Com o agravamento da pandemia, o índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) volta a cair em abril. De acordo com levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a queda mensal foi de 2,5% frente março, quando houve recuperação. Em ponto percentuais, o alcance foi de 70.7 pontos, pior nível desde novembro – 69.8 pontos.

Na série histórica de abril, conforme apresenta a CNC, a queda foi a pior. Em relação ao mesmo período em 2020, por exemplo, a retração registrada chegou a 26,1%. Ao presidente da entidade, José Roberto Tadros, a incerteza na economia brasileira, atrelado às restrições na circulação e fechamento de comércios foram os principais responsáveis disso.

“É um momento de oscilação. Isso se reflete no orçamento familiar, já que a pandemia, somada à lentidão da vacinação, gera pessimismo e cautela no consumo”, explica. Além disso, o executivo cita a imunização em massa como grande instrumento para que a economia volte a crescer e a confiança seja retomada.

Há alguns dias, outra pesquisa da entidade também registrou as dificuldades do setor hoteleiro em meio a crise. Em 2020, segundo a CNC, mais de três mil hotéis fecharam as portas definitivamente no Brasil por conta da pandemia.

CNC: empregos, renda e consumo

Quanto a sensação de segurança no emprego, a maior parte dos entrevistados (33,2%) respondeu que se sente tão segura quanto em 2020. O número é maior do que no mês anterior (32,7%) e em abril passado (27,8%).

Por outra ótica, a maior parte das famílias (53,3%) demonstra perspectiva profissional negativa. É o maior percentual desde novembro de 2020, quando o índice chegou a 54,5%. Na série histórica, em abril de 2020, a porcentagem foi de 42,5%.

Nos indicadores de renda e consumo, a maioria das famílias informou uma renda pior do que em 2020. O percentual chegou a 41,3% ante 40,3% em março deste ano. No que diz respeito a consumo, o mesmo grupo de entrevistados considera que o nível foi menor este mês (59,9%) do que ano passado (46,9%).

“Dessa vez, o mercado de trabalho também refletiu a incerteza das famílias em relação ao enfretamento da crise econômica. Mesmo assim, no que se refere ao curto prazo, permaneceu como o maior indicador do mês. As famílias voltaram a apresentar desconfiança em relação às medidas tomadas pelo governo e à velocidade com que a recuperação econômica vai acontecer”, complementa Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC responsável pela pesquisa.

(*) Crédito da foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas