Definitivamente, a retomada da hotelaria tem animado todo o setor. Aumento de demandas, fluxo turístico voltando ao normal, não faltam motivos para otimismo. Mas, como nem tudo são flores, essa nova realidade também trouxe problemas para o setor. Hotéis com presença em cidades secundárias e terciárias têm tido dificuldades para encontrar fornecedores que atendam à demanda operacional. Assim, vale a pena entender como os empreendimentos estão trabalhando para driblar este cenário.

Marcelo Picka

Picka: capacitar fornecedores facilita operações hoteleiras

Em entrevista ao Hotelier News, Marcelo Picka, diretor do Grande Hotéis Senac, explicou que existem várias estratégias para garantir uma boa cadeia de fornecedores. Uma delas é a capacitação, segundo o executivo. “Acredito que hoje não tenhamos este problema porque fizemos a ‘lição de casa’, o que talvez seja um caminho interessante para o setor como um todo. Investimos fortemente na capacitação de fornecedores regionais, principalmente os de menor porte, orientando para que possam vender de maneira legal, com todas as exigências e certificações”, pontua.

Além disso, o executivo reforça que equipes dos empreendimentos visitam os fornecedores periodicamente, para minimizar o risco de problemas e manter o controle de qualidade. “Adotamos essa estratégia há muitos anos e a temos como um padrão, com fornecedores homologados pela nossa equipe. E essa capacitação também garante que eles vendam para outros clientes, sempre acompanhando o mercado”, finaliza.

Outras perspectivas

Maurício Oliveira, gerente geral do Hot Beach Resort (SP), reforça que fornecedores não capacitados podem afetar a qualidade final do produto ou serviço. “Por isso, manter e nutrir a base de conhecimento de fornecedores é um dos elementos cruciais para dar um passo em direção à redução de falhas e otimização de processos”, afirma.

“Todos os fornecedores precisam estar alinhados com as políticas, regulamentos e outras métricas relevantes de qualidade. Além disso, você precisa alinhar as suas expectativas à capacidade de entrega deles. Neste momento, apostar na capacitação é extremamente importante, pois garante aderência aos seus padrões e processos”, avalia.

Neste sentido, o executivo destaca que comprar de fornecedores locais é uma vantagem porque, além de fortalecer a economia local, aumenta as chances de expansão dos negócios e a demanda de mão de obra. “Além disso, é uma estratégia que diminui os custos com logística. Se você compra de um fornecedor próximo à sua empresa, gasta menos com transporte e armazenamento. É uma relação de ganha ganha importante para todos, o que garante maior visibilidade de toda a cadeia de suprimentos para os departamentos de compras e áreas de gestão”, conclui.

Com o objetivo de driblar desafios como a inflação, que tem impacto direto no preço de insumos, o Hot Beach Parque & Resorts desenvolveu um portal de compras compartilhadas, baseado no mercado eletrônico. O objetivo é que as transações sejam realizadas em um ambiente de alta performance, no qual a informação é estrategicamente compartilhada, garantindo agilidade, produtos e serviços com qualidade e bons preços.

Mario Pio, gerente geral do Wyndham Olímpia, destaca que o fato de o empreendimento estar localizado próximo a um polo econômico significativo – São José do Rio Preto – garante acesso a fornecedores e parceiros de todos os portes. “Mesmo assim, é imprescindível que eles conheçam a cultura organizacional e padrões de serviços internacionais. Neste sentido, ao iniciar uma nova relação comercial, sempre apresentamos a cultura da Wyndham Hotels & Resorts para que o serviço seja entregue com a excelência que esperamos”, ressalta.

O executivo aponta ainda que o benchmarking ainda é uma das melhores alternativas para garantir uma boa cadeia de fornecedores. “Fazer parte do grupo ativo de hoteleiros é fundamental para trocar experiências, impressões, bons resultados e fornecedores. Além disso, apostar nos fornecedores locais também é sempre interessante, pois ajuda a fortalecer a economia da comunidade em que estamos inseridos. Dessa forma, é indispensável trabalhar sempre com transparência e feebacks constantes, além de promover capacitações, que são a chave de tudo”, complementa.

Complementando o raciocínio de Picka, Oliveira e Pio, Gabriela Schwan, CEO da Swan Hotéis, diz que desenvolver uma cadeia que supra às necessidades de forma coerente é fundamental. “Hoje, também percebo que há dificuldade no fornecimento de tecnologia. Não podemos depender somente de fornecedores grandes, tanto para produtos, quanto serviços. Por meio de consultoria, temos um conselheiro externo que tem acesso a fornecedores do Brasil e exterior, captando e desenvolvendo. Estamos atuando em diversas frentes”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Swan Hotéis