No início deste ano, o percentual de brasileiros que esperam piora na economia chegou a 40%, segundo levantamento realizado pelo Instituto Datafolha. A pesquisa, realizada com mais de 2,5 mil eleitores em 181 cidades, aponta que esse número dobrou em relação a dezembro do ano passado, quando o indicador marcava 20%, revela a Folha de S. Paulo.

Ainda de acordo com os dados levantados, o acréscimo é creditado a fatores como o avanço no preço dos combustíveis – reflexo do conflito na Ucrânia – e dos alimentos, atribuída à alta da inflação e perdas em vários segmentos do agronegócio. O Datafolha observou ainda que, em dezembro, 42% dos brasileiros previam melhora na economia e 35% acreditavam que ela se manteria estável.

Hoje, os números apontam inversão de ânimo. Atualmente, 27% esperam avanço, enquanto 29% afirmam que a economia vai permanecer como está. O resultado fica consideravelmente abaixo da projeção de expectativas para este ano, quando a pesquisa realizada pelo órgão apontou que 73% dos entrevistados esperavam que 2022 fosse melhor que o ano anterior, enquanto apenas 8% previam piora e 15% acreditavam que seria igual.

Perspectiva atual está alinhada com o mercado

O Datafolha ressalta que a perspectiva do cidadão agora está mais alinhada com a de economistas e analistas de mercado, que começaram a rever as projeções ainda no final do ano passado. Nas instituições privadas, expectativa de crescimento é de 1%. No início deste mês, o governo reviu para baixo sua projeção, de 2,1% para 1,5%.

O cenário de pessimismo econômico atual é refletido em todas as camadas da população. Nos grupos mais pobres – que ganham até dois salários mínimos – 42% não acreditam no crescimento econômico. Já entre os mais ricos, com renda acima de dez salários mínimos, o percentual é de 43%.

No recorte por etnia, o pessimismo com o futuro da economia aparece com mais evidência entre os negros, chegando a 49%, contra 39% dos brancos. O cenário de desesperança também atinge um grande número de desempregados. Cerca de 53% estimam dias piores para o país.

O número de pessoas que sentiu piora na economia, por sua vez, permaneceu estável, mas ainda alto. Em dezembro, 65% tinham essa percepção. Em março, o número subiu um ponto percentual.

Otimismo é maioria em relação à própria situação econômica

Apesar dos números consideravelmente altos, que apontam cenário pessimista, a maioria dos brasileiros ainda acredita em um futuro promissor em relação à própria situação econômica. Em dezembro, o percentual era de 56% e, atualmente, 45%.

Por outro lado, cresceu o número de pessimistas, saltando de 9% para 18%. Sobre os que não acreditam em mudança, o avanço foi de 33% para 35%.

O otimismo permanece alto na região Centro-Oeste, onde 51% acreditam em melhora da vida econômica. No Nordeste, entretanto, o destaque foi o pessimismo, com 22% da população acreditando em piora. Em relação à quantidade de pessoas que sentiram o cenário piorar, o número ficou praticamente estável. Em dezembro, o percentual era de 47%. Em março, 46%.

(*) Crédito da foto: joaogbjunior/Pixabay