Com efeito do Covid-19, receita da Accor cai no 1º trimestre
23 de abril de 2020Receita da rede francesa caiu 15,8% no 1º trimestre, somando € 768 milhões
Como esperado, o impacto do coronavírus já se refletiu nos resultados financeiros da Accor. No primeiro trimestre, a receita global da rede francesa recuou 15,8% frente igual período de 2019, somando € 768 milhões. RevPar global cedeu 25,4% na mesma base de comparação, sendo 62,6% apenas em março. Na América do Sul, a diminuição observada no indicador foi menor (11,2%), mas reflete a “atraso” do início da proliferação da pandemia no continente frente a outras regiões. Um retrato mais fiel dos efeitos do Covid-19 por aqui será mais visível no próximo trimestre.
Ainda em relação ao RevPar, o indicador teve quedas mais expressivas nas regiões Ásia-Pacífico (33,7%) e na Europa (23,2%) e América do Norte (22,2%). Na análise por países, China (-67,7%) registrou a maior variação negativa no trimestre, mas o mercado local já dá sinais positivos de reação. França, onde 75% dos hotéis da companhia foram fechados, apresentou 22,4% de recuo no indicador. Outros países centrais na Europa, muitos deles com implementação do chamado lockdown, também viram o índice cair em dois dígitos, casos de Reino Unido (-22,1%), Alemanha (-24,5%) e Espanha (-29%).
Accor e os hotéis
Para o primeiro trimestre, a Accor estima recuo de € 170 milhões no Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês). O valor reflete o fechamento gradual da maioria de sua carteira de hotéis a partir de março. Segundo a rede francesa, 62% das unidades estão com operações suspensas globalmente até 22 de abril, somando mais de 3,1 mil unidades. Ainda assim, a empresa inaugurou 58 empreendimentos ao longo dos três primeiros meses de 2020, resultado considerado satisfatório diante do momento atual de incertezas econômicas em função da pandemia.
Bazin passou mensagem positiva ao mercado, destacando a solidez da Accor
Em relação ao Ebtida, a Accor ressaltou que a queda observada no indicador incorpora apenas parcialmente os impactos positivos das medidas adotadas internamente no final de março. De acordo com a rede francesa, efeitos positivos dessas iniciativas serão mais visíveis nos próximos meses. Além disso, a empresa estima que abril e maio tendem a ser os momentos de maior dificuldade em 2020, com taxas de ocupação muito baixas e forte incerteza quanto ao relaxamento do confinamento e lockdown, bem como o ritmo de reabertura de fronteiras.
Por fim, a Accor ressaltou que, mesmo diante desses tempos desafiadores, detém uma posição financeira sólida, com mais de € 2,5 bilhões em liquidez disponível e uma linha de crédito rotativa não utilizada de € 1,2 bilhão. “Hoje, nosso desafio é duplo: gerenciar a emergência e preparar a recuperação. O grupo está em uma posição forte para lidar com a situação atual e estamos tomando medidas agressivas para adaptar nossa organização”, diz Sébastien Bazin, chairman e CEO da Accor, acrescentando que a companhia conseguirá absorver as consequências econômicas dessa crise nos próximos trimestres.
(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News
(**) Crédito das fotos: Divulgação/Accor