Com a pandemia, os hábitos de consumo mudaram, trazendo um público cada vez mais conectado e realçando a importância da hotelaria no mundo online. Entretanto, também aumentaram os crimes cibernéticos e golpes na internet.

Segundo a pesquisa realizada pela Minsait, as ocorrências tiveram um aumento de 75%. Ainda de acordo com o estudo, práticas como phishing aumentaram mais de 50%. Mas afinal, o que são esses golpes?

Dentre as técnicas mais utilizadas estão o spam, vishing e smishing. Waldo Gomes, diretor de Marketing e Relacionamento da NetSafe Corp, explica o que é cada uma delas. “Spam é nosso velho conhecido. Há muitos anos lidamos com esse tipo de utilização irregular da ferramenta de e-mail com o encaminhamento de conteúdos não solicitados. Muitas vezes é simplesmente uma propaganda qualquer, mas em sua maioria vem acompanhado de links com péssimas reputações que estão de prontidão para descarregar ferramentas nocivas aos dispositivos”.

O vishing, segundo o diretor, é uma técnica de phishing, a qual utiliza a comunicação via chamada telefônica para tentar ludibriar as pessoas em partilhar informações pessoais. “Basicamente esse ataque acontece utilizando informações coletadas em mídias sociais para dar mais veracidade ao contato e, com isso, convencer o usuário a partilhar informações pessoais, principalmente referentes aos acessos bancários e cartão de crédito”, explica.

Já no smishing, o profissional ensina que é o segmento do phishing que usa a conexão SMS para o ataque. “Geralmente encaminhando links que direcionam para outros links maliciosos, utilizando também engenharia social para associar a comunicação a um evento que a pessoa possa ter conhecimento e tentar trazer veracidade a comunicação, obtendo informações confidenciais dos usuários”, pontua.

Crimes cibernéticos - waldo

                       Gomes recomenda a contratação de agências especializadas em tecnologia

Crimes cibernéticos: como se proteger

Entendidos os conceitos dos golpes, é necessário então saber o que pode ser feito para evitá-los. Otávio Novo, advogado e profissional de Gestão de Riscos e Crises é quem dá a dica. “Diante dos diferentes tipos de riscos e ameaças no universo cibernético, é preciso que haja a atuação responsável de todos que utilizam os ambientes online. E essa responsabilidade se dá nos diferentes níveis e áreas de atuação. Desde aqueles que atuam exclusivamente com a segurança da informação e que irão definir os procedimentos e ferramentas de proteção, até os usuários de todo e qualquer ponta dos sistemas disponíveis”, argumenta.

Ou seja, é necessário manter a comunicação em dia com toda a equipe, alertando sobre os perigos das técnicas citadas acima. Outras recomendações incluem a organização e implementação de regulamentações, recomendações e protocolos. “São formas bastante ágeis de entender o posicionamento de segurança da empresa e os passos a serem executados”, diz Gomes.

Para tanto, o diretor da NetSafe Corp recomenda a contratação de uma empresa especializada para análise de ambiente. “É uma forma de ser bem assertivo nas medidas a serem tomadas e, obviamente, entender que nem sempre uma pessoa responsável por infraestrutura tem o conhecimento necessário para avaliar e colocar em prática as ferramentas e procedimentos para proteção do ambiente”.

Crimes cibernéticos - Otavio Novo

 Novo: é preciso responsabilidade de todos que utilizam os ambientes online

Segurança na hotelaria

Todos esses cuidados são aplicados pelo Hotel Unique, que conta com o Rafael Galan como gerente de Tecnologia. “Conversamos abertamente com os colaboradores sobre o tema, os crimes cibernéticos não podem ser tratados como problemas exclusivos de TI ou SI. Os times têm abertura para procurar a equipe de TI e caso de dúvidas ou sugestões, e até mesmo curiosidade”, contextualiza o profissional.

Além disso, o Unique ainda conta com redes apartadas de wi-fi para uso de colaboradores autorizados, e computadores para uso pessoal dos funcionários no espaço de convívio, evitando que assuntos pessoais sejam tratados em equipamentos corporativos.

Para se proteger das técnicas de golpes que cresceram na quarentena, o empreendimento tomou algumas medidas. “Mesmo durante o período em que o hotel estava fechado, o time de TI seguiu ativo em home office, justamente para monitoramento desse tipo de atividade. Reduzindo alguns tipos de permissões e aumentando o nível de alerta em alguns recursos”, explica Galan.

O gerente também diz que, sempre que possível, o time de TI divide com os demais colaboradores exemplos de tentativas de golpe, como por exemplo os alertas de possíveis golpes pré Black Friday. “Em hotelaria é comum sofrermos abordagens e tentativas até mesmo por telefone. Geralmente se passando por prestadores de serviços de canais de venda ou parceiros de sistema, que geralmente entram em contato via recepção em horário em que o time de TI não está na empresa, de madrugada inclusive”, comenta.

Outro problema é a criação de perfis falsos, que prometem sorteios em nome do hotel. “Mas esses casos são tratados diretamente com a rede social em questão via departamento de comunicação e jurídico”, finaliza Galan.

Crimes cibernéticos - galan

                   Galan conversa abertamente sobre o tema com funcionários do Unique

(*) Crédito da capa: B_A/Pixabay

(**) Crédito das fotos: Divulgação