. Já para as viagens de negócios, o cenário é diferente”, aponta Mike Daher, chefe de Transporte, Hospitalidade e Serviços da Deloitte.

O estudo também observa que os programas de fidelidade oferecidos pelas redes hoteleiras contribuem para a baixa procura de hospedagens alternativas. “Quando as pessoas fazem viagens de negócios, pode ser divertido e emocionante, mas ao mesmo tempo as pessoas veem isso como um custo para sua vida pessoal”, pontua o executivo.

“Portanto, acabam optando pelos programas de fidelidade para garantir as próximas férias, por exemplo, e compensar o tempo gasto nas viagens a trabalho”, acrescenta Daher, que também destaca a falta de produtos padronizados como um dos motivos que corroboraram com o resultado.

Ainda segundo o relatório, cerca de 49% das empresas não reembolsam os funcionários em caso de hospedagem não hoteleira.

Viagens corporativas têm cenário instável à frente

Daher também alerta que o setor de viagens corporativas precisa se preparar para um cenário de volatilidade à medida que a inflação se instala. O executivo ressalta que muitas companhias aéreas e hotéis tentarão recuperar as perdas proporcionalmente ao aumento da demanda, o que pode resultar em aumento considerável de tarifas.

“Hoje, existe um comportamento, por parte das empresas, de aumentar os preços e ver o quanto as pessoas estão dispostas a pagar. As rotas europeias e dos EUA, em particular, serão muito caras”, explica o profissional.

O levantamento mostra ainda que 34% dos agentes de viagens corporativas esperavam atingir os níveis de 2019 ainda no ano passado. Por outro lado, apenas 8% alcançaram esse resultado, o que aponta para uma recuperação constante, mas não meteórica em 2022. No segundo trimestre, os gastos com viagens devem atingir 36% dos níveis de 2019 e 55% até o final do ano. O número deve avançar para 68% até o final de 2023.

O relatório da Deloitte mostra que 17% dos gerentes de viagens esperam recuperação total até o fim desse ano. O resultado está significativamente abaixo dos 54% que esperavam o mesmo no verão passado.

(*) Crédito da foto: Joshua Woroniecki/Pixabay