Casa FloraNeto e Junior estão à frente da empresa que completa 50 anos em 2020

Prestes a completar 50 anos de fundação, a Casa Flora Importadora nasceu da paixão de uma família mineira com descendência portuguesa e italiana pela boa mesa. Criada em 1970, a empresa tem suas raízes oriundas de uma casa de laticínios aberta pelo avô de Adilson Carvalhal Junior e Antonio Pereira Carvalhal Neto, hoje à frente dos negócios.

Do queijo fabricado pelo patriarca em Minas Gerais, a empresa, que antes trabalhava como atacadista para pequenos e médios negócios, consolidou o nome da família no ramo de alimentação. Aberta no Brás, região central de São Paulo, onde está localizada até hoje, a Casa Flora é atualmente uma das principais fornecedoras de comida e bebida para os segmentos de hotelaria, restaurantes e supermercados.

Em 1992, a atacadista se aventurou no segmento de importação, que mais tarde viria a se tornar seu principal negócio. “Começamos a importar depois que o mercado abriu. Aos poucos, fomos nos especializando e deixando o atacado para trás. Criamos um portfólio forte e passamos a trabalhar com marcas próprias e de muitos outros parceiros”, explica Junior, diretor Financeiro e de Importação da Casa Flora.

Divididos nas categorias Vinhos, Alimentos e Bebidas (cervejas, destilados e água), os 1,5 mil itens vendidos são provenientes de 20 países como Chile, Itália, Argentina, Uruguai, Espanha, Portugal, França e Escócia. Só na primeira são cerca de 700 rótulos. Ao todo, 70 marcas internacionais integram o portfólio da importadora, que também possui uma marca própria.

“Identificamos que nossos clientes atendem ao consumidor final e, por isso, precisamos levar todo o tipo de solução para ele. Com este objetivo, a empresa entendeu que, pelo fato de haver muitas marcas nacionais de qualidade, desenvolvemos um portfólio para oferecer também ao mercado como como arroz, palmito, sucos e geleias”, explica Neto, diretor de Vendas e Marketing.

Além da loja e centro de distribuição na capital paulista, a Casa Flora ainda conta com três filiais no Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No total, são 350 funcionários trabalhando nas operações e 180 representantes comerciais – sendo 100 deles atuantes na região Sudeste, principal mercado da empresa. Diariamente, a importadora realiza aproximadamente 500 entregas, despachando o produto em até 24h para clientes no estado de São Paulo.

Democracia na curadoria

A empresa familiar cresceu e, consequentemente, profissionalizou-se. Preocupados em expandir os negócios sem perder a essência, os sócios criaram um comitê de curadoria para decidir o que entra no portfólio. “Temos um head para cada categoria de produtos que faz o contato com os fornecedores mensalmente. Todos os membros do comitê se reúnem para decidir, juntos, o que faz sentido para nós levando em conta a qualidade, o valor e se aquele item agrega. Com a aprovação, incluímos”, revela Neto.

Com demanda de diferentes mercados, a Casa Flora lida diariamente com perfis distintos de clientes. Buscando sempre oferecer novidades, a empresa tenta estar antenado às tendências de mercado. “Recebemos muitos produtos e também vamos atrás de bastante coisa. É difícil um cliente vir com algum pedido específico, então fica por nossa conta apresentar o que chegou. Temos que ser proativos e propor”, comenta o diretor Financeiro.

Com a constante mudança no comportamento do consumidor, os empresários buscam sempre estar em contato com fornecedores, participar de feiras e ficar atentos ao mercado internacional. “Os produtos têm um ciclo de vida. Dependendo das tendências incluimos ou retiramos itens. É preciso entender que o consumidor muda, o paladar se altera. Sentir o mercado é um ponto importante”, afirma Junior.

Entre as marcas encontradas no portfólio da Casa Flora, alguns dos destaques estão a cerveja alemã Paulaner, vinhos argetinos Nieto Senetiner e massas de fabricação italiana Paganini. “Para nós, a mesa é importante. As pessoas, os produtos, a comida e a bebida. É isso que levamos para nossos representantes. Queremos que eles tenham a mesma sensibilidade e, dessa forma, encontrar soluções para cada tipo de cliente, sejam restaurantes, hotéis, mercados ou lojas especializadas”, garante Neto.

Um dos galpões da Casa Flora no bairro da Brás em São Paulo

Demanda hoteleira

Desde o início, a importadora se relaciona com o mercado hoteleiro e, ao longo das últimas cinco décadas, a empresa acompanhou de perto das mudanças e necessidades do setor. “A hotelaria sofreu uma expansão violenta de 25 anos para cá. Muitos hotéis de alto padrão foram construídos e, neste cenário, tivemos que nos adaptar e acompanhar o crescimento das demandas”, relembra Junior.

A empresa transformou seu portfólio na medida em que o segmento foi se tornando mais exigente. “A Casa Flora já tinha uma ligação com esses clientes e, com as mudanças, passamos a oferecer outros produtos pensando na solução que poderíamos encontrar para a cozinha”, afirma Neto.

Atualmente, a importadora atende a 500 hotéis espalhados pelo Brasil. Entre os clientes estão grandes redes como Accor, Hilton, Hyatt, Transamerica, Fasano e Senac. Segundo o diretor Financeiro, a tradição da empresa no setor facilita o relacionamento. “Normalmente, as pessoas que atuam em um determinado cliente já trabalharam em outros hotéis que nós fornecemos. Isso nos coloca em uma posição de transmitir segurança e qualidade quanto aos nossos produtos”, comenta.

Com um time de sommeliers, a companhia ainda realiza ações, como degustações em clientes, com o objetivo de divulgar os produtos e ainda incentivar a cultura do consumo que tem o hotel como canal, além de promover treinamentos para colaboradores. “Criamos um movimento para chegar, via nossos clientes, ao consumidor final. Também promovemos treinamentos periodicamente”, garante Neto.

O mercado hoteleiro representa 10% do total de clientes da Casa Flora que, apesar de parecer de pouca relevância dentro do cenário completo, significa um importante canal de faturamento da empresa. “Trabalhamos com as maiores redes do mercado. É complicado ver um crescimento maior do que esse”, diz Junior.

A importância do A&B

Dentro deste cenário, a Casa Flora sabe da importância que desempenha no mercado hoteleiro. Com o amadurecimento do A&B, firmar parcerias com fornecedores de confiança pode garantir a satisfação do cliente. “Nos últimos anos a gastronomia evoluiu como um todo e isso chegou também nos hotéis. Não é uma cozinha simples e percebemos que os clientes estão cada vez mais exigentes e preocupados em elaborar um bom menu com uma carta de vinho de qualidade”, destaca Junior.

“Uma refeição ruim é um ponto crítico para um hóspede. É impressionante o critério que os hoteleiros têm para homologar os produtos, pois eles sabem o quanto o consumidor está ligado à gastronomia”, complementa Neto.

Para 2019, a expectativa é encerrar o ano com incremento de 10% na receita e começar os preparativos para as comemorações de 50 anos. “Foi um ano bom, porém difícil. A oscilação cambial nos afeta muito, tivemos que nos esforçar para vender”, revela Junior.

Sobre os planos para o futuro, o diretor de Vendas reforça o viés familiar da empresa e afirma que a importadora está em constante renovação. “Temos o objetivo e estratégia de não deixar de ser um negócio familiar, mas colocando o equilíbrio profissional. Evoluímos para conselho, fazendo com que outras pessoas possam vir a agregar e isso nos renove para os próximos 50 anos”.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News