De acordo com levantamento recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), cidades com vocação para turismo e produção de commodities estão entre as que mais geraram empregos nos últimos 20 meses. A pesquisa foi realizada com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Entre os municípios brasileiros, foram considerados aqueles cujo mercado local empregava, em junho de 2020, pelo menos 10 mil trabalhadores formais. Assim, foi criado um ranking com os 20 primeiros.

Entre as cidades com potencial turístico que aparecem no ranking, destacaram-se Porto Seguro (BA), com crescimento de 52% (10.019 empregos); Vacaria (RS), avançando 44% (7.164); Araruama (RJ), com alta de 39% (5.019); e Ipojuca, subindo 37% (7.452).

José Roberto Tadros, presidente da entidade, afirma que os reflexos negativos da pandemia foram mais duradouros no conjunto de atividades que compõem o setor de turismo. Já no caso das commodities, ele pontua que a criação acelerada de postos de trabalho representa uma resposta à retomada econômica em 2021. Neste segmento, a cidade de Canaã dos Carajás (PA) aparece como grande destaque, com maior variação de ocupações no mercado de trabalho formal no período (66%).

Em 2020, o setor de turismo apresentou resultados negativos por sete meses, eliminando, em termos líquidos, mais de 500 mil postos de trabalho entre março e setembro daquele ano. “Considerando o atual contexto econômico, decorrente do arrefecimento da crise sanitária, é natural, portanto, que as atividades turísticas apresentem maior potencial de regeneração que a maioria das demais atividades econômicas”, avalia Tadros.

Retomada desequilibrada

Ainda de acordo com dados do Caged, no quadrimestre encerrado em junho de 2020, a diferença entre admissões e desligamentos no mercado formal acumulou saldo negativo de 1,7 milhão de empregos. Na ocasião, o país vivia a fase mais crítica da pandemia, com retrações econômicas que chegaram a 19,6% na produção industrial. Em momentos distintos, também foram observadas quedas dos volumes de vendas no comércio (-19,3%), nas receitas dos serviços (-18,5%) e turismo (-69%).

Já a partir do mês seguinte, iniciou-se um processo contínuo de retomada no nível de ocupação profissional. O acúmulo de vagas geradas observou saldo positivo de 4,4 milhões até fevereiro deste ano – número que equivale a crescimento de 12% em relação à quantidade formal de trabalhadores observada em junho de 2020.

Fabio Bentes, economista responsável pela pesquisa da CNC, destaca que a recuperação de empregos formais não aconteceu de forma homogênea. Entre os municípios brasileiros, 59% fecharam 2020 com mais admissões que desligamentos de trabalhadores nos respectivos mercados. Em 2021, esse percentual avançou para 86,2%.

“Além das cidades turísticas, os municípios com vocação para produção de commodities tendem a continuar em evidência no cenário da oferta de emprego ao longo de 2022, na medida em que já havia uma tendência crescente de pressão sobre a cotação desses produtos com o início da recuperação econômica global, porém acelerada a partir da deflagração do conflito no Leste Europeu”, ressalta.

Bentes observada ainda que, após a criação de 2,7 milhões de vagas em 2021 – ano em que a economia avançou 4,6% – a perspectiva de alta do PIB (Produto Interno Bruto) – de 0,5% – deverá levar à geração de menos postos de trabalho. Neste cenário, a CNC saldo positivo de 1,61 milhão de vagas formais para este ano. Somente em fevereiro, já foram criados 328,5 mil novos postos de trabalho formal no setor de serviços, no qual os segmentos de turismo e hotelaria estão inseridos.

(*) Crédito da foto: Agência Brasília